Antes de tudo, é preciso mencionar: que abertura impecável! Estrelando Orlando Bloom e Cara Delavigne nos papéis principais, a Amazon faz uma aposta gigante com, na minha opinião, a maior série feita pela plataforma. Criada por Travis Beacham e Rene Echevarria, Carnival Row se passa no século XII remetendo à Inglaterra vitoriana, povoada com criaturas místicas, fadas, faunos e um amplo cenário mitológico próprio.
A história se passa em Burge, cidade que se tornou destino de diversas fadas depois de uma guerra feita por um grupo chamado The Pact (O Pacto) que extinguiu sua terra natal. Contudo, em Burge, a política para os estrangeiros é extremamente rígida e nada receptiva, envolvendo muito (muito mesmo) preconceito.
Vignette Stonemoss (Delavigne) é uma dessas fadas que após a guerra e um péssimo naufrágio imigratório, acabou em Burge de maneira ilegal. Com sua dívida ainda a ser paga, vai parar na casa dos Spurnrose, como criada de Imogen e seu irmão Ezra.
Ao chegar na cidade, Vignette reencontra um amor do passado, o detetive Rycroft Philostrate (Bloom). Os dois, que no passado tiveram um romance turbulento por serem, até então, de espécies diferentes, ainda têm assuntos a serem concluídos.
Enquanto tentam lidar com os sentimentos reprimidos do passado ao mesmo tempo em que Philo lida com uma série de assassinatos acontecendo em Burge, aparentemente pelo mesmo criminoso, a série consegue misturar o enredo místico, suspense e muito, muito sexo e palavrões.
Em paralelo, temos o enredo da família Breakspear que é responsável por governar o país fictício de Carnival Row. Absolom (Jared Harris), o chanceler, tentar apaziguar a grande revolta dos humanos para com as outras espécies. Sua esposa, Piety (Indira Varma), a mística, tenta ao máximo concretizar uma previsão do passado onde seu filho Jonah (Arty Froushan) exerceria um grande poder, maior ainda que seu pai, o chanceler.
Uma outra história em Carnival Row, ainda que pouco explorada (uma pena…) na primeira temporada, tem grande potencial para se desenvolver. Ezra e Imogen, os irmãos aristocratas Spurnrose, estão falindo por causa de decisões pouco inteligentes partidas de Ezra. O personagem irritante decide apostar em empreitadas marítimas para trazer imigrantes à Burge (lembra do naufrágio de Vignette?) porém tudo dá muito errado, causando um grande rombo na fortuna deixada por seus falecidos pais.
Os dois irmãos ficam sabendo que seu novo vizinho seria um milionário e apostam na amizade, só que descobrem que não se trata de um humano. Agreus (David Gyasi) é um fauno que conseguiu levantar sua fortuna em meio a uma sociedade que despreza completamente sua espécie. Imogen, interessada em reestruturar as finanças da família se aproxima do fauno e faz um acordo: sua aceitação na sociedade humana em troca de recursos financeiros para as empreitadas de Ezra.
Imogen se envolve com Agreus e sente na pele o preconceito de sua própria envoltura social e decide tomar decisões a respeito. Espero que na segunda temporada essa trama esteja ainda mais evidente e desenvolvida, pois merece.
De início você fica meio perdido com tantos personagens, novas histórias sendo bombardeadas à todo momento e claro, pelo novo mundo que é apresentado. Porém, conforme os episódios se desenrolam é possível compreender o contexto. Da metade para o fim todos os enredos conseguem se encontrar, se recuperando satisfatoriamente e conseguimos nos ater aos personagens com um olhar mais emocional e envolvido. Philo e Vignette finalmente descobrem seu propósito e os grandes assassinatos tem seu objetivo posto em jogo.
Philo encerra o 8º episódio com a tomada de uma importante decisão para si mesmo, deixando um grande questionamento para as próximas temporadas de Carnival Row. Assim como Sophie Longerbane (Caroline Ford) dá a deixa da mudança trágica que Burge vivenciará:
“Uma nova era está chegando e essa cidade vai mudar, juntos estabelecemos um objetivo, e nos não vamos voltar.”
A grande aposta da Amazon
Em meio a muito caos e aventuras que te prendem, inúmeros descobertas e acontecimentos te fazem dar uma chance a cada minuto que passa. Tópicos muito interessantes como o grande preconceito da alta sociedade são escrachados a todo o tempo e podem muito bem se encaixar no que vivemos ainda hoje.
Carnival Row conta com 8 episódios de aproximadamente 1 hora de duração e que antes mesmo de sua estreia, já havia confirmada sua segunda temporada.
A grande aposta da Amazon entrega o que a plataforma espera para suas produções: grandiosidade, visuais cativantes e que caiam no mainstream. Além de nos entregar visuais maravilhosos – mesmo deixando a desejar em personagens inteiramente feitos por CGI-, maquiagem e figurino perto de impecáveis e um enredo não tão forte, a série tem indícios de uma desenvoltura promissora com e grande potencial.