Uma carreira que nasceu no funk, um disco pop que rendeu uma turnê de sucesso e uma reviravolta que mudou sua carreira. Dessa forma podemos descrever um, muito breve, resumo da trajetória de Ludmilla, uma das cantoras mais influentes no cenário nacional atualmente.
A personalidade natural de Duque de Caxias, município localizado no estado do Rio de Janeiro, cresceu cercada pela música. Em 2012, iniciou sua carreira pelo nome artístico “MC Beyoncé” através de um canal no Youtube e seu primeiro sucesso logo veio à tona. “Fala Mal de Mim” levou a cantora de funk para a mídia. Em 2013, seu primeiro single, “Hoje“, fez com que Ludmilla conquistasse o estrelato.
A mistura de pop e funk na sonoridade da cantora abriu as portas para um caminho que nem ela mesmo podia esperar. Desde então, o talento da duque-caxiense se provou versátil e muito bem aceito por todos os públicos. A prova disso, foi sua descoberta num gênero majoritariamente masculino. O pagode.
O nascimento do Numanice e suas conquistas
Meses antes da pandemia em meados de 2020, no momento em que estava prestes a vivenciar a mudança mais avassaladora de sua carreira, Ludmilla visitou uma apresentação do grupo Vou pro Sereno numa roda de samba e foi convidada a subir no palco para cantar. Depois desse dia tudo mudou. Os surpreendentes vocais da cantora se encaixaram perfeitamente em mais um ritmo brasileiro.
Após a apresentação não planejada, a cantora foi pressionada por uma grande demanda e se viu na obrigação de ceder. Em 2021, a primeira edição de seu maior sucesso chegou às plataformas entitulado de “Numanice (Ao Vivo)“. Sem saber que se tornaria um grande fenômeno, a gravação do disco aconteceu ao lado de grandes nomes do pagode como Sorriso Maroto e Thiaguinho.
Conquistando cada vez mais demanda, o “Numanice #2” (segunda edição, também aclamada e muito bem recebida pelo público) chegou no ano seguinte apenas com canções autorais e foi campeão do Grammy Latino 2022 de Melhor Álbum de Samba/Pagode do Ano, sendo a única mulher concorrendo na categoria.
Atualmente, além de ser a primeira cantora negra da América Latina a alcançar a marca de 1 bilhão de streams no Spotify, a estréia do Numanice já soma mais de 150 milhões de streams na plataforma.
Até hoje, os frutos do sucesso de seu tão querido projeto crescem cada vez mais. Em turnê, Ludmilla levou o show para lugares como a Apoteose no Rio de Janeiro, onde reuniu 33 mil pessoas num evento histórico e televisionado. Já numa edição mais recente, ainda em 2023, que aconteceu no Estádio Nilton Santos, a cantora de 28 anos quase dobrou seu próprio recorde: o espetáculo trouxe mais de 60 mil pessoas ao estádio em terras cariocas.
O que, de fato, transformou o Numanice num fenômeno tão aclamado por todos?
Exalando humildade, Ludmilla Oliveira da Silva, cantora, compositora e multi-instrumentista, sempre valorizou suas raízes. Sua família, seus ideais e sua personalidade permaneceram autênticas ao longo de todo seu trajeto ao estrelato.
Em 2019 a cantora assumiu sua bissexualidade e seu relacionamento com a dançarina Brunna Gonçalves. Desde então, a representatividade LGBTQ+ se fez cada vez mais presente em suas letras. Considerando a majoritariedade do sexo masculino, Ludmilla estabeleceu um novo nível no pagode ao cantar abertamente sobre seu amor em letras tão conhecidas, enquanto utilizava pronomes de acordo com sua própria realidade. Essa junção aproximou um público ainda mais diverso que passou a se identificar com suas canções.
Pequenas atitudes, assim como essas, foram o ponta-pé para criação de um espaço seguro no universo Numanice. Os admiradores do pagode carioca, que cresceram sem conseguir se identificar com letras predominantemente heteronormativas, hoje se sentem abraçados ao gritar as composições dramáticas (e até mesmo as alto-astrais) de uma artista tão aberta sobre sua própria vida e sexualidade.
É claro que tudo isso se torna apenas um detalhe quando relembramos o talento e versatilidade da cantora que não tem medo de se aventurar quando o assunto é sua maior paixão: a música. Tudo isso em conjunto se torna um motivo único pelo qual o Numanice é um dos maiores projetos musicais já feitos no cenário brasileiro.
Enquanto colhe os frutos de um trabalho árduo, Ludmilla lançou seu quinto álbum de estúdio “VILÔ em março deste ano, se aventurando no pop, trap e funk. A cantora também inicia seus projetos internacionais em colaborações como “No_se_ve.mp3” com a cantora argentina Emilia e o hit “Socadona” com Mariah Angeliq e Mr. Vegas, que está presente em seu disco mais recente.
Quais serão as próximas surpresas?