Esse texto não contém spoilers do filme.
Rocketman, a biografia sobre Elton John produzido por Elton John, já soou como um alerta para muitos, afinal, o filme que conta a vida do próprio poderia e muito ser uma biografia repleta de favorecimento e mostrando “como a vida dele é incrível”, porém, surpreendendo muitos ele foge dessa ideia já nos primeiros momentos do filme.
Indo contramão do que vimos em Bohemian Rhapsody, quando o assunto é a homossexualidade e o consumo de droga, o diretor Dexter Fletcher busca de formas criativa de apresentar o vício das drogas e os relacionamentos homoafetivos, encontrando jeitos claros e sensível — muito sensível.
Antes de qualquer coisa, tenho que dizer que: se você espera uma lista de feitos de Elton John, com seus shows memoráveis e todos os feitos na sua carreira, é melhor ficar apenas na página do Wikipédia, pois, em Rocketman, nós vamos além.
O longa na realidade investiga a carreira de Elton John (Taron Egerton) através dos pensamentos e da psicologia. O roteiro que apresenta o discursos que sustenta todas as glórias e os problemas na vida do protagonista, mostrando o real motivo de tudo: à falta e procura do amor.
Seu talento musical é apresentado como forma da necessidade de provar seu valor ao pai homofóbico, ir para os caminho das drogas foi o fruto direto do relacionamento fracassado com seu empresário (Richard Medden), as apresentações foi a forma de construir uma maneira de lidar com a tristeza, a raiva e depressão — e não, isso não é nenhum spoiler.
Já em outra via, a frustração é mostrada como um motor para as criações artísticas e criativa de Elton. Isso lhe coloca como um artista diferente, o excêntrico, dentro do universo da música, isso o roteiro de Lee Hall faz com que você não consiga escapar de ter essas sensações de estranheza, mas com o decorrer do filme, você entende que isso foi e ainda é muito importante no entendimento da carreira de Elton John.
Rocketman não é um “drama com música”
O filme muito colorido, que mostra os traumas e excessos do cantor, não se desenvolve como Bohemian Rhapsody, ele insere as músicas com um sentido e tendo um propósito, tornando o filme em uma grande produção musical, com várias cenas onde os personagens cantam e dançam.
Esse é um dos grande pontos do filme, a construção das cenas onde as músicas estão inseridas, mostra a criatividade de toda equipe executiva (onde Elton John está) e do roteiro, colocando as letras cantadas por personagens de grande importância que conviveram com o artista – alguns deles, nos surpreendem.
A trilha sonora é algo que vale e muito a pena ouvir antes e depois de assistir o filme, relembrando os momentos em que cada faixa foi incluída na produção.
Aplausos para Targon Egerton
O ator que deu vida o protagonista na telas, com Rocketman, conseguiu se consagrar como um dos atores mais versáteis da indústria hollywoodiana, sustentando drama, comédia, ação, com uma pitada de dança e canto. Reunindo tudo isso em uma grande performance e um resultado maravilhoso.
O restante do elenco também consegue sustentar e tem seus momentos de destaques, porém, é notório que se existiu uma falha na direção de Bryce Dalla Howard, uma atriz incrível, porém, se mal dirigida perde total controle – o que acontece com a personagem da mãe histérica. E Richard Madden, que conseguiu transformar seu personagem em um grande vilão, que é fácil se questionar: “ei, quando e, porque isso aconteceu?”, mas em alguns momentos, consegue controver essa questão, principalmente quando lida com questões psicológicas da sociedade e da família.
Temos clichê? Temos sim, senhor!
Os clichês mais comuns quando o assunto são as cinebiografias, não fogem e nem sumiram do roteiro. Durante Rocketman, temos diálogos que engrandece os personagens, repleta de frases de efeitos (atente-se a cena de Egerton e Jamie Bell) e algumas coisinhas que podem tornar o filme um tanto previsível – pequenos pontos, mas que não passa despercebido.
Enfim, Rocketman é um grande filme, de um grande artista e que trabalha de forma estupenda toda carreira profissional e pessoal de Elton John, mostrando a sexualidade de forma simples, sem vergonha e livre – quebrando alguns códigos das produções comerciais, e isso, é um grande feito.