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Crítica | 25 anos do self-titled do Blur

O disco explora as vertentes do alternativo norte-americano e reimagina seu estilo musical, se desprendendo dos padrões britpop, criado em parte por eles

Lançado em 10 de fevereiro de 1997, o autointitulado da banda britânica Blur completa 25 anos em 2022. Para celebrar a data, a banda lançou um single que une alguns dos trechos das músicas presentes.

Os quatro primeiros álbuns da banda foram extremamente importantes para a formação do gênero britpop, o estilo que que buscava fugir do grunge e empoderar a sonoridade inglesa. Contudo, neste disco, o Blur decide usufruir do alternativo norte-americano para criar um dos seus melhores álbuns.

Na primeira faixa, “Beetlebum” é notável essa influência. Com uma guitarra mais rasgada e um baixo mais pesado, a música tem uma densidade que condiz com sua letra – que explora as sensações causadas pelo uso de heroína, substância utilizada na época pelo vocalista Damon Albarn .

“Song 2” é a canção mais famosa da banda, principalmente por fazer parte das trilhas musicais de videogames e de comerciais. A faixa de dois minutos tem um ritmo hardcore, com uma guitarra pesada distorcida, além de um vocal dissonante.

As influências do grunge aparecem até nas músicas mais acústicas como Country Sad Ballad Man”e “Strange News From Another Star”. É possível uma semelhança sonora com o álbum “Sap” do Alice In Chains.

Outro forte elemento é a distorção da guitarra, notado principalmente nas músicas “Chinese Bombs”, “Theme From Retro”, “Death of the Party” e “Essex Dogs”. Esta tornou-se uma marca registrada do guitarrista Graham Coxon, que explorou isso mais ainda no disco seguinte (“13”) e em seus trabalhos solos.

Reprodução: Blur/ NME

Destaca-se também a forte influência da música eletrônica. Em músicas como “M.O.R” e “On Your Own” já torna-se visível um amadurecimento musical que levaria Albarn a fundar seu projeto mais ousado, o Gorillaz.

Quanto a composição das letras: a banda sempre utilizou de muita ironia e de narrativas ficcionais para brincar com os costumes e pessoas da Inglaterra. Em Blur, eles decidem explorar mais seus sentimentos e aflições.

Como dito anteriormente, Damon Albarn passou por um período de vício em heroína, e na letra de Beetlebum ele retrata esse sentimento tão diverso. A sensação de prazer e fuga que ela proporciona a uma pessoa que se sente deprimida, triste e com raiva (“And when she lets me slip away/
She turns me on and all my violence’s gone/ Nothing is wrong”).

Além disso, outra música em que a vida pessoal é colocada a mostra é “You’re So Great” que retrata os problemas de alcoolismo do guitarrista Graham Coxon. Tocada e cantada apenas por ele, a canção possui um tom mais intimista e soturno.

Mesmo com 25 anos que o distancia de 2022, Blur ainda é um disco moderno, que aborda sentimentos muito comuns. Sua sonoridade possui uma melancolia, mas mesmo assim consegue ser divertida e muito interessante. Aos que já gostam, sugiro que relembre dele e aos que não conhecem, vale a pena dar uma chance.

Nota da autora: 90/100

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