O cantor, compositor, ator e poeta Rizzih, já apareceu aqui no ESC quando lançou o EP FITAK7 em 2019. Artista sensível e questionador, o cantor retorna ao cenário musical com seu mais novo single Órbita. A canção composta por ele, se tornou uma parceria com a também cantora e compositora baiana Thalita Evangelista, que ao assistir um vídeo dele, cantando a música, decidiu gravar o seu próprio com arranjos vocais para a faixa. O talento de Thalita cativou Rizzih na hora e ele a convidou para gravar junto.
Segundo o artista, Órbita é uma canção existencialista e contemplativa, que nasceu no início do isolamento da pandemia e tem entre suas inspirações, a série Twin Peaks (obra do cineasta David Lynch) e a filosofia de Nietzsche – algo que o marcou há cerca de um ano e também é inspiração para outros trabalhos, como seu livro de poemas lançado recentemente. Contemplar sonhos e todo misticismo envolto neste acontecimento é algo que faz parte da essência do artista há muito tempo e que o atravessa intimamente de várias maneiras. Rizzih afirmou que na série de David Lynch, uma frase o tocou profundamente e reverberou dentro dele como combustível para composição de Órbita.
“Nós vivemos dentro de um sonho, mas quem é o sonhador?”
TWIN PEAKS, David Lynch
Órbita é uma canção linda e que nos transporta para um momento leve, enquanto as vozes de Rizzih e Thalita se entrelaçam em uma dança vocal extremamente agradável aos ouvidos. A música tem um ar que de certa forma, lembra vagamente a doce musicalidade das canções de Sandy & Junior. Com muita serenidade e harmonia, os artistas cantam sobre um sonho, uma dimensão que não se sabe ao certo onde fica ou o que é, mas em que se dança, se é livre, se é o vento, o todo. Na órbita da canção, no universo dos sonhos, Rizzih experimenta uma realidade bela, que encanta e calma, ele voa e ganha espaço em um universo de possibilidades, sabendo ser um sonho, mas sem saber quem de fato o sonha.
Por meio da letra e da melodia, o single transmite uma mensagem que, em um momento como o atual, evoca esperança de momentos melhores, da reconquista de nossa liberdade e dos nossos sonhos. Em Órbita, o intérprete convida o ouvinte não só a conhecer o seu universo de sonhos, mas a sonhar junto, vivenciar as belezas e as possibilidades de se entregar a esta imensidão mística.
“Moro nessa dimensão, pelo espírito me solto, danço pela projeção, vou ali e logo volto. Quem dirá que foi um sonho, se eu ouvi você falar é segredo e eu não conto, só quando eu acordar. Quem tá sonhando? Onde é aqui?”
ÓRBITA, Rizzih (2021)
A canção, além de uma linda composição, quando apresentada por ele no vídeo publicado nas redes sociais, encantou não só os seguidores e fãs do artista, mas outros nomes da música, como a cantora Deborah Blando, que após ver a publicação, convidou Rizzih para compor algo com ela.
A arte como combustível de vida em meio às adversidades
Em um momento tão delicado e vulnerável da sociedade, em que vivemos uma pandemia mundial, que nos custou vidas e a liberdade como conhecíamos, a arte é um combustível necessário e um alívio para essa situação sufocante. Neste cenário, artistas diversos têm encontrado forças e até estímulo para criar novos projetos mesmo que de forma independente. Estes projetos têm gerado materiais que os ajudam a sobreviver a este período e que dão forças e esperança aos fãs e à sociedade como um todo.
Rizzih é sem sombra de dúvidas um destes artistas, com uma carreira que compreende peças teatrais, um álbum completo (Celeste/2016), um EP (FITAK7) e outras obras que expõe as facetas de sua arte. Ele retorna não só com o novo single, mas com o lançamento de seu primeiro livro de poemas “Dialeto de Parede”, lançado 6 dias antes da divulgação da nova música. Além disso, o cantor é parte do projeto visual e musical de Joana Castanheira (que falamos aqui), obras diversas que demonstram não só a sua disposição para produzir, mas seu comprometimento e encantamento com a arte como um todo. Alguém que tem no teatro, na escrita, na dança e na música a principal forma de expressão do seu ser e que constrói a partir de todos estes segmentos sua própria Órbita artística.