Assim como a ideia de transformar um clássico infantil num sanguinário filme de terror, “Ursinho Pooh: Mel e Sangue” é trágico e tão bizarro quanto uma produção baixa renda dos anos 80. Conforme tocamos no assunto, a curiosidade se desperta, seguida por um leve sorriso de canto e um questionamento inevitável: “era mesmo necessário?”.
Enquanto situado após o longo período de Christopher Robin na faculdade, o slasher conta sobre o momento em que a vida dos habitantes no Cem Acres mudou completamente após eventos devastadores. Ursinho Pooh e seu amigo Leitão lutam para sobreviver ao frio e a fome da forma mais inusitada possível.
Levando em consideração o apreço pela nostalgia e aos clássicos do cinema, o filme de Rhys Frake-Waterfield é realmente chocante e pode ser um deleite para quem se interessar por produções hiperviolentas que não se prolonguem ou sequer se aprofunde em algum personagem ou enredo.
Realizando uma análise um pouco mais técnica sobre direção, roteiro e até mesmo trilha sonora, o filme ainda é um completo show de horrores. Conduzida por puro caos do começo ao fim e um texto raso, a trama é repleta de clichê e suspense. Nos primeiros 30 minutos, ainda é quase impossível imaginar o desenrolar da história, até que tudo se torne monótono como qualquer filme mal estruturado.
“Ursinho Pooh: Mel e Sangue” chega num patamar onde a linha tênue entre o intencional e o não-intencional se funde. Não existe discrepância. É complicado entender se tudo aquilo é ruim de verdade ou se foi apenas uma tentativa de produzir algo mais encorpado. A tentativa é incansável e parece totalmente inalcançável, apesar de seu potencial para se tornar uma renomada produção do subgênero. Sendo assim, se fizermos a escolha de ignorar completamente o título e a inspiração sem sentido na fábula, a bizarrice se torne pouco mais admissível.
De qualquer maneira, é preciso sangue frio para se aventurar na descoberta que de mel não é mais o aperitivo favorito do urso que conquistou a criançada, e sim, apenas um molho para saborear sua nova experiência culinária: carne humana.
