Em tempos de ignorância, a Parada do Orgulho LGBTQ+ de São Paulo trouxe muita militância, show incrível e muita história para contar
No último domingo, dia 23, deste mês de Julho, aconteceu a Parada LGBTQ+ de São Paulo, considerada uma das maiores do mundo. O Trajeto deste ano percorreu o circuito clássico dos anos anteriores, seguindo Avenida Paulista, passando pela consolação e terminando no Vale do Anhangabaú.
Durante todo trajeto, foram entoando palavras de ordem contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PSL)
“Esse ano eu fiz questão de vir, porque eu acho que é o ano da gente celebrar a alegria, a paz – mais do que a tolerância -, a empatia, o direito de estarmos todos juntos, em paz, alegre, celebrando o direito de cada um ser com é. Então eu acho que esse é um ano da gente pensar menos em divisão e mais união. E celebrar a alegria de estarmos juntos, celebrando orgulho e não a vergonha” disse Regina Volpado ao começo do andar dos trios
A concentração se iniciou às 10 horas na frente do MASP (Museu da Arte de São Paulo) quem estava por lá, pode acompanhar os vários pedidos de casamento que aconteceu sob o trio ONG APOGLBT SP. Esse ano a Parada foi composta por 19 trios elétricos com muitas atrações, entre elas; Melanie C das Spice Girls, Gloria Groove, Luísa Sonza, Karol Conka, Iza, Aretuza Lovi e Pocah foram algum dos grande nomes que levantaram a multidão de 3 milhões pessoas.
A apresentadora de Amor & Sexo da Globo, Fernanda Lima, foi mais uma vez a madrinha da festa e subiu ao trio elétrico junto com a mestre de cerimônias Tchaka.
“Três milhões de pessoas representando milhões de cidadãos e cidadãs lésbicas, gays, bissexuais, travestis e trans que todos os dias acordam, saem de casa, vão trabalhar, consomem, geram receita, pagam boletos, cuidam de seus filhos, de seus pais, de suas famílias. Milhões de brasileiros que seguem sendo abusados, discriminados e assassinados apenas por serem quem são. Esse ano celebramos 50 anos do marco zero dessa revolução por direitos para a comunidade LGBTQ+. Aqueles e aquelas que vieram antes e abriram caminhos para que hoje a gente possa estar aqui. Não há existência sem visibilidade e hoje, com a permissão de vocês, me incluo nessa comunidade para dizer: a gente existe! E resiste. E re-existe!
Que esse dia seja de celebração, mas também de consciência: a luta se estende pelo ano inteiro. Não pararemos de lutar por direitos para todes. Porque não seremos livres até que todes sejam!” declarou a apresentadora em sua conta oficial no instagram.
A grande rebelião de Stonewall
Antes de falarmos da Rebelião em si, devemos lembrar que na época (lá em 1960) os policiais sempre faziam batidas em bares LGBTQ+, já que era proibido vender bebidas alcoólicas pra comunidade – logo, bares LGBTQ+ eram clandestinos. Todo mundo ia preso: o gerente, os bartenders, pessoas que estavam no local e “tinham o comportamento não esperado para o seu gênero. Essas batidas costumavam começar cedo, porém em uma noite quente de verão a polícia apareceu por volta das 1h20 da manhã, ligou as luzes, verificou as identidades de quem estava ali e mandou todos para fora, mas já havia gente na rua por causa do calor. O que aconteceu foi que as pessoas não deixaram o local, ficaram na entrada do bar e comemoravam conforme seus amigos saíam – estavam se divertindo. E uma série de coisas ocorreu nessa noite: uma drag queen, ao ser pega pela polícia, revidou e acabou apanhando; uma mulher lésbica resistiu à prisão. O que aquela noite teve de diferente foi o revide da comunidade LGBT contra a opressão policial, e isso se prolongou pelas seis noites seguintes.
Agora, precisamos parar e olhar para esse episódio segundo o contexto da época: desafiar as autoridades era típico do momento, mas a organização da comunidade pra canalizar rapidamente a energia e a raiva resultantes desse processo foi essencial para que lembrássemos de tudo o que foi e ainda é Stonewall.
Esse ano o Escutai esteve junto a 23ª Parada LGBTQ+ de São Paulo e pode vivenciar a história do evento mais de perto, conversando com todos que estavam presentes e com os artistas que estavam lá. A política e memória foram as principais vozes dessa “grande festa”. Vimos de perto a história ser contada para as 3 milhões de pessoas presentes naquele dia e vimos pessoas LGBTQ+ ganharem voz e terem seu palco para falar, mostrar que o Orgulho não é só em um mês, ele acontece sempre e em todos os dias do ano.
Este ano agradecemos a ONG APOGLBT e aos patrocinadores oficiais da Parada SP por toda atenção e cuidado que tiveram com a gente, em especial a Amstel e Avon por terem nos proporcionado uma experiência incrível e garantido toda segurança ao decorrer do evento. Vocês são incríveis e contem com a gente pra tudo.
No nosso instagram você pode conferir mais de perto como foi a 23ª Parada do Orgulho LGBTQ: