Crítica | Black Mirror traz alguns dos melhores episódios da franquia em sua 5ª temporada

Série da Netflix retorna para o seu quinto ano com Miley Cyrus, Anthony Mackie e Andrew Scott no elenco.

Depois do lançamento do filme interativo Bandersnach, Black Mirror deixou um gostinho de “quero mais” em todos. Sendo assim, com o lançamento no dia 05/06, a série que faz qualquer um ficar pensativo sobre o universo da tecnologia retornou para uma nova temporada.

Black Mirror

Charlie Brooker também retorna como escritor principal dos episódios que dessa vez são apenas três. Muitos fãs da série ficaram chateados com a quantidade de episódios, já que a terceira e a quarta temporada contavam com seis cada. Por isso, a expectativa era alta para uma grande produção, mas será que isso foi entregue?!

05×01 – Striking Vipers

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A quinta temporada é aberta com o episódio Striking Vipers onde conhecemos Danny (Anthony Mackie) e Karl (Yahya Abdul-Mateen II). Dez anos após a faculdade, Karl aparece na festa de aniversário de Danny e o presenteia com o novo jogo da franquia que eles costumavam jogar quando mais novos, mas agora utilizando a realidade virtual para se tornarem os próprios personagens. Casado com Theo (Nicole Beharie), Danny não possui problemas em seu relacionamento, até que se vê inesperadamente envolvido com seu velho amigo no mundo virtual de um forma – digamos que – quente.

O desenrolar do plot nos faz pensar em uma série de questões como a sexualidade, já que o personagem de Karl no jogo é feminino. Podemos até dizer que rola um pouco mais sobre fluidez de gênero em uma cena onde Karl tenta explicar como se sente ao ter relações no corpo de uma mulher. Além disso, chegamos na parte onde a infidelidade também é discutida quando o casamento de Danny e Theo começa a desmoronar.

O diferencial do episódio é que ele não mostra somente como a tecnologia pode arruinar as nossas vidas. Com o avanço dela as coisas se tornaram mais fáceis, mas ao mesmo tempo mais viciantes. É  sensacional que agora nós conseguimos nos explorar e entender melhor sobre nós mesmos graças ao mundo tecnológico, então Striking Vipers com certeza acertou nisso mesmo possuindo um ritmo meio lento.

Curiosidade: O episódio foi quase inteiro gravado em São Paulo e aqui você pode conferir alguns lugares.

05×02 – Smithereens

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Se você está querendo um episódio pra ficar tenso e tentar desvendar um mistério, Smithereens é o seu episódio. Nele conhecemos Chris (Andrew Scott), até então um motorista de taxi que frequenta um grupo de terapia. Em um dia, ele pega um passageiro que precisa ir até o aeroporto e é aí que começamos a ser introduzidos na trama principal, um sequestro.

É estranho pensar quantas vezes já fizemos a mesma coisa que o passageiro Jaden (Damson Idris), talvez fica aí nossa primeira reflexão. Quando Chris pede para fazer uma rota alternativa, Jaden nem percebe que foi atraído para uma emboscada onde é sequestrado pelo motorista.

É um pouco frustante e demorado até finalmente entendermos o principal motivo de Chris. Ficamos praticamente o episódio inteiro presos na mesma tecla em que para liberar Jaden, Chris precisa falar com o Billy Bauer, responsável por criar um aplicativo famoso de redes sociais.

Com o objetivo da conversa revelado, nos faz refletir a real importância e interferência das redes sociais em nossas vidas. Poderia ser um episódio incrível se não fosse um pouco mais do mesmo. A atuação de Scott é maravilhosa, mas em questão de crítica às redes sociais o episódio 3×01 “Queda Livre” faz um trabalho melhor.

05×03 – Rachel, Jack and Ashley Too

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Fechando com chave de ouro, temos o aguardado episódio com participação de ninguém menos que Miley Cyrus. Rachel, Jack and Ashley Too conta a história de Ashley O (Cyrus), uma famosa cantora adorada pelos seus fãs. Ao mesmo tempo que somos apresentados à vida glamurosa de Ashley, podemos ver a real infelicidade da cantora longe dos holofotes.

Também somos apresentados à Rachel (Angourie Rice), uma fã de Ashley que pede ao seu pai de aniversário a boneca com inteligência virtual Ashley Too. A irmã de Rachel, Jack (Madison Davenport) entra de verdade na história quando a boneca começa a mostrar consciência por determinados motivos que não iremos falar por questão de spoiler, mas as três precisam bolar um plano para ajudar a verdadeira Ashley.

Sem sombra de dúvidas o episódio é o mais ágil e dinâmico dos três. Muitas coisas acontecem ao longo dos 67 minutos, não necessariamente isso sendo uma coisa ruim. A questão levantada pelo episódio dessa vez é a saúde mental das pessoas e como nós temos que parecer bem diante de tudo e todos. Uma salva de palmas para a atuação e dublagem de Miley Cyrus, ela merece.

A nova temporada de Black Mirror não deixa um gosto amargo na boca, mas também não podemos dizer que é a melhor até agora. Talvez ficou faltando aquele momento especial digno de onde surgiu o famoso meme “isso é muito Black Mirror”.

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Infelizmente não tivemos um momento de cair o queixo ou ficar abismado e com medo de pegar no celular igual muitos episódios anteriores, mas ainda assim a qualidade da série é indiscutível. Quem sabe na próxima temporada a pegada anterior não seja retomada, mas no geral ainda vale muito a pena conferir os episódios.

A quinta temporada de Black Mirror já está toda disponível na Netflix.

Nota do autor: 84/100

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