New wave, disco e baião se encontram em um EP que se posiciona efusivamente em prol da liberdade artística. Levantando a bandeira contra toda forma de censura e a favor da ocupação das ruas com arte, a banda goiana Guerrilha dos Coelhos Mutantes lança seu novo EP “Arte Proibida” pelo selo Milo Recs.
Quarteto originário da cena punk, a Guerrilha dos Coelhos Mutantes une em suas canções um balaio de influências indo do punk original até ritmos nordestinos, funk setentista, catira, ska, grunge e ritmos caribenhos em algo que eles denominam como calango beat. O grupo consolida mais de 10 anos de estrada com esse lançamento.
“Quando decidimos produzir esse novo trabalho, pensamos na ideia da censura e estabelecemos um conceito a partir daí. O objetivo era não deixar esquecer como a arte já foi proibida no passado”, conta o vocalista e baixista Gabriel Vitorette.
Além dele, a banda é formada por Ângela Vitorette (voz), Danilo Brito (bateria) e Filipe Aguirre (guitarra). A Guerrilha começou em 2007 e teve sua evolução sonora e criativa feita a partir das mudanças que passaram.
A banda surgiu com a união dos três amigos Gabriel Vitorette, Yorrans Miranda e Renan Dias. A partir daí, a Guerrilha dos Coelhos Mutantes começou a compor suas músicas e tocar em alguns festivais underground de Goiânia. O amadurecimento dos músicos e as trocas de formação foram agregando cada um dos ingredientes que fez a banda de garotos punks adolescentes se tornar um somatório de regionalismos com orgulho e com forte fator girl power. Desde 2017 consolidada na sua formação, a Guerrilha lançou um EP homônimo dois anos atrás e agora divulga seu novo trabalho pelo selo Milo Recs.
“Esse EP representa um novo ciclo para nós, um ápice de maturidade sonora e política. É um lançamento de fato da Guerrilha e do seu conceito estabelecido, depois de um longo período de metamorfose. Ali está tudo que somos, nossa vivência, o que acreditamos, nosso amor, nosso ódio, o que queremos ser e o que queremos fazer”, conta Gabriel.
O EP conta com quatro faixas inéditas e explosivas com produção musical do próprio Gabriel realizada no Tremendão Lab (exceto bateria, gravada no Estúdio Resistência).
Faixa-a-Faixa por Gabriel Vitorette
Arte Proibida: Ela não leva o nome do EP à toa. Ela é praticamente a síntese deste projeto. Queríamos fazer uma singela homenagem à cultura que mais se tornou a voz das ruas no globo, que é o hip hop. Fizemos de uma maneira que contamos nossa própria história, a forma como a cultura emana dos becos do centro aqui de Goiânia, o rap, o pixo, o graffiti, a arte de rua, a arte proibida.
Dança com Lobos: Quando compus essa música, minha intenção era dar um grito em prol da liberdade, a “Dança com os Lobos” na verdade pra mim é uma dança com a liberdade. Eu quis também brincar com algumas limitações, camuflar a verdadeira intenção da música através de metáforas e indiretas, uma forma de homenagear os grandes artistas que tiveram que usar desta tática para passarem despercebidos pela censura na época da ditadura militar.
Saco de Lixo: Quando compus, tinha intenção de retratar o linguajar goianiense. Essa música é a que tem mais características regionais e ao mesmo tempo temas bem cosmopolitas, que, de certo ponto de vista, representam muito a cultura que emana de Goiânia – uma metrópole conectada ao mundo e ao mesmo tempo cerceada pelo regionalismo do centro do Brasil.
Ruas têm Voz: Foi no dia seguinte a um show que fizemos em um festival de rap que aconteceu numa das clássicas praças desertas e abandonadas da cidade. Tinha amanhecido com uma melancólica nostalgia, porque aquela praça me fez lembrar dos rolês que ia quando moleque e acabei lembrando dos vários amigos que não sobreviveram às intempéries da guerra não-declarada do crime e ao mesmo tempo dos amigos que conseguiram centralizar suas dores na forma de arte.
“Arte Proibida” já está disponível em todos os serviços de streaming de música.