Com décadas de carreira nas costas, P.O.D. pode ter tido seu maior auge em tempos passados, mas a personalidade que a banda coloca em cada projeto os faz ser uma prova de como uma banda pode transitar entre sonoridades e ainda manter o estilo que os tornou tão conhecidos. O quarteto sempre pensou muito bem na hora de lançar qualquer música, mas ninguém melhor que os fãs entende que a forma como a banda soube determinar exatamente para onde iria em cada passo foi o que os fez ter os pés no chão. Hits como “Youth of the Nation” e “Alive” são músicas que qualquer adolescente que viveu uma das grandes eras musicais da finada MTV Brasil sabe reconhecer logo nos primeiros segundos.
Porém, para quem se distanciou do que P.O.D. fez após o sucesso do disco “Satellite” em 2001, é bom saber que há muito o que ouvir e aproveitar ainda. É interessante citar o grande momento da banda para também apontar que ótimos trabalhos não são algo raro na carreira. “Murdered Love” de 2012 e “Circles” de 2018 são outras adições poderosas na discografia. Apesar da banda também ser conhecida pela fé e pela visão religiosa de seu vocalista, Sonny Sandoval, isso não parece afastar tanto quanto as pessoas possam se identificar com suas músicas. Inclusive, entrevistas com os membros, principalmente aquelas com o guitarrista Marcos Curiel bastante falante, são ótimos adendos para entender como eles não deixaram o tempo ditar como deveriam se comportar musicalmente.
Para quem tem pressa em se atualizar com o P.O.D. atual, o disco “Veritas”, lançado este ano, é um dos melhores momentos da banda. “Drop” e “I Got That” são dois exemplos de músicas que têm a mesma energia dos primeiros projetos da banda, mas que também aperfeiçoam o que o trio sabe fazer de melhor. A qualidade do trabalho não foi surpresa para quem sempre esteve acompanhando o que eles faziam, e sendo esse o primeiro disco de inéditas em seis anos, é possível se surpreender positivamente ao perceber que o som está diferente, soando mais P.O.D. do que nunca. A voz de Sonny parece nunca se esgotar, e os anos que passaram trouxeram até um ‘charme’ maior para a forma como ele a usa, deixando os toques de nostalgia surgirem na cabeça de quem ouve.
A banda, formada em 1992 em San Diego, Califórnia, não teve o icônico baterista Noah Bernardo presente desta vez, já que, segundo o próprio, havia a necessidade de tirar um tempo da banda. O clima não parece ter ficado ruim, com ele e outros membros reiterando que um hiato pessoal pode fazer muito bem para o relacionamento entre os integrantes. P.O.D. ocupa um espaço de banda que focou mais em crescer dentro dos próprios trabalhos, em vez de ser exemplo de artista que busca desesperadamente novos caminhos. Aqui, um dos melhores elementos é justamente o quanto os lançamentos vêm tendo um desempenho que deixa claro o quanto a sintonia entre os membros guiou um som forte e que ainda tem muito a mostrar pelo caminho.
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P.O.D. se apresenta no domingo, dia 20 de outubro, no KNOTFEST Brasil.