Primeira edição do Circuito Elétrico iluminou o carnaval de Balneário Camboriú

Com muita gente curtindo o som que se diferenciava dos demais, o Circuito Elétrico, primeiro trio elétrico colaborativo de Santa Catarina, deixou sua marca
Crédito: Circuito Elétrico 2023

Em 2023 o Carnaval mostrou seu real significado em todo o Brasil (e até fora dele, na medida do possível). Aqui na região do Vale de Itajaí não foi diferente, e apesar de uma das festas mais marcantes da região, o Navegay, ter sido barrada de acontecer, outras diversas oportunidades carnavalescas se proliferaram aos arredores.

Sendo planejado desde 2020, um bom exemplo dessa nova geração de bloquinhos é o Circuito Elétrico, um coletivo amplamente diverso e fortemente substancial para fazer um certo barulho no que se propôs, junto de alguns dos maiores atos independentes da região.

Se tratando de um projeto colaborativo, o Circuito Elétrico teve sua primeira edição em fevereiro deste ano, em Balneário Camboriú, e conseguiu reunir não só grandes marcas independentes e regionais, mas também uma onda exponencial de público, mixando amigos, amigos de amigos, conhecidos, público geral e muita gente animada durante sua passagem na orla da Avenida Atlântica.

A ação, que vinha sendo planejada desde 2020 e interrompida pela infeliz pandemia, conseguiu reunir as maiores festas e coletivos independentes da região, dentre eles Maracatu — integrado ao Movimento Nacional Feministas do Baque Virado – Baque Mulher introduzindo o trio com uma apresentação muito especial sobre a força das mulheres, seguido pelo DJ Honorato e depois uma apresentação do coletivo Maracatu Nova Lua. Tivemos também Tangerina Soundsystem e Banzeiro Coletivo marcando o som de qualidade do início ao fim, Gata Preta e ROLE 1015, entrando assim na agenda carnavalesca oficial de Balneário Camboriú e participando da Programação Oficial da Liga de Carnaval.

O Bloco do Zero, que está à frente do Circuito Elétrico, existe e desfila desde 2015 na cidade. Em 2020 participaram do maior Carnaval regional, com a participação de cerca de mil pessoas, sendo o único bloco 100% gratuito da cidade naquele ano com o título de Free Elétrico – a Nave do Som. 

Com hora determinada para iniciar e alguns pequenos atrasos, o trio pegou rumo à Avenida Atlântica e tomou sua forma com mais de mil espectadores o acompanhando — número este referente ao público pagante do trio. Aos arredores, com demarcações e cercas, um público quase 40x maior acompanhava os desfiles.

Segundo estimativas da Secretaria de Turismo de Balneário Camboriú, cerca de 150 ônibus entraram em Balneário durante o feriado de Carnaval, trazendo aproximadamente 10 mil foliões aos desfiles de blocos, confirmando a expectativa dos organizadores. Em torno de 40 mil pessoas acompanharam os desfiles na beira mar ao longo da Avenida Atlântica. A média de ocupação da rede hoteleira chegou em 95% durante os 4 dias de folia, movimentando milhões de reais na cidade. 

O público, bastante diverso e animado, comprou a ideia e animou até o último segundo, curtindo os sets da Banzeiro e Tangerina Soundsystem, que optaram por mixar grandes clássicos dessa época ao delicioso som característico das duas festas. Contudo, apesar de diverso e da preocupação em tornar a festa o mais inclusive possível, a organização pecou em alguns poucos sentidos. Um deles foi a falta evidente de um ambiente acessível, ou até mesmo convites representativos para personalidades da região que fossem realmente além do geral. Artistas, influenciadores, jornalistas e até mesmo personalidades militantes PCDs ficaram de fora dessa lista que tinha tudo para gerar uma diferença enorme no resultado final da edição.

Além do primeiro trio colaborativo de Santa Catarina, poderia ter sido o primeiro a evidenciar essa mudança cultural e inclusiva. Afinal, o carnaval é de todos. Mesmo com essa falta, foi possível identificar diversas pessoas, de todos os tipos, gêneros, com ou sem deficiências e PCDs, curtindo durante a passagem do trio pela avenida.

Nesta edição, além do apoio e junção de todos os coletivos, o Circuito Elétrico contou com o apoio das marcas regionais Égide Movement, um estúdio criativo de Itapema criado por Luis Henrique Crema, que comandou o pós audiovisual do evento. Outra marca presente foi a incrível People Wines, marca nacional de vinhos enlatados e cool criada por Andreia Micheluzzi. Além da Red Bull que abasteceu o ânimo do circuito desde a concentração até a desmontagem do trio, e da AIMEC, Academia Internacional de Música Eletrônica de Balneário Camboriú, que tornou a festa sonora possível e adequada.

Para além do público, apoios, coletivos e parceiros, a organização do Circuito Elétrico deu um exemplo e entregou uma edição enxuta, mas com qualidade e muita dedicação, mostrando que seu potencial pode ser explorado junto da força do público que compareceu — e facilmente voltaria.

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