Lana Del Rey encanta multidão apaixonada em retorno aos palcos no MITA Festival

Com produção inédita e repertório carregado, a cantora se reencontrou com público acalorado.

Quatro anos longe dos palcos: esse foi o tempo que Lana Del Rey passou sem se apresentar para seus fãs. De lá pra cá, uma pandemia e dois novos álbuns depois, a cantora finalmente subiu ao palco — com bons minutos de atraso — como headliner do MITA Festival.

Com uma intro ao som de “Nature Boy”, de Nat King Cole e instrumental orquestrado que nos lembrou muito a versão do filme “Moulin Rouge”, a apresentação dava seus primeiros sinais. Depois ouvimos uma gritaria quando a cantora deu as caras, e ali tínhamos sinônimos de muitos sentimentos: euforia, saudade, surpresa e até mesmo choque em vê-la sendo “trazida” ao microfone por dois “seguranças”, vestida de Marylin Monroe para cantar “A&W”.

Lana, que nunca se enquadrou na caixinha de cantora pop e sempre fez seus shows de forma mais simples, trouxe uma cenografia inédita em suas apresentações. Além disso, a produção agora foi composta por sete integrantes na banca, sendo três backing vocals e mais seis dançarinas, que revezavam entre correr pelo palco, auxiliar Lana em sua coreografia, passos de balé e interações com o cenário.

Para quem não tem o hábito de acompanhar a cantora, muito da apresentação pode soar fora do lugar: seu “pouco esforço” na coreografia, passos não condizentes com as melodias ou letras, até mesmo alguns objetos cênicos exagerados. No entanto, para quem acompanha as apresentações da cantora há um certo tempo nada ali foi imposto ou arranjado: há alguns anos a artista se apresenta com alguns desses elementos, que só pareceu mais elaborado agora. A persona de aparência melancólica pode até soar desinteressada por quem não tem costume, mas não foram poucas as demonstrações de carinho, emoção, nervosismo ou conexão por parte da cantora.

Todos os elementos de cenografia e coreografia parecem enfatizar a imagem do “old glam” hollywoodiano que Lana sempre trouxe em seu trabalho, como as apresentações em Cassinos e divas problemáticas que sofrem com a fama, relações abusivas e álcool e drogas. Temas inclusive mais presentes nos primeiros álbuns da cantora, mas que ainda conseguem montar um espetáculo interessante para quem é minimamente familiarizado ao conceito.

Seguindo a apresentação com “Young And Beautiful” antes de se ‘desmontar’ no palco, indo da figura de Marilyn para a de uma Lana mais familiar, a cantora pareceu bem nervosa, dando até uma boa tragada no polêmico vape. O nervosismo não durou mais que quatro músicas, quando Lana Del Rey pareceu mais acostumada aos novos elementos do show e principalmente ao público que a aclamava.

Mesclando músicas de todos os seus trabalhos (exceto o ótimo “Chemtrails Over The Country Club“, que não foi representado no show), o setlist fez um bom trabalho em presentear os fãs com algumas das faixas favoritas, bem como um passeio por suas eras e até indo mais afundo, quando a cantora apresentou “Flipside”, faixa presente apenas em edições físicas de alguns países do álbum “Ultraviolence”, que não se encontra nem mesmo no streaming. Sem “Say Yes To Heaven”, seu lançamento mais recente, o show contou com faixas como “Norman Fucking Rockwell”, “Born to Die”, “Ride”, “Venice Bitch” (com elementos do remix com “Taco Truck”, do álbum “Did You Know…)”, “The Grants” e “Video Games”.

Devido à uma lei de silêncio da cidade do Rio e o atraso da cantora, a apresentação que precisava ser encerrada às 22h fez com que a cantora precisasse correr com parte do show, encurtando alguns momentos de diálogo e interação com os fãs. Num momento de rebeldia da cantora, inclusive, ela decidiu cantar três das quatro músicas restantes, ultrapassando o limite de tempo em quinze minutos e deixando de fora apenas a inédita “Bittersweet Anthem” — que talvez ganhará vida nos palcos de São Paulo.

Até lá, nos resta apenas relembrar os excelentes momentos do show que trouxe a artista de volta ao seu público, entregando tudo que os fãs queriam: vocais, coreografias, conceito e uma Lana muito soltinha, que há tanto tempo não víamos nos palcos.

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