Crítica | Stargirl mostra que pertencer é uma questão de escolha

O novo filme da Disney com Grace VanderWaal apresenta uma versão madura da estrela do America’s Got Talent

Para quem acompanha Grace VanderWaal desde seu grande momento no America’s Got Talent, ver onde ela chegou e o espaço merecido que está conquistando, é até emocionante. Para quem não a conhece, aqui vai uma breve introdução: Grace VanderWaal, em 2016, se tornou viral ao ganhar o programa America’s Got Talent da NBC, com apenas 12 anos e uma voz impactante. Na final da competição Grace cantou uma música original, a ‘I Don’t Know My Name’, que posteriormente foi lançada de forma oficial e rapidamente alcançou patamares de sucesso bastante expressivos. Até hoje Grace já lançou seu primeiro disco, ‘Just the Beginning’, e alguns EPs.

Em 2020, Grace retorna como Stargirl Caraway, protagonista do drama-musical original da Disney de mesmo nome, ou em português, ‘A Extraordinária Garota Chamada Estrela’. Dirigido por Julia Hart e com roteiro baseado no romance homônimo de Jerry Spinelli, o filme acompanha Stargirl, uma garota extraordinária e com muitos talentos guardados e sem medo de expressar suas emoções de forma que toque quem está ao seu redor. Por mais que seja um roteiro bem adolescente, o filme explora as emoções tensas, o inconformismo e a autoexpressão no ensino médio que essa fase carrega, assim como a exuberância do primeiro amor.

A personagem, que passou a maior parte de sua vida estudando em casa com sua mãe, aprende na marra os efeitos de lidar com pessoas de sua idade e com discernimento não muito bem desenvolvido. Ao optar por estudar no colégio público, Stargirl começa a lidar com adversidades, até então normais para adolescentes, de uma forma muito brusca. Sem medo de tocar seu ukelele e cantar em público, Star começou a atrair a atenção de muitos colegas, incluindo de Leo (Graham Verchere), mas logo viu que isso foi se tornando negativo tão rápido quanto começou a acontecer.

Contado através da perspectiva de Leo, o filme nos mostra todos os atritos que Stargirl vai passando, a ponto de atrapalharem sua forma extraordinária de ser e enxergar o mundo, a transformando em uma adolescente normal e sem brilho, totalmente contrário da proposta da personagem. É essa mudança bruta que nos faz enxergar o real conceito do filme.

Grace tem traços muito característicos e expressivos, o que torna a personagem ótima nesse sentido. mas ainda peca bastante na questão de transparecer suas reais emoções em diversos momentos do filme, ainda que o tenha desempenhado – no geral – muito bem. O plot central do filme também deixa a desejar em alguns sentidos por não se encaixar muito bem na história e deixando aquela pontinha de dúvida: “mas foi só isso?”, mesmo tratando de um assunto relativamente sério para a história.

O final agridoce e com uma pegada de mistério foi a chave que tornou o drama adolescente em algo um pouco mais além. À medida que Stargirl se desenvolveu em sua jornada, passou por mudanças impostas por outros que impactaram diretamente seu estilo de vida e pensamentos, ela começa a enxergar que sua etapa está concluída e o que poderia ter sido vivido, foi vivido ali.

Star decide então seguir sua jornada com sua mãe, deixando para trás aquilo tudo e levando consigo suas melhores partes. Nesse sentido, Stargirl começa a se tornar uma lembrança, não só para quem assiste, mas para todos aqueles que tiveram contato com ela durante seu tempo no colégio, incluindo Leo, que em certo momento se pergunta se o que viveu foi real ou não.

A primeira vista podemos entender como um filminho bobo adolescente, mas suas camadas são tão incríveis que aparecem dias depois de assistir. Aqui temos mensagens de amizade, sabedoria, confiança, julgamentos e o mais importante (e favorito da Disney): ser quem você realmente é, não importando o quão fora da curva for. Ps. Quem captou o detalhe da gravata?

Assista Stargirl (A Extraordinária Garota Chamada Estrela) no Disney+.

Nota: 76/100

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