Rafael ‘Bola’ Costa (vocal), Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Furtado (bateria) compõem a Zimbra, banda de Santos surgida no início da última década, que faz da turnê “Tudo se Refaz” uma viagem por sua trajetória e uma celebração à vida de seus integrantes.
Com cinco álbuns na bagagem e um EP à caminho, a frase da canção “Medo Bom”, do mais recente disco Pouso (2024), dá nome à turnê, criada em comemoração ao retorno aos palcos do baixista Guilherme, que sofreu um acidente de buggy em 2024 e perdeu quatro dedos da mão direita. Após o afastamento do músico por vários meses, o grupo santista se reapresenta com sua formação original em um ambiente mais acolhedor de teatros.
No Rio de Janeiro, o show da “Tudo se Refaz” acontece no simpático Teatro PRIO, na Lagoa, na última quinta-feira (23). Mesmo em dia de semana, os cariocas ocupam a maior parte dos 352 lugares da casa e participam intensamente do show, magistralmente conduzido por Bola, o vocalista.

Embora o destaque em bandas costume ficar com “o dono da voz”, a atenção, aqui, é muito bem repartida — todos têm seu momento de brilho. Cada um, em sua particularidade e personalidade, assume o microfone, vai até a beira do palco, dá uma palavrinha e introduz a música seguinte. Muito graças ao carisma dos integrantes, o momento se torna cada vez mais aconchegante, até parecer uma roda de conversa entre amigos na qual somos chamados — e muito bem recebidos.
E se engana quem acredita que eles estão “pregando para convertido”: em dado momento, perguntam quem está ali pela primeira vez em uma apresentação da banda, e uma quantidade considerável de mãos se levanta — fosse acompanhando alguém, fosse pela primeira oportunidade mesmo. Independentemente da ocasião, é impossível sair do Teatro PRIO sem ter se tornado ainda mais fã do trabalho dos rapazes.
Os arranjos crescem ao vivo, a interação com o público funciona na dose certa e a troca culmina no passeio de Bola entre as fileiras do teatro na derradeira “Viva” (antes do bis), maior sucesso da Zimbra. Nesse momento, todos são convidados a se levantar e cantar o refrão em direção ao palco — deixando o vocalista como mais um espectador em meio à plateia e destacando, mais uma vez, os demais músicos.
Ao longo de aproximadamente uma hora, a Zimbra tomou conta do palco do teatro — que poderia parecer um pouco intimidador e frio para alguns — e o transforma na sala de sua casa, convidando-nos a sentir aquela sensação de participar de uma reunião de amigos que há muito tempo não se viam (ou que acabavam de se conhecer) e agora podem finalmente celebrar a oportunidade de estarem juntos, com o único objetivo de ter um tempo de qualidade.
E que qualidade!