Ela é bagunçada, revoltada e tem um swag imbatível: Lola Young. Na era das cabeças de Ozempic e letras padronizadas na indústria musical, a britânica de 23 anos é ousada o bastante para ser ela mesma em todos os sentidos.
O mullet veste como uma coroa, e o tom revoltado, gostoso e libertador que dá voz aos daddy issues de Tyler The Creator em “Like Him”, do álbum CHROMAKOPIA, é só o começo de uma estrela em ascensão. Lola Young não tem medo de falar grosso e espreme em suas músicas uma poesia urbana, jovem e irresistível.
“Você me comprou umas flores, eu dei elas para outra pessoa!” Como se Adele e Lily Allen tivessem uma filha, o humor e a destreza escorrem pelas letras irônicas complementadas por uma voz madura e muito, muito britânica. A voz que marcou presença no TikTok mostrou ser muito mais do que um áudio viral da rede. As referências do R&B se destacam, expondo suas principais influências, como Prince, Joni Mitchell e Leonard Cohen, mas também absorvendo a música popular da geração Z e dos millennials, como Eminem, Avril Lavigne, Frank Ocean e SZA — que, inclusive, a enviou uma mensagem há pouco tempo dizendo que é uma fã.
Lola tem uma voz tão expressiva que não precisa apelar para notas agudas, nos envolvendo em suas relações ao longo das letras que parecem páginas de um diário e uma batida deliciosa. Mas eu não estou falando de journals com decorações, lettering e colagens… Refiro-me àqueles diários completamente rabiscados, com uma caligrafia horrível que deforma o papel por conta da força da mão na caneta. É isso que a música de Lola transparece: um diário sincero.
Ela fuma muito, não é magra e dá uma de Britney às vezes. Sem medo, Lola fala de boca cheia, bate no peito e, como todo bom artista made in London, as batidas são muito instrumentais, indo contra a maré da eletrônica que anda em ascensão. Que delícia! Será que a vida jovem em Londres vem acompanhada do som de bateria e baixo? Bom, a vida de Lola Young, com certeza.
A jovem do sul de Londres pode ter apenas 23 anos, mas já conquistou muito nesse tempo. Young venceu um concurso nacional de microfone aberto em 2016, aos 13 anos, enquanto estudava na The BRIT School, que conta com alguns dos maiores nomes da música do Reino Unido entre seus ex-alunos. Alguns anos depois, ela está no elenco da gigante gravadora Island Records e trabalhando com dois empresários — um que contratou Adele e outro que gerenciou Amy Winehouse. É seguro dizer que a grandeza está ao alcance da jovem artista.
Lola nunca teve dúvidas sobre seu potencial e nunca precisou de um plano B. A música sempre foi seu futuro, e isso a torna ainda mais gostosa de ouvir: ela sabe o que está fazendo, sabe que é boa e não precisa de modéstia.
