Pós-terror | A nova onda do horror cinematográfico

Halloween é o dia de maratonar filmes de horror

É Halloween e, como boa data de dia das bruxas, assistir filmes de terror tornou-se tradição no dia 31 de Outubro. Seja pra ir ao cinema ver Rocky Horror Picture Show ou fantasiar-se e ir às ruas na tradição do “trick or treat”, as referências neste caso sempre são obras de horror.

Era muito comum, há alguns anos, as fantasias serem das gêmeas de “O Iluminado”; o Freddy Krueger de “A Hora do Pesadelo”; o Michael Myers de “Halloween”; o assassino de máscara de “Pânico”; o boneco Chucky, de “Brinquedo Assassino”, e assim sucessivamente. Entretanto, os filmes clássicos foram dando espaço aos novos, e as fantasias são substituídas por outros vilões de obras de terror.

Para além das fantasias, a nova geração dos diretores de filmes de horror tentam, ao máximo, fugir do óbvio. O que é chamado de “terror contemporâneo” hoje – e alguns críticos de cinema acreditam que seja até uma nova vertente, chamada por eles de “pós-terror” – tem como característica geral a não-utilização dos “jumpscares” (aqueles sustos sem intenção de agregar à história). Dois nomes grandes do gênero que vem ganhando espaço são os diretores Ari Aster e Robert Eggers. Eles são novos no ramo: cada um dirigiu apenas dois filmes de terror, sendo que o segundo de Robert Eggers ainda não foi lançado.

“A Bruxa”, o debut de Eggers, é considerado um dos precursores deste gênero, visto que foi um dos primeiros a ser lançado e teve enorme sucesso dentre a crítica. The VVitch conta a história de uma família cristã que tem filhos mortos por um coven, além da influência do próprio Diabo em suas casas. Acerca disso, o subtexto do filme traz um significado de libertação feminina aliado à sororidade.

 

Ari Astar tem em seu rol de filmes “Hereditário” e “Midsommar”, este último recentemente lançado. Os dois seguem a atmosfera familiar, com características ocultistas e a tentativa da sobrevivência. Seguindo a onda de A Bruxa, os dois tem avaliações positivas da crítica. Entretanto, eles tem outra semelhança: as notas baixas do público geral. Isso condiz com as altas expectativas criadas quanto ao quão assustador seriam as obras. Como os jumpscares foram eliminados, sobra então o terror psicológico e o grande aprofundamento na história, o que sai um pouco do já conhecido pela bilheteria.

Além desses dois diretores, outros filmes que se encaixam neste gênero chamaram atenção da crítica especializada. Dois bons exemplos são Um Lugar Silencioso (dir. John Krasinski) e It: A Coisa (dir. Andy Muschietti). O primeiro levou até indicação ao Oscar em roteiro, e se tornou inovador pelo fato de ser um filme quase inteiramente mudo num cenário apocalíptico; e o segundo é a remontagem da obra épica de Stephen King do mesmo nome, que adentrou o imaginário popular nos anos 90, onde teve sua primeira versão.

Se formos trazer de volta as fantasias, é esperado, nesse ano, que as pessoas se vistam, majoritariamente, de Pennywise e George. Entretanto, é mais esperado ainda que, nos próximos anos, o “pós-terror” adentre a cultura popular e se torne mais apreciado, tomando nossos Halloweens e nossos medos.

Afinal, quem nunca teve pesadelo com o Freddy Krueger nos atacando nos sonhos? Espero que, futuramente, entendamos que o terror é mais do que sustos: é história e tensão. É aquele medo que nos faz não dormir a noite porque não conseguimos parar de pensar em determinada cena ou no roteiro por si só. É balançar a perna de agonia assistindo porque a emoção é grande. O horror e a histeria são diferentes, e o prazer assistindo a tais filmes, consequentemente, também se torna diferente.

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