Slash & Myles Kennedy and The Conspirators fazem show eletrizante em Belo Horizonte

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators fazem show eletrizante em Belo Horizonte, com abertura de Velvet Chains.
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As últimas décadas deixaram poucas certezas aos fãs de hard rock. Nos últimos anos, vimos alguns dos maiores astros do estilo darem rumos duvidosos às suas carreiras e irem do sucesso estratosférico à produção musical repetitiva, saudosista e pouco original. No universo do laquê, bandanas e calças de couro ultrajustas, sobrevivem aqueles que se mantêm consistentes e sabem inovar sem perder o espírito dos anos 80 – e poucos o fazem tão bem quanto Slash.

Elogiado pela crítica e aclamado pelo público, o lendário guitarrista continua a renovar seu público e levar, às casas de shows, fãs de todas as idades, que buscam performances inflamadas e estridentes de rock n’ roll.

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators por César Orvalle (2024/reprodução)

Esse foi o caso em Belo Horizonte, cidade que recepcionou, no último dia 29, a primeira performance brasileira da turnê The River Is Rising – Rest of the World Tour, da Slash & Myles Kennedy and The Conspirators – supergrupo formado por Slash e a banda de Myles Kennedy.

A tour acontece para divulgar o quarto álbum da SMKC, 4 (2021, Snakepit Records). Desde seu lançamento, o disco foi recebido igualmente bem pelo público e pela crítica: alcançou o 2° lugar na parada de álbuns ARIA e chegou ao à 13ª posição nas paradas de álbuns mais vendidos pela Billboard EUA. Pela crítica especializada, foi descrito como “uma lufada de ar fresco” (Riff Magazine), um álbum “sólido, repleto de vocais altíssimos, melodias inesquecíveis, refrões grandes e riffs que vão te surpreender” (Aquarian), e “que tem tudo para ser um clássico do rock moderno” (Metal Hammer). Como vislumbrou a Guitar World, em matéria de capa: “4 já nasce com o imediatismo e a urgência de um grande show ao vivo”. Pois bem.

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators por César Orvalle (2024/reprodução)

Velvet Chains

Às 20h, a banda de apoio Velvet Chains foi recebida nos palcos do Arena Hall por uma plateia ainda enxuta (a casa só encheria para o show principal), mas interessada e bem-disposta. Com arranjos intensos, vocais metálicos e agudos dignos da Sunset Street, o grupo levou a plateia ao máximo da exaltação possível para uma noite de segunda-feira.

Faixas como Last Drop, Tattooed, Stuck Against the Wall e um cover arrojado de Suspicious Minds mostraram todo o potencial do quinteto, que vem conquistando espaço nos Estados Unidos, mas guarda carinho especial pela América Latina. Formado em 2018 em Las Vegas pelo baixista chileno Nils Goldschmidt, o quinteto já contou com integrantes brasileiros e argentinos. Hoje, é liderado pelo vocalista chileno Ro Viper, que encantou a plateia com seu portunhol e preparou o ambiente para o show principal.

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators por César Orvalle (2024/reprodução)

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators

Se engana quem supõe que a presença do eterno ex-Guns n’ Roses ofusca o restante da SMKC. Claro: é  impactante estar diante de Slash, a inconfundível figura de cartola, cachos desgovernados e Ray Ban aviador que, de alguma forma, marcou todos os fãs de hard rock desde 1987. Porém, o talento dos demais astros é o que eleva este trabalho a outro nível. Com dinâmica e profissionalismo dignos de suas longas carreiras, Myles Kennedy (vocal), Todd Kerns (baixo e backing vocal), Frank Sidoris (guitarra base) e Brent Fitz (bateria) se complementam na execução explosiva e habilidosa de cada música.

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators por César Orvalle (2024/reprodução)

Sempre despojado, Myles assume o posto de frontman sem nenhuma afetação. A cada faixa, o ex-Alter Bridge justificou sua fama como um dos cantores mais habilidosos do gênero. É notável seu amplo alcance vocal (que ele trouxe de sua formação na música clássica), sua precisão nas notas e sua pronúncia inconfundível. Como disse Slash sobre Myles à BostonHerald.com em 2010, sua performance é “fucking amazing”.

Em alguns momentos, Myles cede os vocais ao baixista Todd “Dammit” Kerns. Com energia e carisma inigualáveis, Kerns é, em verdade, um segundo frontman, com enorme presença de palco e empolgação contagiante. É ele quem assume a desafiadora missão de interpretar, ao lado de Slash, a frenética Don’t Damn Me. Lançada pelo Guns n’ Roses em 1991 no álbum Use Your Illusion I, a faixa nunca foi performada ao vivo por Axl Rose e sua banda por, segundo Slash, ter “muitas palavras sem fôlego, [o que] a torna realmente impossível fazer isso ao vivo.” Um momento inesquecível para a plateia.

Slash & Myles Kennedy and The Conspirators por César Orvalle (2024/reprodução)

Entre explorers, flying vs e (inúmeras) les pauls, Slash demonstrou toda sua agilidade e groove com solos infinitos e riffs embasbacantes, ornados por wah-wah e talk box. A cada novo solo, o guitarrista era ovacionado – não só pelo desempenho no palco mas também por sua trajetória musical.

O extenso setlist, que rendeu 2h de show, foi inaugurado com o single The River Is Rising. Faixas do 4, como April Fool, Fill My World, Actions Speak Louder Than Words e C’est La Vie, dividiram espaço com outras do SMKC: Halo, We Will Roam e o bis da noite, Anastasia – estas do Apocaliptic Love.

Sucessos da carreira solo de Slash, como Back From Cali, Speed Parade e Doctor Alibi também fizeram parte da lista, bem como um cover de Rocket Man (I Think It’s Going to Be a Long, Long Time), de Elton John – tocado por Slash na guitarra havaiana.

Uma segunda-feira e tanto para os fãs de hard rock.

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