Antes de mais nada, deixo claro que este review tem pontos de conexão afetiva e histórica com quem escreve, afinal, o filme original (Rei Leão de 1994) foi o que construiu a infância de uma geração – assim como a minha.
Partindo do roteiro, o novo O Rei Leão não vem com mudanças ou inserção de momentos chaves (assim como acontece em Alladin), temos o mesmo roteiro e construção dos personagens, que já conhecemos, mas já a direção de Jon Favreu é de longe, um divisor de águas – tanto para a Disney, como para o cinema.
Anunciado como um live-action sem humanos, a Disney no entregou uma preciosidade em construção e efeitos visuais, o novo Rei Leão constrói em imagens computadorizadas o que podemos dizer que é a “realidade na savana”. O ponto com maior dificuldade, como a construção de sentimento e um fio condutor na narrativa, é solucionado com maestria (mesmo tendo ressalvas – confira abaixo), ao contrário de “Mogli – O Menino Lobo”, onde nós tínhamos um humano que trazia sentimento e emoções, em O Rei Leão, os animais tiveram essa grande missão.
Mufasa (James Earl Jones, de “Rogue One: Uma História Star Wars”) precisa defender seu reinado e tudo aquilo que depende dele para sobrevivência. Junto de seu amor, Sarabi (Alfre Woodard, “Capitão América: Guerra Civil”) geram a continuação do seu reinado e apresentam para todos, em cima da Pedra do Reino, diante de todos que vivem na região. Porém, a ausência de Scar (Chiwetel Ejiofo, “O Menino que Descobriu o Vento”), irmão do rei, que não estava na cerimônia. A confusão é levada por ele, por conta da ganância de Scar e tudo isso cria um plano para destruir o rei e seu novo príncipe, que o substituirá por ordem natural, envolvido com as hienas, desenvolve um grande plano de execução de sua maldade.
Atacando diretamente Simba (com a versão adulta vivida por Donald Glover, da série “Atlanta”), que passa um longo momento vivendo contra o seu luto e passado, chegando a conhecer Timão (Billy Eichner, “Angry Birds: O Filme”) e Pumba (Seth Rogen, “Casal Improvável”), um suricato e um javali – que de longe, roubam a cena e dão todo lado cômico (muito maior que a versão original) e nos fazem acreditar que de fato, os animais na savana conversar entre sí e da mesma forma.
Com o passar das cenas e a quantidade de animais desenhados e produzidos, é possível ver alguns movimentos repetidos (atentem-se as girafas, ok?) e a busca minuto a minuto pela veracidade dos animais e seus efeitos – que trazem os sentimentos pelos movimentos da sobrancelha, o franzir de testa, movimentos da cabeça (o sorriso de Simba realmente faz falta? sim!).
E a música? Temos o Rei Leão de arrepiar?
A trilha sonora que também veio com sua base original, é o que constrói a conexão com o lado afetivo da animação, afinal, é impossível não sorrir quando começa “Hakuna Matata” e “I Just Can’t Wait to Be King”, já começamos o filme todo arrepiado com “Circle of Life” e “Can You Feel the Love Tonight”, na voz de Beyoncé.
Esta versão, chegou com mais 29 minutos da original e a inserção de alguns (pequenos!) momentos e imagens que não tínhamos na original, o que de fato é possível perceber de mudança é a inserção da canção “Spirit”, cantada pela Beyoncé, que é utilizada em momentos de transição – o que, infelizmente, desvaloriza e muito o poder da faixa.
Agora vamos ser realistas, o novo O Rei Leão, foi feito para dar posicionamento mercadológico da Disney, uma vez que eles trouxeram algo novo para o cinema, não só pela estética da produção como o poder de mostrar a narrativa sem humanos. E sim, é um filme que vale e muito o ingresso – e se possível, nas salas com melhores tecnologias de som, de som*, melhor o som* e imagem.
*a repetição da palavra é para ênfase na qualidade de som, que a Disney trabalhou e muito, respeita!