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Pedro Almodóvar: 7 filmes essenciais para conhecer o diretor

Conheça obras essenciais do cineasta Pedro Almodóvar, marcadas pela fusão vibrante de cores, emoções e tramas ao explorar a condição humana

Filhas que casaram com o ex da mãe, freiras grávidas, padres abusadores, repórteres sensacionalistas, homens e mulheres explorando suas sexualidades. Essas são algumas das intrigantes personagens construídas pelo diretor espanhol Pedro Almodóvar ao longo de seus 23 filmes e mais de 40 de carreira. Por trás de cada uma delas, seu estilo e estética únicos exploram temas universais que envolvem desejo, identidade, traumas e relações humanas.

Considerado um cineasta completo, Almodóvar dirige, roteiriza, produz e eventualmente atua. Aos 74 anos, o espanhol é fruto da contracultura de seu país, um dos grandes nomes do movimento conhecido como Movida Madrileña. Na bagagem, prêmios que vão desde Oscars, Globos de Ouro, Prêmios BAFTA, Cannes, Goya, até honrarias e inúmeras indicações. 

Entre suas obras mais elogiadas, “Tudo sobre minha mãe” (1999), “Fale com ela” (2002) e “A Pele que habito” (2011) traduzem a engenhosidade de seus filmes. Muito antes de Judith Butler popularizar discussões sobre sexualidade e gênero, Almodóvar já o fazia de certa forma. Desde os anos 1970 vem sendo amado e odiado pela sensibilidade ao retratar personagens marginalizados como gays, travestis e mulheres independentes de forma não estereotipada.

Seus roteiros são conhecidos por seguirem estruturas não-lineares e complexas, em tramas que se cruzam e desembocam em finais inesperados. Para isso, se utiliza de recursos narrativos como flashbacks, múltiplos pontos de vista, humor ácido e uma pitada (grande) de melodrama.

Já o uso de cores vibrantes e cenários kitsch trazem personalidade e são pontos de reconhecimento que ajudam a traduzir emoções e complementar a atmosfera intensa das histórias. A autorreferência e a metalinguagem também são importantes. Pedro Almodóvar adora brincar com a própria vida, referendar seus filmes e o cinema de modo geral. Ele conquistou respeito em Hollywood sem precisar se render ao inglês (até recentemente, pelo menos), incorporando traços da cultura espanhola.

Gosta de cinema e se interessou por conhecer mais a obra do diretor espanhol? Então pega a caneta ou o bloco de notas do celular porque separamos, em ordem cronológica de lançamento, 7 filmes para conhecer o diretor Pedro Almodóvar.

Mulheres à beira de um ataque de nervos (1988)

Primeiro grande sucesso de Pedro Almodóvar, “Mulheres à beira de um ataque de nervos” (1988) vem após mais de uma década lançando curtas e longas-metragens. Essa primeira fase é marcada por obras como “Labirinto das paixões” (1982), “Maus hábitos” (1983) e “A Lei do desejo” (1987). O período é caracterizado também por um aspecto que se tornou comum em sua obra: as parcerias com atrizes, a descoberta de musas. Nesse caso, Carmen Maura como sua primeira colaboração de longa data.

A história segue Pepa, uma atriz que entra em crise após ser abandonada por seu amante, Iván. Enquanto tenta desesperadamente contatá-lo, seu apartamento se transforma em um cenário caótico com a chegada de vários personagens excêntricos. Entre eles, sua amiga Candela, que se envolve em problemas com a polícia, e Lucía, a ex-esposa vingativa de Iván. O filme explora temas como amor e traição com um toque cômico bastante evidente.

Disponível pelo Prime VideoNetflix

Carne Trêmula (1997) 

Lançado em 1997, “Carne Trêmula” marca o início da parceria longeva de Almodóvar com a atriz Penélope Cruz. Antes de se tornar uma de suas musas, a artista já era fã do cineasta e, inclusive, havia tentado uma ponta no filme “Kika” em 1993. Ela contou ao jornal britânico The Guardian como se sentiu ao conhecer a obra do diretor, aos 14 anos, ao assistir “Ata-me” (1990). “Mudou muitas coisas na minha vida.” Soube imediatamente que atuar era o que queria”, disse.

A atriz tem uma passagem curta no filme, interpretando Isabel Plaza Caballero, a mãe de Victor Plaza, um um jovem que, após um incidente violento, é preso e acaba mudando a vida de várias pessoas. Quando sai da prisão, ele descobre que David, o homem que ele acidentalmente paralisou, casou-se com Elena, a mulher envolvida no incidente. Na trama, amor, vingança e redenção ditam o curso do filme.

Disponível pelo Prime Video e Netflix

Tudo Sobre Minha Mãe (1999)

Muitos dos filmes do diretor espanhol surgem de outras obras de sua filmografia, ou se complementam de alguma forma. “Tudo sobre minha mãe” (1999), por exemplo, tem origem no filme anterior, “A flor do meu segredo” (1995). A ideia saiu da cena que traz estudantes de medicina sendo treinados para convencer famílias enlutadas a doar os órgãos para transplantes. 

Em “Tudo sobre minha mãe”, Manuela, uma mãe solo, perde seu filho único de 17 anos em uma situação inusitada: correndo para pegar o autógrafo de uma atriz. Na sequência dos fatos, Manuela vai a Barcelona procurar “o pai” de seu filho, a travesti Lola, que não sabe que tem um filho. Antes disso, ela encontra sua amiga Agrado, também transexual, e por meio dela, conhece Rosa, uma jovem freira que está indo para El Salvador. Em um episódio do acaso, acaba se tornando assistente da atriz que seu filho admirava, Huma Rojo.

O filme explora temas de maternidade, perda, identidade de gênero e redenção em uma homenagem às mulheres e suas histórias de vida. São tantas camadas melodramáticas que deixaria qualquer fã de dorama em êxtase. 

Disponível pelo Telecine e Prime Video

Fale Com Ela (2002)

Um dos roteiros mais originais de Pedro Almodóvar, e talvez do cinema como todo, “Fale com ela” (2002) gira em torno de dois homens que dedicam suas vidas às mulheres que amam, ambas em coma. Benigno é um enfermeiro que cuida de Alicia, uma jovem bailarina que ficou em coma após um acidente de carro. Marco, um jornalista, conhece e se apaixona por uma mulher chamada Lydia, uma toureira que também entra em coma após um acidente na arena.

Enquanto Benigno dedica sua vida a Alicia, Marco começa a se aproximar de Benigno e, eventualmente, dos seus próprios sentimentos por Lydia. A trama examina o que significa amar e cuidar de alguém que não pode responder, e como as relações entre os personagens evoluem através do sofrimento e da esperança. 

O filme traz ainda elementos da dança moderna e do cinema mudo. Em sua narrativa estão presentes as coincidências do destino, que fizeram o filme ser aclamado mundialmente, tanto pelo público quanto pela crítica especializada.

Disponível pela Netflix.

Má Educação (2004)

Esse talvez seja o filme mais autorreferencial de Pedro Almodóvar à própria vida, atrás apenas de “Dor e Glória” (2019). Criado em uma família de classe média, não exatamente conservadora, mas que viveu em uma Espanha sob a ditadura nazifascista de Francisco Franco (1939 a 1975), ele recebeu uma educação católica, tendo frequentado o colégio de padres por um período. 

Em 2019, em entrevista à Vanity Fair, o diretor confessou que foi vítima de várias tentativas de estupro por parte dos padres do colégio que frequentou na infância. “Lembro de pelo menos 20 meninos que viviam no colégio e tinham sido abusados. Tentaram também comigo, mas sempre consegui escapar”, contou.

“Má Educação” (2004) segue a vida de Enrique Goded, um diretor de cinema, que está preparando um novo filme. Ele começa a receber cartas de um jovem chamado Ángel, que afirma ter sido seu aluno no colégio e revela um passado de abuso sexual pelo padre Manolo, que Enrique conheceu em sua juventude.

Enrique se vê confrontado com lembranças e traumas de sua própria vida quando descobre que o verdadeiro nome de Ángel é Celia, uma mulher travesti que está em busca de vingança contra o padre que a abusou. A trama se desenrola entre o presente e o passado, explorando as complexas relações entre os personagens e os impactos emocionais de seus segredos e traumas.

Disponível pela Netflix

Volver (2006)

Embora Penélope Cruz já tenha participado de outros filmes do diretor antes, inclusive em papeis de destaque, é em “Volver” (2006) que ela é a protagonista incontestável. A atriz interpreta Raimunda, uma mulher da classe trabalhadora que vive em Madrid com sua filha Paula e sua irmã Sole.

Após a morte de seu pai, Raimunda e Sole descobrem que a mãe delas, que havia morrido há anos em um incêndio, está de volta, aparecendo como um espírito. Raimunda enfrenta uma série de desafios, incluindo um segredo oculto relacionado ao passado de sua família e a luta para cuidar de sua filha e sustentar a casa. 

Enquanto lida com os fantasmas do passado e o impacto emocional de sua mãe retornando, Raimunda também precisa enfrentar uma série de questões pessoais e familiares. Aqui, vemos Almodóvar se aventurando por outros gêneros fílmicos, como o sobrenatural, sem perder a sua essência cômico-dramática. Algo que ele repete ao se enveredar pelo mundo do horror mais adiante, em “A pele que habito” (2011). 

Disponível pela Netflix

A Pele que Habito (2011) 

O thriller psicológico de Pedro Almodóvar chegou aos cinemas em 2011 com o tema da transexualidade sendo retratado de forma inusitada. 

“A pele que habito” (2011) segue Robert Ledgard, um renomado cirurgião plástico que desenvolveu uma pele artificial resistente a danos e que não pode ser afetada por agressões externas. Ele realiza experimentos com essa pele em uma mulher chamada Vera, que está trancada em uma casa isolada e aparentemente sob seus cuidados.

À medida que o filme avança, descobrimos que há muito mais por trás da situação de Vera do que aparenta. Identidade, vingança e obsessão revelam um passado sombrio e complexo envolvendo as personagens. Cheio de reviravoltas e provocações, “A pele que habito” reacendeu a luz sob o diretor e sua capacidade de reinvenção e de tratar de temas sociais atuais de forma criativa sem cair no clichê e nos estereótipos. Roteiro impecável!

Disponível pelo Max e Prime Video

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