Crítica | Machine Gun Kelly, “Tickets To My Downfall”

A carreira do artista, consolidada em seus álbuns de rap, segue um novo rumo após Machine Gun Kelly surpreender com um álbum de pop punk.

Machine Gun Kelly sempre foi conhecido por seu trabalho como rapper, e suas canções sempre se mantiveram em um patamar regular e pouco inovador. O artista nunca escondeu que grande parte de suas influências partem do rock, e essa mescla permitiu que MGK transitasse por diversos gêneros musicais em seus últimos trabalhos. Seu quinto e mais recente trabalho, “Tickets To My Downfall”, é, indubitavelmente, o auge de sua carreira como músico, e a experimentação do pop punk ao lado de Travis Barker, baterista conhecido por seu trabalho na banda Blink-182, atribui ainda mais credibilidade ao álbum.

“Tickets To My Downfall” é um álbum que adiciona ao pop punk diversos elementos vivenciados ao longo dos anos desde a eclosão deste estilo musical, que viveu sua efervescência em meados dos anos 2000. Dessa forma, Machine Gun Kelly revisita o pop punk em sua totalidade, mas não deixa de adicionar elementos aos quais é familiar, como por exemplo o rap e o pop

A sonoridade do álbum é semelhante à da banda Blink-182 – talvez pela presença de Travis Barker como baterista e produtor do trabalho. Muitas – para não dizer todas – as faixas do álbum têm menos de três minutos de duração e contam com refrões de três acordes característicos de Blink-182. Mesmo assim, o projeto de Colson Baker, nome verdadeiro de Machine Gun Kelly, serve como um revival para fãs do gênero, mesmo com as poucas inovações do álbum. As parcerias feitas em “Tickets To My Downfall”, além de Barker, envolvem nomes como Halsey, Trippie Redd, blackbear e iann dior, e acrescentam uma dinâmica envolvente e convidativa ao álbum. 

Em compensação, os dois interlúdios do disco, “kevin and barracuda” e “banyan tree”, cortam o seguimento das músicas inesperada e insatisfatoriamente. Toda a ira evocada pelas temáticas em jogo (términos de relacionamentos, solidão, vícios, questões relativas à morte) são bloqueadas por interlúdios que não conversam diretamente com as canções. Entretanto, esse é um problema que o botão de “avançar” consegue solucionar. 

Além do álbum deslumbrante e saudosista que é “Tickets To My Downfall”, MGK apresenta uma versão expandida do álbum com “Tickets To My Downfall SOLD OUT”, com seis novas canções. A versão deluxe do disco contém parcerias com YUNGBLUD e Bert McCracken, da banda The Used, bem como um cover de “Misery Business”, do Paramore

O namoro do rapper (e agora rocker) com a modelo e atriz Megan Fox colaborou para atrair olhares para o lançamento de seu álbum mais recente – isso porque MGK e Fox engataram em um namoro logo após a separação da atriz de seu relacionamento de 15 anos. As suspeitas do relacionamento começaram a surgir no mesmo período em que MGK lançou videoclipes dos singles de seu álbum (em “bloody valentine”, Fox atua como a namorada do músico). Os rumores do relacionamento foram confirmados posteriormente por ambas as partes do casal em suas redes sociais.

Com “Tickets To My Downfall”, MGK traz novidades para um gênero musical pouco inovador e flexível, e ainda entrega aos fãs seu trabalho mais consistente e animador de sua carreira. O álbum apresenta uma experiência audiovisual para o público com “Downfalls High”, um pequeno filme – e um grande clipe – de todo o disco, que agrega valor transmidiático ao projeto pop punk de MGK. Quase todas as faixas são contempladas no média-metragem, que conta a história de Scarlet e Fenix, interpretados por Sydney Sweeney e Chase Hudson, respectivamente. Os dois atores interpretam um casal adolescente com todas as facetas de um relacionamento vivido durante o ensino médio. Landon Barker, filho de Travis Barker, participa do megaclipe como baterista (assim como o pai) e amigo de Fenix.

Enquanto produto cinematográfico, “Downfalls High” permanece no patamar medíocre de muitos produtos voltados para adolescentes, seja pela estética, pelo enredo ou pela atuação. Entretanto, como parte integrante do projeto maior que é “Tickets To My Downfall”, o megaclipe funciona como uma engrenagem polida e lubrificada, que se encaixa perfeitamente em todo o sistema e faz o universo pop punk de Machine Gun Kelly funcionar perfeita e satisfatoriamente.

Nota da autora: 72/100

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