Crítica | Britney Spears, “In The Zone”

Britney Spears é e sempre será um nome extremamente amado na música, e deixou seu legado com alguns dos maiores hits da história.

Quando pensamos em grandes hits do pop americano, nos vem nomes gigantes e que contribuíram muito pra história do gênero: Beyoncé e sua ‘Crazy In Love’, Madonna e ‘Vogue’, Cher e ‘Believe’ e assim sucessivamente. Entretanto, pra quem cresceu nos anos 2000 e assistia programas musicais, especialmente na MTV, tem uma lembrança muito clara: Britney Spears de aeromoça e em uma roupa cheia de diamantes cantando sobre um cara perigoso e um amor tóxico.

É impossível falarmos da música americana e ter a Britney passando despercebida. Um dos pilares da construção do pop, a artista teve seu ápice musical no começo do século XXI, batendo recordes e até entrando para o Guinness Book como a artista mais jovem a vender mais álbuns ao redor do mundo. É seguro afirmar que ela é uma das maiores influências do gênero, visto os impactos que seus maiores hits – como …Baby One More Time, Oops!… I Did It Again e I’m a Slave 4 U tiveram na época em que foram lançados, e que ainda tem um peso enorme até hoje, indiscutivelmente.

Entretanto, a música de mais sucesso de Spears se encontra no In The Zone, responsável por trazer seu primeiro Grammy na categoria Best Dance Recording. Toxic faz tão parte do imaginário popular e da cultura norte-americana que recebe covers novinhos em folha todo ano, e é comparada por muitos ao maior hit da considerada rainha do pop, Madonna e seu Vogue.

A própria Toxic, por si só, anunciaria o que viria futuramente no álbum: uma mistura de gêneros e influências. Contando com um sample de Tere Mere Beech Mein, uma música indiana usada em Bollywood, Toxic traz sintetizadores pra criar um som único e original, digno do ápice que a Britney Spears vivia em sua trajetória musical e responsável por alavancar ainda mais uma carreira que mostrava indícios de já ser consolidada.

Além de Toxic, o In The Zone também conta com um featuring muito amado por fãs do pop americano. Madonna e Britney se juntam pra entregar, com muita qualidade, a faixa Me Against The Music, com influências gritantes do hip-hop e do funk, especialmente em sua construção melódica, mas tendo como seu gênero principal o dance. Como um embate entre as duas, a canção é construída com Britney mais sussurrando do que cantando, o que cria uma atmosfera sexy, compatível com o teor do álbum e soando como uma excelente música de abertura e sintetizadora do seu tema principal. As vozes de rainha e da princesa do pop combinam perfeitamente, mas a música tem seu ápice na bridge com a Madonna.

E, dentro dos destaques do álbum, temos a balada mais amada por fãs e não-fãs da Britney, Everytime. A música ganhou muito destaque por ser supostamente uma resposta à Cry Me a River do Timberlake, seu ex-namorado, mas poderia ter o sucesso que tem por si só. Everytime tem a voz de Britney de forma bem suave e até sussurrante em alguns momentos, como se acalentando o ouvinte e persuadindo-o a perdoá-la. É uma das músicas de maior maturidade da carreira da cantora, mostrando um lado não-usual da Britney que já era conhecida.

Entretanto, o In The Zone, por ser um álbum com tanta mistura de gêneros e por ser tão influenciado por outros movimentos musicais, acaba soando quase confuso. Começamos ouvindo hip-hop e funk, passamos por Touch Of My Hand que tem elementos do Oriente Médio, The Hook Up que conta com um reggae, e Brave New Girl – que pra mim é a pior do álbum e uma filler quase que óbvia – que parece algo que a Hannah Montana cantaria em sua série.

Britney Spears é e sempre será um nome extremamente amado na música, e deixou seu legado com alguns dos maiores hits da história.

Porém, esse é também seu ponto fraco: ao criar músicas tão fortes e marcantes, a grande maioria das faixas avulsas do álbum não conseguem acompanhar sua qualidade. O In The Zone tem canções que soam completamente datadas e destoantes da genialidade musical das três faixas destaque, mas mais especificamente de Toxic. Entretanto, é impossível falar que o In The Zone é um álbum previsível, e esse é o ponto da Britney: ela é uma força imparável e inesperada, e por isso se manteve e se mantém presente sendo a artista completa que sempre foi.

Nota da autora: 67/100

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