A nova série teen da Netflix, é antes de qualquer coisa, uma produção que nós brasileiros devemos nos orgulhar e muito. Digo isso, não por conta de elenco ou das músicas, mas por Julie and the Phantoms (2020) ser uma adaptação de uma obra brasileira, a Julie e os Fantasmas (2011).
A série brasileira que foi ao ar na Band e na Nickelodeon, era uma produção musical de Rick Bonadio e agora, foi adaptado pelas mãos de Kenny Ortega – o mesmo que criou High School Musical. A história segue o mesmo enredo, com a jovem Julie encontrando o álbum de uma banda antiga e liberando os espíritos para tocar com ela. Mmas na nova versão, conhecemos alguns outros dramas, mudanças de personagem e muita (mais muita!) música e dança.
Com um elenco muito jovem e extremamente competente, Julie and the Phantoms traz as meninas Madison Reyes, Jadah Marie e Savannah Leey May soltando suas vozes, e os meninos Charlie Gillespie, Jeremy Shada e Patrick Joyner, que interpretam a banda Sunset Curve, mostrando uma união incrível. Cheyenne Jackson ficou encarregado de ser o visão Caleb dessa nova adaptação, e não decepcionou.
Logo quando damos play (1×01 – Wake Up), conhecemos os meninos da Sunset Curve, cujo maior objetivo de suas carreiras é tocar no The Orpheum Theatre, em Los Angeles (cidade onde acontece toda a série). Já de cara, conhecemos o som de Luke (Gillespie), Reggie (Shada), Willie (Joyner) e Bobby, mas após o ensaio geral, os amigos saem do teatro para comer um cachorro-quente e… morrem.
No salto temporal, a série pula para 25 anos depois do acontecimento, agora se passando em 2020. Conhecemos Julie (Reyes), uma menina que tem um talento enorme para música, mas se afastou do microfone e do piano após a morte de sua mãe, sua maior inspiração. Quando resolve mexer na garagem para uma limpeza, ela descobre o CD da Sunset Curves e ao dar play faz com que o espírito dos meninos da Sunset Curve apareçam e o enredo começa a tomar forma.
Com o passar dos episódios, entendemos que a série vai contar a trama de forma linear, o que se torna fácil de compreender e acaba nos surpreendendo com revelações e plots.
Flynn (Marie) tem alguns momentos que garantem grandes gargalhadas, principalmente quando tenta se conectar com os fantasmas (a dublagem também melhora e muito as piadas), isso também serve para Carlos (Sonny Bustamente) – o irmão de Julie, que acredita que é uma “caçador de fantasmas” e consegue o melhor susto da série, quando um dos meninos decide apoiar sua “caça” e acaba assustando a tia de Carlos.
A série traz assuntos como amizade e sexualidade, de uma maneira muito bem cuidadosa e simplista, como o arco de Alex e Willie, o espírito que ensina como se portar com os corpóreos (como são chamados os vivos) e também os apresenta à Caleb, o vilão. Temos cenas de muito amor, no lado mais simples da palavra e parceira.
Ainda sobre os meninos da banda, temos grande destaque para o Alex, que com o passar dos episódios entendemos qual era a relação dele com sua família, e como ele se sente culpado por ter morrido sem ter se despedido. A música ‘Emily’, é uma das faixas mais emotivas de toda temporada, e que apresentou também um solo simplesmente lindo. Além disso, vale se atentar na cena do cachorro-quente existe um easter egg que no final faz todo sentido.
A rivalidade de Carrie (May) com Julie é uma das maiores ponta soltas, infelizmente. Sabemos que as duas foram amigas quando criança, mas o real motivo da rivalidade entre as duas (ou só por parte de Carrie) não foi explicado nesta temporada. O destaque agora, foi para Bobby – o pai de Carrie, que era baterista da Sunset Curve há 25 anos atrás.
Os relacionamentos familiares são um ponto de destaque na série, a tia de Julie é uma figura e alívio cômico bem acertado na história, e quando mostra o relacionamento dela com Ray (Carlos Ponce), mostra a dificuldade de se colocar como pai e tia na criação de Julie e Carlos.
Para os fãs de musicais, a série é:
Incrível! Em todos os episódios encontramos de duas a três faixas totalmente integradas no roteiro. Mas, o destaque maior, vai para Caleb (Cheyenne) que com seus números grandiosos no hotel, nos faz lembrar e muito de grandes peças musicais da Broadway. Como ele mesmo diz, bem-vindo ao outro lado de Holywood.
É claro que os momentos musicais de Julie também são excelentes. Mesmo sabendo que ao cantarem juntos, os fantasmas irão aparecer, nos deixa ansioso para a entrada dos meninos. Sem mencionar da harmonia incrível entre os 4 quando contracenam e contam, combinação perfeita das vozes.
É nestes momentos, que fica notório a relação de Julie com a música, todas as faixas ela inicia melancólica e tímida com o piano, mas é só a banda entrar, que vemos a Julie como uma verdadeira popstar.
O que é de uma série teen sem um casal pra gente shippar?
Muito que bem, em Julie and the Phantoms não é diferente… Aqui nós temos a paixão de Julie por Luke e Luke por Julie, mas no meio do caminho, também encontramos o Nick (Sucha Carlson) (que formaria um belíssimo casal), só não contamos que ele é ex da Carrie – e é também a maior das maiores pontas para a segunda temporada.
A reviravolta final de Julie and the Phantoms abriu e muito os caminhos para uma segunda temporada (que até o momento, não foi confirmada), com o show de encerramento que uniu Julie com a banda, temos um grande show e momentos em família – mas, a ansiedade bate na nossa porta e fazemos o quê? Claro que abrimos!
Bobby tem um caminho a ser apresentado assim como a relação de Carrie com a Julie também deve ser apresentada, mas nada melhor que o ganho de Caleb e Nick – que mostram que podemos ter muita música no próximo ano.
Julie and the Phantoms é uma série teen extremamente musical, que trouxe para a Netflix uma temática que aborda diversos assuntos do universo adolescente de forma cuidadosa e simples, como deveria ser. Sem muita infatibilidade, mas também não inteiramente adulto.
Vale o play. Vale incluir as faixas de Julie and the Phantoms nas playlists de “mood diário” e claro, com muito drama adolescente leve e descontraído. Uma ótima releitura da versão brasileira.