O surgimento de Poppy na internet foi marcado por visuais coloridos que deixavam as pessoas em dúvida se aquilo era uma pegadinha ou realmente uma nova forma de se apresentar ao mundo. Com um rosto angelical, fundos brancos e cabelo loiro com penteado de boneca, músicas eram lançadas pela artista de uma forma que deixava seu nome na cabeça de qualquer telespectador.
O nome ficou; Poppy realmente se mostrou como uma artista real, a ser levada a sério e consumida como qualquer outro ato musical. Mas, hoje em dia, o estilo é outro… tons pastéis escureceram, produções divertidas foram substituídas por guitarras e gritos, e aquela que parecia tão inocente comendo algodão doce em um de seus primeiros vídeos hoje mantém uma rédea firme, investindo em um som bastante pesado, mesmo mantendo a aura pop.
Poppy agora é um nome presente na cena do metal, mas sua forma de lidar com o gênero ainda mantém outras sonoridades que a agradam. O toque industrial é algo recorrente, e a voz bastante doce ainda consegue se mostrar poderosa, mesmo envolta em tanto barulho. Para quem tem curiosidade em toda a evolução musical da artista, ainda é válido conferir seus primeiros trabalhos, mas o tempo investido nisso seria muito melhor aproveitado caso o disco “I Disagree” fosse a primeira escolha, já que sua grande revolução pessoal musical começa aqui. O trabalho anterior “Am I a Girl?” é interessante, mas, para quem gosta de artistas como Uffie, Paris Hilton e Grimes, o efeito será maior.
“I Disagree” não perde tempo em jogar o ouvinte no novo mundo de Poppy, com uma capa que não surpreende quem acompanha rock pesado, mas que com certeza fez os fãs da cantora perceberem que, a partir daí, sua ‘diva’ estava disposta a fazer parte de uma cena e fincar seus pés em um solo que nada conversava com seus conceitos artísticos de quando começou.
O disco faz um trabalho que a introduz muito bem ao novo estilo, sem explorar o som de forma genérica, mas também deixando o resultado convidativo para quem só ouvia algo mais calmo vindo de sua discografia. Com ótimas faixas como a faixa-título, “BLOODMONEY” e “Bite Your Teeth“, o projeto ainda rendeu mais quatro músicas em um relançamento futuro, cravando de vez o que a cantora seria a partir de então.
Com mais dois discos lançados após a grande virada de carreira, Poppy fez de “Flux” algo mais voltado para o rock alternativo e punk. O compasso estava mais rápido e os vocais mais sujos, lembrando o que se ouvia na finada MTV dos anos 2000. “Zig” pode ter caído como um balde de água fria para os fãs do que ela fez em “I Disagree“, já que o eletrônico era o elemento predominante, em momentos caindo mais para o lado do pop até. Mas esse vai e volta da cantora com gêneros e a capacidade de trocar de pele musicalmente costuma ser bem aceito, mostrando que a cantora tem um alcance grande no que diz respeito a criações.
Atualmente, sons mais potentes foram novamente investidos por Poppy com parcerias com a banda companheira de lineup Bad Omens e “New Way Out“, música produzida por Jordan Fish, ex-integrante do Bring Me The Horizon. Independentemente do que escolher para o futuro musical, é certo dizer que estamos lidando com uma artista disposta a fazer o que quer, revisitar sonoridades ou, quem sabe, se reinventar totalmente no futuro. Poppy é hoje um exemplo de um caso que deu muito certo no que diz respeito a ser uma artista destemida ao abrir leques de possibilidades para novas roupagens de carreira.
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Poppy se apresenta no domingo, dia 20 de outubro, no KNOTFEST Brasil.