Sem grandes expectativas, “Quando O Céu Se Engana” acaba surpreendendo

É sempre uma ótima ideia assistir Keanu Reeves no cinema — ainda mais sendo um anjo

Me diga: qual foi a última vez que você viu Keanu Reeves em cena e se decepcionou? Com certeza, você precisou de um tempo para lembrar. Desta vez, não vai ser diferente. Neste longa, Quando O Céu Se Engana (Good Fortune, em seu título original), dirigido e protagonizado por Aziz Ansari, Keanu Reeves interpreta um anjo chamado Gabriel que, com a intenção de ajudar, transforma a vida de Arj (Aziz Ansari) em uma grande confusão.

Após algum tempo longe das grandes produções, o filme marca o retorno de Aziz Ansari e sua estreia como diretor às telonas de cinema. Conhecido pela renomada série Master of None (2015), que marcou uma geração (digo por mim), o longa possui um tom cômico, como de costume, e se encaixa em uma ótima comédia de sessão da tarde.

Além da forma leve e inspiradora, Quando O Céu Se Engana trata temas atuais e debates que estão em seu auge, como a precarização do trabalho e as contradições de um sistema capitalista que beneficia alguns enquanto explora outros. Com um elenco privilegiado, temos Seth Rogen como Jeff, um bilionário da tecnologia; Keke Palmer como Helena, uma trabalhadora em busca de melhores condições de trabalho; e Sandra Oh, como a supervisora de anjos, Martha.

As participações de grandes atores da comédia são uma grande sacada, porque eles dão ao enredo graça e tratam de temas relevantes de um jeito leve, ao mesmo tempo que acompanham o desenvolvimento do protagonista, Arj, um desempregado frustrado e sem esperança em sua própria vida devido às dificuldades que encontra pelo caminho. Keanu Reeves, por sua vez, coloca um pouco da sua filosofia de vida ao interpretar o anjo Gabriel, que não vê nas coisas materiais grande relevância e espera, de algum jeito, reverter a confusão que levou Arj e Jeff a trocarem de lugar em uma realidade alternativa.

Sem grandes expectativas, Quando o Céu se Engana acaba surpreendendo. É um filme com cara de Hollywood, conduzido por um enredo que cutuca as contradições do sistema capitalista — tudo isso sem abrir mão do pastelão com hambúrgueres e tacos e, sobretudo, daquela vocação da “arte” de iluminar os debates do seu tempo.

Mesmo trazendo embates e influências que refletem os intensos conflitos ideológicos dos Estados Unidos hoje, para nós, brasileiros, o longa funciona como um ótimo passatempo, leve e divertido, mas com uma boa lição para levar pra casa (que só quem for ao cinema vai descobrir).

85/100

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