A banda Aquino lançou em outubro seu segundo álbum, intitulado “Nada Fica Muito Tempo Exposto ao Sol”, reafirmando sua capacidade de inovar e misturar estilos musicais que já se tornaram sua marca registrada. O trio, composto por Leandro Bessa, João Vazquez e João Soto, impressionou pela primeira vez com o disco de estreia, “Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã”, lançado durante a pandemia. Agora, com o novo álbum, eles voltam ainda mais maduros e confiantes em suas escolhas estilísticas.
O processo de criação do novo trabalho começou em 2020, com a maior parte das composições sendo finalizadas entre 2021 e 2022. A banda viveu intensamente nesse período, principalmente na casa de um dos integrantes, onde passaram a refletir sobre suas experiências pessoais e referências musicais. “A gente estava junto, vivendo muito, pensando nesses lugares…” disseram sobre o processo.
Quando a pandemia começou a recuar, o trio aproveitou o convite para abrir o show da banda Grilo no Circuador e iniciou as gravações do novo álbum. “No começo de 2022, foi nosso primeiro show, então foi uma experiência muito massa,” lembram. O primeiro show da Aquino aconteceu com a banda Kino, e o Circuador foi o terceiro. A partir daí, eles começaram a ganhar visibilidade, participando de diversos eventos e festivais ao longo de 2022. “Foi um ano cheio de shows. Começamos a sair daquele cubículo, e tinha esse disco na malha, que foi amadurecendo,” refletiram sobre essa fase.
O contato com o selo Bolo de Rolo e com o projeto Rock On Ball foi crucial para a banda, permitindo que eles se conectassem com outras cenas musicais e artistas de diferentes regiões do Brasil. “Foi quando conseguimos nos situar e conhecer muita gente. Agora a gente se sente parte da parada.”
Durante a gravação do novo álbum, Aquino decidiu que queria um trabalho mais maduro e autêntico. O trio, que havia lançado o primeiro disco quando ainda eram muito jovens, estava agora mais consciente do que desejava criar. “A gente fez o primeiro disco com 17 anos, e quando lançamos, já estávamos de saco cheio,” explicam. Desta vez, o objetivo era trazer para o novo disco todas as vivências acumuladas durante a pandemia e o período pós-pandemia, além do que aprenderam ao fazer shows e interagir com o público. “Pegamos toda essa bagagem que ganhamos no pós-pandemia e jogamos tudo nos arranjos.”
A direção visual do álbum foi uma exploração à parte, resultado de uma colaboração entre a banda e a diretora de arte, Marina Pellegrini. Juntos, buscaram referências que dialogassem com a estética da rave e do techno, estilos em evidência na cena de São Paulo. “A gente começou a juntar referências que estavam nesse universo meio plástico, eletrônico,” disseram sobre a inspiração visual.
O vermelho, cor predominante na estética do álbum, foi uma escolha proposital para criar um contraste interessante entre imagem e som. “Essa coisa vermelha que agride é quase um potencial artificial,” explicaram, ressaltando a discrepância consciente entre a intensidade visual e a sonoridade da banda. Para o trio, mesmo num cenário musical onde os singles e EPs predominam, é fundamental que uma banda em ascensão lance álbuns completos. “Para uma banda que está começando a se introduzir na cena, é essencial lançar um disco completo,” afirmam, reforçando a importância de um trabalho mais coeso e profundo.
Quanto ao futuro, Aquino não tem uma visão clara, mas vê isso como algo positivo. “A verdade é que não fazemos a menor ideia do que nos espera. Essa é a primeira vez que estamos em um momento tão aberto. Antes, tínhamos uma visão clara do que queríamos, mas agora queremos apenas aproveitar o momento.” O álbum reflete muito sobre idealizações, tanto as da banda como as individuais de cada integrante. Lançar o disco em vinil é um desejo latente, uma mídia pela qual o grupo tem grande apreço. “Seria incrível lançar em vinil,” disseram, deixando clara a importância que dão à materialidade da música.
Tocar em grandes festivais está entre os sonhos do trio. Eles mencionam que festivais como o Primavera Sound são ideais para a banda, pelo ambiente de troca artística e pela oportunidade de compartilhar experiências com outros músicos. “Tocar em um festival desse porte seria incrível para nós,” comentam, deixando claro o desejo de expandir suas apresentações para palcos internacionais.
Ao falar sobre o nome Aquino, eles recordam que a escolha foi espontânea, inspirada por um quadro de um pintor mineiro que um dos integrantes possuía. Com o tempo, o trio foi simplificando tanto o nome quanto sua sonoridade, refletindo a evolução natural de quem são hoje.