Raveena explora psicodelia de forma delicada para criar sua atmosfera sonora excepcional

Em primeira apresentação no Brasil, Raveena vem ao Primavera Sound carregada de uma visão rara para gêneros comuns.

A atmosfera da música de Raveena é parte essencial de seu trabalho, pois é impossível não sentir um clima até espiritual quando ouvimos o que a cantora expressa. Desde o EP ‘Shanti’ já era possível perceber que para a cantora não basta apenas uma voz afinada e melodias bonitas, ela insiste em ir além e aplicar suas visões pessoais da maneira mais angelical e psicodélica possível.

Soul e R&B são gêneros base da artista, mas apenas limita-la a isso é não compreender exatamente como ela quer que sua música seja vista. Raveena passeia entre subgêneros como se estivesse em um labirinto, onde cada local sem saída é uma oportunidade para criar uma própria. Seu soul se forma com passagens pelo pop, experimental e slow jam como se ela aproveitasse um pouco de cada musicalidade para determinar sua direção.

A identidade da cantora também é um fator crucial para sua execução artística. Nascida de pais imigrantes da Índia, é possível perceber o quanto personalidades e a cultura do país tem presença forte no que é oferecido. Em seu segundo disco, ‘Asha’s Awakening‘, é logo na primeira faixa que isso fica notável, e ‘Rush‘ poderia ser apenas uma faixa pop com influências de Bollywood, mas isso é pouco para Raveena.

Acusar uma previsibilidade é quase uma ofensa aqui, porque sua música sabe muito bem como criar uma isca perfeita para chamar a atenção fazendo os menos espertos acharem que estão lidando com uma artista básica, quando na verdade, existem tantas camadas que a exploração se torna o maior prazer em ouvir o que ela tem para dizer.

Raveena é uma das poucas atrações que ficaria perfeita em qualquer horário. Do começo do dia até o fim da noite ela tem presença e sonoridades diferentes para fazer com que sua primeira apresentação no país seja marcante. Ela consegue ser efervescente de forma contida, sua voz suave e as produções leves são capazes de trazer sensações como se o ouvinte estivesse em transe, ou em uma viagem comportada de ácido.

O público que já a conhece sabe que seus shows vão além de só música, a cantora também faz questão de colocar mini sessões de meditação. Mas o que poderia até soar estranho para alguns, se faz uma adição perfeita ao tom reflexivo, espiritual e divino que ela emana.

Raveena toca no domingo, 06 de novembro, na primeira edição do festival Primavera Sound no Brasil, que acontece em São Paulo. Mesmo dia dos headliners Travis Scott e Lorde.

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