Squid desbrava caminhos sonoros sem medo de se perder

Squid é mais uma banda da leva de artistas ingleses que adapta sonoridade do rock de um jeito curioso e atraente.

A banda Squid demonstra habilidade em cativar seu público, e podemos perceber claramente essa forte sensação ao explorar, explicar e conceder sua evolução musical aos ouvintes. O quinteto britânico, composto por Ollie Judge, Louis Borlase, Arthur Leadbetter, Laurie Nankivell e Anton Pearson, participa ativamente da onda marcante do rock, indo além das pegadas básicas nos instrumentos e incorporando diversos temperos ao gênero. Os vocais, como anúncios durante as faixas, e os gritos, tão comuns e bem equilibrados, fazem da voz de Ollie (baterista e vocalista) um elemento distintivo na formação da banda.

O álbum de 2021, “Bright Green Field“, apresenta uma abertura potente e mantém uma energia constante ao longo de quase uma hora de duração. A inclinação sonora flutua entre o funk e um rock mais sujo, permitindo que a exploração musical siga sem medo de se perder, pois cada direção ‘errada’ oferece a oportunidade de descobrir um novo caminho de retorno ao foco central.

Ouvir o primeiro grande momento de sua discografia e, em seguida, explorar o lançamento mais recente, “O Monolith“, é recomendado para aqueles que não desejam permanecer em uma zona de conforto, mas que também se animem quando um artista insiste em inserir sua singularidade da forma mais curiosa e atraente possível. Isso ocorre porque, sonoramente, os dois álbuns estão um pouco distantes, mas a impressão é que a banda transferiu sua alma para outro corpo e está gradualmente adaptando o novo físico aos ideais mentais que já possuía.

O produtor permanece o mesmo: Dan Carey, que já colaborou com nomes como Wet Leg, Fontaines D.C. e black midi. O apoio vindo de alguém tão acostumado a trabalhar não apenas com a própria banda, mas também com outros artistas que são exemplos de visões sonoras únicas, é um dos principais fatores que fazem o Squid seguir sempre em uma direção imprevisível, mas disposto a colocar o máximo de si, independentemente do resultado que seus instrumentos tragam.

Os olhos da mídia especializada já estão bem atentos ao que Squid pode realizar desde seus primórdios, mas o ano atual é o momento perfeito para o público em geral adicionar uma banda que reflete o quanto sua geração não está mais disposta a se acorrentar a poucas notas ou alguns poucos riffs. Uma escolha perfeita seria ouvir de cabo a rabo sua discografia e acompanhar a evolução do seu som, também se surpreendendo com momentos que, mesmo parecendo contidos, ainda demonstram ter bastante combustível para queimar.

Mergulhar fundo em suas músicas pode indicar duas opções: apenas ouvir e simular interpretações pessoais ou tentar entender, e talvez se perder naquilo que nem seus criadores possam ter respostas. Sobre uma coisa não há dúvidas; Squid é uma banda moderna e a forma como conduzem seu trabalho tem o poder de se tornar referência no futuro.

***

Squid toca no domingo dia 19 de maio, na segunda edição do C6 Fest.

Total
0
Share