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Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa traz nostalgia remodelada com carinho e respeito

Cercado de teorias e uma expectativa imensa, o terceiro longa do aracnídeo do Tom Holland cumpre com o que todo mundo esperava

Desde sua aparição curta mas absurdamente empolgante em “Capitão América: Guerra Civil”, até o divertido primeiro filme dessa atual fase do Homem-Aranha, Tom Holland soube encantar e preparar um novo tipo de universo que copiosamente dentro da Marvel nunca ganhou espaço para se permitir dar errado.

Primeiro: o personagem é o mais querido da história dos quadrinhos, e maravilha seres de todas as idades. Segundo: o ator encaixou como uma luva em toda a ingênuedade e juventude que Parker emana. Terceiro: a Marvel sabe como construir histórias que movem as pessoas e as fazem gritar de emoção. Esses são três ingredientes que resultaram em uma mistura apenas espetacular durante os outros dois filmes, e nesse terceiro ato, faz toda uma nostalgia retomar ao peito dos fãs, e ainda promover com a mão no peito uma dose de começo para quem chega agora, ou para aqueles que começaram a acompanhar o amigo da vizinhança nessa onda de filmes.

É extremamente óbvio que todos os materiais de divulgação esconderam “bem” o que “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” em mais de duas horas conta com muito calor. Sem entregar detalhes e surpresas, a narrativa desse longa gira em torno da descoberta da humanidade sobre a identidade de Peter. Com todo o assédio e as pessoas mais próximas ao personagem sofrendo consequências severas, o herói decide evocar o Mestre das Artes Místicas para um feitiço que faça todo esse alvoroço nunca acontecer. Como de se esperar do garoto, na hora que a magia entra em ação, Peter mexe com o funcionamento do ritual e abre uma fresta no tempo provocando uma colisão entre universos. Quem viu “What If…?” sabe o quão isso é problemático.

Problemas se dão por todas as partes, e como é habitual, o Aranha decide colocar mais deles na pilha. Desde o primeiro momento que Parker dá de cara com o segundo contratempo, e no primeiro embate com o icônico Doutor Octopus (reinterpretado por Alfred Molina através de uma paixão que se exala por todos os lados) é possível compreender que Jon Watts almeja que o admirador mais antigo sinta-se abraçado, e aquele que está chegando agora, entenda a importância de abraçar tais personagens, histórias e vivências já mostrados. Todo esse contexto espalha-se com clemência por aqui, e é apenas fenomenal o que torna os outros vilões dentro desse fio narrativo, a problemática para que possamos entender que o Cabeça de Teia é um dos personagens mais bem escritos e importantes não só do MCU, mas de todos os tempos. Reunir tais ideias e convicções em um único filme é refrescante e honestamente, excpecional, digno de não encontrar em nenhum outro lugar. Sem contar pela execução muito bem lapidada de todo esse alvoroço, que torna a situação emocionante.

Dentre a galeria de vilões vista aqui, quem ganha um maior enfoque é o Duende Verde. Toda a comoção para fazê-lo gerar um maior emaranhado de linhas é válido e muito bem sucedido; não só pelo fio que ele queima e a perspectiva que é gerada por através dele, mas também devido a um Willem Dafoe voraz e caricato. Centrar-se em diferentes nomes para gerar desordem parece um tanto arriscado, porém, aqui esse ideal apenas transparece e desde o primeiro minuto estamos dentro do clímax, sendo o que vem a seguir o clímax do clímax. Felizmente, as quase duas horas e trinta minutos é convenientemente adequada para toda a enorme confusão (mesmo que uns 10, 20 minutos fariam uma certa diferença, pouca, mas fariam), onde é permitido sentir, presenciar e desejar por mais.

Tom Holland situa-se em um mundo só seu como o amado personagem, é quase como pegar um objeto no ar com sua teia, sempre mantendo a postura e a confiança. O ator mantém firmeza no seu papel de maior sucesso e reflete com um cuidado máximo o que tal demanda exige. É possível sentir uma certeza estrondosa em absolutamente todas as partes de maiores necessidades que a história demanda, seja nos momentos de drama (que possuem uma voltagem excelente e fazem basicamente todos chorarem onde isso é necessário), diversão, ação ou naqueles mais sérios. Zendaya ganha mais momentos íntimos com sua ótima MJ; Jacob Batalon parece ficar ainda mais espirituoso em sua função cômica; Benedict Cumberbatch como sempre, mostra um mago mordaz.

Para um terceiro longa, que lá no seu interior possui camadas para reverberar a ideia de despedida (até por ser o último de uma trilogia), “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” decide seguir um caminho único e especial de colocar somente agora aqueles aspectos que tornam Peter Parker em Peter Parker. Na resolução, é apenas impossível ver tal decisão com negatividade ou até considerar isso em algum momento um má escolha, afinal, tudo que é colocado em prática e em teoria aqui é grandioso e rico para estabelecer um novo olhar sobre um personagem que já ganhou ínumeras visões. E queira ou não, aqui, a ideia que persiste é a de chorar com o velho, abraçá-la, dizer adeus, e então, agradecer pelo novo.

Nota do autor: 80/100

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