Ser uma mulher com deficiência é sempre estar à margem, é sempre ter seu corpo visto como algo que não é bonito, que não é desejável, que não sente prazer e não dá prazer. Violeta cresceu com tudo isso dentro de sua cabeça, uma ideia cada vez mais reforçada pela sociedade. “Por todos esses motivos, decidimos que não só na capa mas no filme deveria ser assim: com o corpo exposto”, afirmou Violeta, voz de “Bebedouro”.
“Eu sei que todas essas coisas que passam pela minha cabeça, passam na de muitas outras pessoas com deficiência e principalmente mulheres”, explicou sobre a influência que percorre sua vida. “Meu objetivo sempre foi ser espelho e força pra todas elas, sei que expondo minhas vulnerabilidades mas também tentando me encontrar e buscar minha própria força, posso ajudar muitas delas.”
O novo single de Violeta, “Bebedouro”, já está disponível em todas as plataformas de música.
Mostrar sua vulnerabilidade foi a peça chave de “Bebedouro” para demonstrar que está tudo bem se tornar vulnerável por aquilo que se acredita. “O meu trabalho é uma extensão da minha luta, da minha luta sobre incluir pessoas, sobre passar para que outras passem através de mim, para mostrar a possibilidade de sim, você pode ser uma pessoa com deficiência mas pode ser artista, pode ser cantora, pode mostrar seu corpo”, completa a artista.
A artista catarinense, que está prestes a lançar seu novo EP, colore sua jornada com uma música que espelha seus melhores dizeres. “Hoje sei que o motivo pelo qual sou lembrada pelas pessoas quando elas me encontram em eventos é pela minha luta. Muitas vezes o que mais escuto é ‘você me ajudou a passar por isso’, ou ‘você me ensinou a me aceitar’“, explica. Sua busca por aceitação é diária, e sendo assim, é essencial que diariamente, a cada trabalho, projeto, lançamento, Violeta precisa lembrar de seu público e ajudá-lo também nesse processo. “Bebedouro” existe hoje com esse objetivo.
Quando questionada sobre como se sente estando imersa em um meio onde o “padrão” é sempre valorizado e o “diferente” sempre esquecido, Violeta diz que reconhece suas características mas que as abraça, assim como deve ser. “Sei do ‘peso’ que carrego por ter um corpo que não se encaixa no padrão em absolutamente nada: cabelo cacheado, nariz largo, baixa estatura, covas grandes, braços compridos, tórax largo, cicatrizes: o meu corpo não é privilegiado por nenhuma camada do padrão”, explicou. “Sempre sou questionada sobre tudo ou sou apagada, ignorada, não vista.”
Conquistar seu espaço tem sido duro, mas aos poucos a artista marca as pessoas com sua arte. “Tenho conquistado meu espaço no mundo artístico as duras pedras, porque quando chego em qualquer espaço, não é a Violeta quem chega, e sim, a minha deficiência. É como se todas as minhas particularidades, características, minha história, tudo fosse negligenciado apenas por isso. Então, a minha luta é sobre isso: conquistar espaço e fazer com que outras pessoas com deficiência conquistem o seu também.”
O desejo de Violeta é que “Bebedouro” abrace todos aqueles que não conseguem se ver, que a arte possa ser força para quem deseja se arriscar mas tem medo. “Que ela [a música] possa emocionar pessoas assim como me emocionei durante a criação, e que assim como foi na minha cabeça, ele possa ser uma revolução para muitos corpos.”
O filme de “Bebedouro” chega na próxima quinta-feira, às 21h, no canal oficial de Violeta, e promete surpreender com um visual incrível! Criado e dirigido por Luis Henrique Crema, produtor executivo e diretor da artista, o projeto do filme foi desenvolvido em 3 meses repletos de momentos incríveis.