Som atmosférico do Underworld tem décadas de valor e influência

Underworld vem ao Brasil para a 1ª edição do C6 Fest, provando que sua relevância musical segue amparada em qualidade.

Que a música eletrônica tem uma presença forte em quem acompanha a cena não é novidade, vide a quantidade de festivais focados no estilo se tornando maiores a cada edição. Mas para se manter na cabeça do ouvinte é preciso servir um trabalho de qualidade, e quando se faz isso por muitas décadas o resultado é algo óbvio: acaba se tornando uma lenda do gênero.

Esse foi o caminho natural que o Underworld, duo formado em Gales seguiu e vem alimentando até hoje. Com mais de trinta anos de carreira, Karl Hyde e Rick Smith não parecem nada cansados, e a cada lançamento fica cada vez mais claro seu peso na música mundial.

Para aqueles que não conhecem a banda, a discografia vasta e de longa duração pode assustar um pouco, mas entre os dez discos oficiais vale a pena se atentar a dois deles: “Dubnobasswithmyheadman” (1994) e “Beaucoup Fish” (1999). O primeiro citado tem uma sonoridade bastante soturna e ácida, servindo como companhia perfeita para noites de insônia, pois em um pouco mais de uma hora a sensação que ele deixa é de que acompanhado dos sintetizadores foi servido litros de café para o ouvinte.

A dose de energia vem logo com a famosa ‘Dark & Long‘, mas outros momentos que são socos de adrenalina ficam por conta da hipnotizante ‘Spoonman‘ e ‘Dirty Epic‘, que soa como algo experimental tentando absorver o pop sem perder o controle.

Ouvir a dupla é também entender que sua existência tem décadas de valor e influência na cena da música mundial. E a maior prova disso é o gás que Karl e Rick tem até hoje, pois mesmo sendo sexagenários a energia e criatividade dos dois para criações é bastante jovial. O último lançamento (“and the colour red“) é uma amostra perfeita que condensa como eles eram e como são agora.

Para aqueles que não se satisfazem apenas nos trabalhos originais de atos eletrônicos, vale muito a pena dar uma boa ouvida na gama de remixes feitos para outros artistas. O remix de ‘Human Behaviour‘ para Björk conseguiu fazer com que uma música da cantora pudesse facilmente estar nos discos antigos de Madonna ou Shakira. Uma outra boa escolha a ponto de curiosidade é conferir o mix acústico para ‘I am not a woman, I’m a god‘ de Halsey.

A presença confirmada de Underworld na primeira edição do C6 Fest é um prato cheio para os aficionados por um bom som progressivo livre de limites em suas apresentações. Seu palco costuma estar envolto a uma iluminação opaca sem muitos efeitos além das próprias luzes, mas a presença de palco em vocais e com instrumentos já é o bastante para levar o público ao delírio.

E conhecendo o público brasileiro é muito fácil prever que quando seu maior sucesso (‘Born Slippy‘) tocar, vai ser um duelo entre plateia e artista para decidir qual dos dois lados chegará ao maior êxtase.

Underworld toca na quinta, 18 de maio, no Rio de Janeiro e em São Paulo no dia 20.

Total
0
Share