Crítica | Dividindo opiniões, Mulher-Maravilha 1984 traz uma heroína coesa e bem alinhada com HQs

2º filme solo da heroína comete erros e acertos nivelados, divide o gosto dos fãs, mas entrega uma mensagem profunda e sincera.

Um dos filmes mais esperados de 2020 era Mulher-Maravilha 1894 (Wonder Woman 84), a continuação da história de Diana Prince, que chegou no fim do ano e veio em um período complicado não só para o cinema, mas para o mundo: a pandemia. Contudo, em um momento tão delicado, o contexto principal do filme se encaixou como uma luva e passou uma mensagem sincera de esperança.

Em sua segunda aventura solo, Diana (Gal Gadot), vive nos anos 80, um período colorido, extravagante e musical. A heroína trabalha no museu Smithsonian, em Washington e leva uma vida simples e solitária. É graças ao seu trabalho, que Diana tem acesso ao artefato que molda os vilões do filme: o Cristal do Caos.

Barbara Ann Minerva (Kristen Wiig) e Maxwell Lord (Pedro Pascal), são os grandes antagonistas do filme e se moldam a partir de seus desejos mais profundos – a necessidade de não ser mais menosprezada/invisível e a busca pela admiração e o respeito – que são concedidos pelo cristal mágico. Diana por sua vez, também não é imune aos desejos e assim insere novamente na história seu grande amor, Steve Trevor (Chris Pine). O divertido aqui, além da dinâmica entre Pine e Gadot, é o fato de que ao contrário do primeiro filme, Steve é o “peixe fora d’água” da vez e não conhece nada deste novo mundo.

Uma heroína coesa e bem alinhada com as HQs

Um dos pontos mais fortes do filme, além da mensagem principal, é a construção de Diana, que segue cada vez mais fiel à personagem criada por William Moulton Marston. A Mulher-Maravilha das HQs, foi desenvolvida para se distanciar dos heróis violentos, que resolviam tudo no braço. Sua figura é a de uma mulher que mesmo tendo força sobre-humana, se guia primordialmente pelos valores: verdade, sinceridade e esperança.

A verdade é o principal valor explorado no filme e é responsável pelo sacrifício principal que Diana faz. Em MM84, a heroína apela para que a humanidade coloque seus valores acima dos desejos pessoais – o que conversa muito com o período da pandemia e chega a ser um soco no estômago para quem assiste.

Até que ponto você está disposto a sacrificar o que quer pelo bem outro? Você abriria mão do seu maior desejo para que o desconhecido pudesse viver?

Um roteiro criativo que perde força pelo desenvolvimento apressado.

Um aspecto que decepcionou os fãs, se deu pela escolha “egoísta” que Diana faz no começo do filme, escolha esta, que parece pertinente ao caráter da personagem e sua humanidade. Ficar com Steve é o que Diana sempre quis e o amor é seu desejo e sua vulnerabilidade.

Outro fator questionado, é que a versão adulta de Diana, parece menos corajosa e confiante em suas habilidades físicas, do que sua versão criança – que surge no começo do filme e mostra uma menina que conhece muito bem sua capacidade física e excuta movimentos sem hesitar.

Talvez o problema real do filme seja seu desenvolvimento apressado em alguns aspectos, no caso de Barbara Minerva, por exemplo. A relação entre ela e Diana acontece de forma exageradamente rápida, sem dar muitos subsídios para que a admiração que sente pela heroína se torne inveja e motivo de raiva. No geral parece que a Mulher-Leopardo (personagem importante do universo da Mulher-Maravilha), só surge no filme para oferecer uma oponente física à altura da protagonista.

Ainda assim, Mulher-Maravilha 1984 tem saldo mais positivo do que negativo e enche os olhos de quem gosta da heroína, presenteando os fãs com bons momentos, como a oportunidade de ver (ou não) o jato invisível da amazona e a armadura dourada da HQ ‘O Reino do Amanhã’.

Nota do autor: 75/100

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