Crítica | Confiança é o legado de Raya e o Último Dragão, nova aventura da Disney

Um mês após seu lançamento por Premier Acess, Raya e o Último Dragão está disponível sem custos adicionais para assinantes Disney+.

Raya e o Último Dragão era umas das animações mais esperadas pelos fãs das produções da Disney, contudo, devido ao período de pandemia a produtora resolveu adotar uma estratégia diferente e lançar o filme simultaneamente no cinema e em sua plataforma de streaming. O problema dessa escolha é que no Brasil, para assistir o longa os espectadores teriam que desembolsar R$ 69,90, além do valor já pago pelo serviço on-line.  

No longa, conhecemos a história de Kumandra, lugar em que humanos e dragões conviviam pacificamente até que uma força maligna (os Drunn) surgiu transformando todos em pedra, para salvar a humanidade as criaturas mágicas tiveram que unir forças e se sacrificar. 500 anos depois, a terra mágica se dividiu em 5 territórios nomeadas com base em partes de um dragão: Coração, Presa, Coluna, Garra e Calda.  

No Coração, fica abrigada a Joia do Dragão, pedra criada pelos dragões que salvou a todos e destruiu os Drunn. O líder do Coração e pai Raya, chefe Benja, sonha com a união entre todos os territórios para que eles voltem a ser novamente o reino de Kumandra, contudo, pela falta de confiança uns nos outros, os demais líderes não conseguem se unir.  

Em uma visita organizada por Benja para selar a paz, Raya conhece Namaari, princesa da Presa, mas o que pretendia ser uma linda amizade acaba mudando não só a relação entre elas, mas o destino da terra. A insegurança e o desejo por poder dos povos de Kumandra é mais forte do que o desejo de união e isto traz de volta a ameaça dos Druun. Seis anos depois da visita, muitos foram transformados em pedra e na esperança de salvar o pai, Raya busca encontrar Sisu, o último dos dragões, que segundo uma lenda, encontra-se adormecido após salvar o reino.  

Uma aventura de visual encantador, roteiro prático e personagens cativantes 

Como todas as animações da Disney, Raya e o Último Dragão é um deleite para os olhos, seus ambientes, cores e efeitos são muito bem elaborados e saltam aos olhos. Cada detalhe impressiona, dos fios de cabelo à fisionomia dos personagens, há todo um cuidado para revelar a beleza da animação de forma mágica e encantadora.  

Além disso, a produção tem um ritmo empolgante em que, diferente de muitos outros filmes do estúdio, existem poucos momentos de reflexão e sobram sequências de ação, luta e correria. O roteiro também é um pouco menos subjetivo que os demais, nele os sentimentos e motivações da protagonista são facilmente identificados. Há menos o aspecto das lições em camadas e aprendizados em doses que permeiam todo o filme e mais uma lição evidente sobre a confiança (tanto sobre a quebra dela, quanto da dificuldade de recuperá-la). 

De certa força é um roteiro menos empolgante e fraco se comparado ao visual exuberante da animação, com pouca exploração dos personagens e da narrativa potencial que a aventura poderia apresentar. Por querer apresentar algo prático e excitante, a história acaba sendo menos profunda e cheia de camadas como de fato deveria ser, sem explorar o melhor da mitologia em que se apoia.  

O filme tem personagens extremamente divertidos, cativantes e cheios de carisma. No decorrer da dele, somos apresentados a um time no mínimo inusitado de heróis, além da protagonista, temos: Sisu a dragão, superagitada, cheia de pureza e inocência; Boun, um menino de uns 10 anos que se torna capitão do barco que leva a equipe pelos reinos; a pequena Noi, uma bebê delinquente que possui 3 macaquinhos como comparsas; Tong, o grandalhão corpulento e único sobrevivente do povo da Coluna e Tuk Tuk, uma espécie de tatu bola gigante de estimação de Raya. 

Há ainda que se destacar outras importâncias do longa, ele segue mantendo o padrão que a Disney vem adotando (e já não era sem tempo) de apresentar princesas que fogem ao estereótipo de delicadeza, doçura e inocência, nos servindo mulheres que se interessam pelas artes marciais, líderes fortes, extremamente decididas e protagonistas de suas próprias jornadas. Outro ponto forte e importante é que Raya é a primeira das princesas a representar os povos do sudeste asiático, o filme aliás, é praticamente todo dublado por um elenco de atores e atrizes com descendência asiática, exceto pelo tatu Tuk Tuk. 

Raya e o Último Dragão é um filme empolgante, divertido, cheio de ação e que cumpre seu papel, mas não alcança seu potencial completo para ser um dos grandes no panteão de animações da Disney. Embora seu enredo seja um pouco mais direto do que seus antecessores, isso não torna o filme menos importante. A mensagem está lá, os ensinamentos e as emoções também, basta se divertir e se deixar levar pela aventura da princesa guerreira e seus amigos.  

Assista ‘Raya e o Último Dragão’ no Disney+.

Nota do Autor: 86/100 

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