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KAYTRANADA mixa linhas de sons com visceralidade atemporal

O DJ sabe como aplicar sentido como ninguém em obras que exalam sensualidade e uma vontade enorme de ir para a pista de dança

Escutar as cinco músicas mais populares atualmente de KAYTRANADA no Spotify é como uma entrar em corrida em que a linha de chegada não vale mais a pena do que a experiência enquanto se corre. O mais curioso é em como as canções que ultrapassam os anos (a mais antiga a aparecer no ranking é “YOU’RE THE ONE”, de 2016) colocam na mesa batidas que conseguem inflamar a pista de dança em qualquer momento ou qualquer alusão de tempo. Na verdade, é assim que o elétrico som de Louis Kevin Celestin, DJ mais conhecido como KAYTRANADA, parece ser: dono de seu próprio espaço de época.

As batidas do DJ e produtor musical haitiano-canadense, que surgiu em 2010 mas passou a ganhar maior notoriedade em 2013, refletem as luzes mais comuns do ramo da música eletrônica de uma forma esplêndida, mas é focando acima de tudo em como essas batidas serão replicadas na discoball que encontramos um escape certeiro, fugaz e delicioso desse mundo com alguns artistas básicos até demais.

Suas músicas, considerando muito do sexy e super elogiado “BUBBA” (lançado em 2019), parecem ser tecidas em pontos distintos, enquanto isso seria um problema para musicistas, KAYTRA não apenas consegue ligar as linhas de diferentes cores, como também consegue implementar um sentido absurdo nelas. É prazeroso ao máximo poder conferir isso e entender ao decorrer da audição que aquele som é instigante e repleto de logicidade. Vendo por esse ângulo, ele merece todo o possível prestígio, afinal, dentro do mundo da música eletrônica, muitas obras parecem não evocar nada (isso não se limita é claro, a só essa área).

Ao escutar esse seu projeto de estúdio mais recente, é como se uma faixa parecesse ser duas ao mesmo tempo, e não há nada melhor em parar e reparar que era uma única obra, já que a conjutura toda funciona como uma caixa de surpresas em que o resultado é sempre positivo. E isso não se priva somente a esse trabalho, mas vale também para boa parte do seu repertório.

É extremamente visceral escutar a edição só de instrumentais do “BUBBA”, e fazer as comparações de produções com a versão original; é como mergulhar na pista de dança com a vontade mais forte de esquecer tudo ao redor, dom esse que KAYTRANADA possui com muita facilidade; a de imersão usando apenas batidas.

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