Crítica | Eduardo e Mônica é uma imersão no clássico de Renato Russo

Filme inspirado no sucesso de Legião Urbana, entrega tudo e mais um pouco ao contar a história do casal mais famoso da música brasileira.

E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração…”, e quem iria dizer que depois de tanta espera, finalmente podemos ver o clássico “Eduardo e Mônica” nas telonas do cinema! O filme inicialmente programado para sair no ano de 2020, chegou no dia 20 de janeiro na programação dos cinemas brasileiros.

E digamos que chegou arrasando os corações do público! O filme, para os antigos fãs, é um mergulho profundo nos versos da música! O roteiro parece se apropriar de todo o essencial no romance escrito por Renato Russo e acha espaço para, genialmente, criar nas suas entrelinhas.

Já para o público que foi ao cinema apenas afim de assistir um romance, nem tanto por causa do grande sucesso “Eduardo e Mônica”, provavelmente também saiu encantado das salas de cinema. A verdade é: Tudo nesse filme é carismático o suficiente para encantar fãs e não fãs.

História envolvente e nostálgica

Se mantendo muito fiel à letra do Legião Urbana, o filme narra a história do casal que tinha simplesmente tudo para dar errado, afinal, ela era de leão e ele tinha 16, não é? O jovem garoto Eduardo se encanta pela Mônica, uma estudante de medicina um tanto mais velha, e mesmo os dois sabendo que era improvável que desse certo, se entregam ao lindo e um tanto conturbado romance.

Quer dizer, Mônica não se entrega logo de cara. O que rende, com toda certeza, uma das melhores cenas do filme! Quem não se apaixonaria de vez se um crush subisse no palco e cantasse “Total Eclipse of the Heart” para se declarar? Pois foi o que Eduardo fez ao ver que Mônica não estava muito convencida a investir no relacionamento. Essa cena é de arrepiar, e é absurdamente emocionante ver o sorriso dela cada vez maior ao se comover com a declaração do garoto.

Como em todas relações, nem sempre é fácil… e além de momentos lindos, acabam aparecendo desafios para o jovem casal. O roteiro é tão sensível que o publico sofre junto em todas as brigas. E sofre profundamente, pois entre Eduardo e Mônica é tudo muito intenso. Juntos tentam superar as diferenças e os impasses na relação.

O que chama muita atenção também, é o tom político que o roteiro consegue dar ao filme. Mônica é ativista e filha de pai comunista, o que acaba sendo um desafio no dia a dia do casal, pois o vô de Eduardo, de quem ele é muito próximo, é um ex militar. O tom do filme faz jus às letras do Legião Urbana e até ao próprio Renato Russo, que era claramente um artista político.

Alice Braga e Gabriel Leone, como Eduardo e Mônica.

Personagens e atores cruciais

A escolha dos atores era com toda certeza, uma das coisas mais cruciais para o sucesso do filme. Achar alguém que fosse condizente com o imaginário coletivo que os fãs tinham dos personagens, talvez fosse uma tarefa difícil. Mas Alice Braga e Gabriel Leone provaram por A+B que são sim o casal perfeito que aparece no clássico.

Num primeiro momento, antes do filme ser lançado, chega a ser um pouco estranho pensar em Alice Braga contracenando ao lado de Gabriel Leone, respectivamente como Mônica e Eduardo. Apesar de serem grandes atores muito queridos pelo público, não pareciam ter potencial para serem O casal perfeito juntos.

Grande engano! Nas primeiras cenas já é fácil se apaixonar pelo carisma de Gabriel Leone. O sorriso de canto, as covinhas e os gestos fofos, compõe sensivelmente uma imagem perfeita para o personagem. O roteiro, junto com o ator acertaram em cheio nas escolhas para criar um Eduardo muitíssimo querido pelos telespectadores.

Além também, da caracterização perfeita que foi realizada: As roupas, acessórios e o cabelo que foram mudando conforme o tempo passava no filme, foi mais um acerto da direção da obra.

Alice Braga, assim como Leone, entregou uma atuação fascinante! Na música, como os fãs devem lembrar, Renato Russo diz que Mônica era do signo de leão. Já no filme em nenhum momento esse fato é citado. Mas também não é preciso! A atriz entrega nos gestos e no modo de falar, uma personagem claramente leonina. Óbvio que tem uma mãozinha do roteiro também, já que as falas são muito consistentes e também nos levam a crer numa Mônica de leão.

A atriz, que já é internacionalmente conhecida, deixa claro mais uma vez que é dona de um talento inegavelmente belo e gigantesco.

Juntos então, nem se fala! A química é incontestável! Não tem como não torcer para o casal ficar junto. Assim como Eduardo diz no filme, é impossível não lembrar de Mônica quando se pensa em Eduardo, e vice-versa.

Muito boa também, foram as atuações dos atores coadjuvantes. Quem se destaca muito é o Inácio, amigo de Eduardo, interpretado pelo aclamadíssimo Victor Lamoglia. Vamos falar a verdade, não tem filme e série ruim com esse ator!

Alice Braga, René Sampaio e Gabriel Leone em ensaio fotográfico.

Uma grande trilha sonora, para um grande filme

A trilha sonora do filme é um espetáculo a parte! Ela traz referências aos anos 80 de forma muito assertiva. O rock and roll brasiliense presente no filme, costura muito bem a sensação de se estar vivendo naquela época e naquele ambiente. Vivemos toda a história junto com os personagens; é uma imersão!

A trilha traz clássicos como Titãs, The Clash, The B-52s, a-ha, Tim Maia e até músicas do próprio Legião Urbana. Também é possível ouvir melodias da música “Eduardo e Mônica” soltas e espalhadas durante o filme, mais uma das coisas que tem a plena capacidade de arrepiar.

Bichos Escrotos, dos Titãs. Música que compõe a trilha sonora do filme “Eduardo e Mônica”.

Nota da autora: 100/100

Total
0
Share