Entrevista: The Aces acelera com novo álbum e se prepara para turnê

O disco “I’ve Loved You For So Long” vai para a estrada com canções sobre amor próprio, traumas religiosos e crescimento.

Mergulhadas em um som indie-nostálgico, o quarteto queer de Utah abriu o coração para libertar vulnerabilidades e compor canções de amor, reconhecimento, desabafos e auto descobertas que inspiraram o primeiro álbum de estúdio da banda. Apesar do “primeiro disco” chegar ao mundo só agora, em 2023, Katie, McKeena, Alisa e Cristal estão produzindo há bem mais tempo, com o primeiro single “Volcanic Love” tendo estreado em 2016.

De lá para cá, não foram poucos os sacrifícios e concessões que as meninas fizeram em prol da banda. Em entrevista exclusiva para o escutai, conversamos sobre a jornada, a criação, o conceito e as expectativas pela turnê – que vai viajar dois continentes e com mais datas a serem anunciadas.

The Aces por Julian Burgeño para AGTW

Para dar o pontapé inicial no papo, quero saber: I’ve Loved You For So Long, em português “Eu te amei por tanto tempo“, o título do álbum e do primeiro single – é um ótimo nome e que remete a nostalgia que sentimos com o som da banda. De onde veio e como ele amarra o conceito do álbum?

Alisa Ramirez, a baterista da banda, conta que a ideia surgiu e ressoou de cara com todas as outras integrantes: “No início seria um álbum autointitulado, porque o álbum era tão pessoal para todas nós que fazia sentido ele ter o nome da banda. Pouco tempo depois, achei que seria melhor cada uma pensar em alguns títulos para termos opções… Depois pensei nesse nome [I’ve Loved You For So Long]: ele cabe na sonoridade [nostálgica] e é um título tão sentimental…”, explicou Alisa.

“Fazia tanto sentido com os temas do disco, explorando ao máximo a nossa história e nossa juventude, enquanto nos entendemos como adultas… Mas além disso é também uma história sobre amor próprio e aceitação, então… Achamos que esse título e a canção representavam tão bem que nós acabamos nem cogitando outros nomes, esse fez tanto sentido que ficou logo de cara. É o que o álbum significa mesmo, uma carta de amor para nós mesmas, para nossas versões mais novas…

Pergunto então sobre essas histórias, o amor próprio e as aventuras que elas abordam nas faixas, temas como traumas religiosos e como isso pautou o crescimento e as relações familiares que as cercaram durante a vida. Cristal Ramirez me explica: “O engraçado de compartilhar seu trauma, sua história, é que começa como algo que você precisa colocar pra fora. Não foi premeditado, tipo, ‘precisamos falar disso para as pessoas se identificarem’. Começa com a gente: Eu comecei a ter ataques de pânico [durante a pandemia] e não sabia de onde vinha. Quando comecei a escrever, tive que olhar para trás na nossa infância e entender. Eu estava no armário, era super religiosa, apavorada pelo meu futuro. Todas nós éramos mulheres oprimidas por esse contexto religioso, e vivíamos com dúvidas: nós podemos ser essa banda? Nós vamos sair da nossa cidade natal? Nós estamos fazendo a coisa certa? Tinha tanta pressão para saber quem a gente era, o que ia acontecer com a nossa carreira…

Indo além, Cristal nos explicou como cantar e produzir músicas ajudou nos processos mais difíceis, tanto durante seu crescimento quanto no período da pandemia: “Escrever essas músicas foi uma forma de expressar e tentar achar um alívio da ansiedade e dor de todo o trauma religioso que ficou na nossa infância, precisávamos curar isso para seguir em frente, e escrever foi isso. Quando o álbum ficou pronto pensamos “uau, esse trabalho pode realmente ajudar as pessoas”, como algumas bandas que eu amava me ajudaram quando eu era pequena… Mas você só percebe depois, como ficou muito poderoso e como poderia ser um conforto e um lugar seguro para pessoas que precisassem. E aí isso aumentou: como podemos espalhar isso, ir além da música para criar mais ambientes seguros para as pessoas queer?

The Aces por Julian Burgeño para AGTW

E é justamente quando falamos em ambientes seguros e acolhedores para as pessoas queer que pergunto sobre os planos da turnê da banda, que começa ainda esse ano. McKeena é categórica: “Nunca estivemos tão animadas para uma turnê como estamos para essa. Estamos loucas para ver os fãs, saber quais músicas eles mais curtem e se identificam, agora vamos para seis ou sete países que nunca estivemos, além de tocar shows maiores nos Estados Unidos e as futuras datas em países que ainda não podemos contar mas que virão aí. Estamos msesmo muito animadas para conhecer esses lugares que nunca estivemos, e claro, estamos tentando ir para o Brasil!

E se falamos de Brasil, claro que pergunto se elas tem algum recado para os fãs da banda no país. “Nós amamos vocês, a nossa primeira fan account foi a “The Aces Brasil”, lá em 2016 ou 2017… Nós sempre soubemos que os fãs do Brasil são os mais apaixonados do mundo, então estamos contando os dias para conhecer vocês e tocar num show para nossos fãs aí!”

The Aces por Julian Burgeño para AGTW

Mal podemos esperar para receber a banda aqui no Brasil, com seu indie-rock delicioso e nostálgico e todo o carisma que as meninas entregaram na entrevista.

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