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Crítica | Uma Noite em Miami é a potência de um encontro entre gigantes

Reunindo grandes nomes da história estadunidense, “Uma Noite em Miami” prova que a união é a melhor forma de se lutar pela igualdade.

Ao apresentar e retratar quatro grandes nomes do movimento afro-americano, a diretora afirma o importante papel de representações bem guiadas e as reinsere num contexto onde as suas presenças e os seus ideais são imprescindíveis para a compreensão de cenários e de enquadramentos ainda em constante disputa.

Ao longo da obra, os espectadores se tornam cúmplices e participam virtualmente da icônica reunião realizada entre alguns dos nomes mais conhecidos de todo o movimento negro norte-americano: Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), Muhammad Ali (Eli Goree), Jim Brown (Aldis Hodge) e Sam Cooke (Leslie Odom Jr.). Os quatro, ao converterem a comemoração da vitória de Cassius Clay (antigo nome de Ali) em uma reunião intimista e política, discutem temáticas ligadas à luta pela igualdade racial e começam a se questionar sobre como potencializar e canalizar suas vozes para a mudança, sempre considerando o contexto em que estavam inseridos.

Em sua estreia como cineasta, Regina King traz um dos filmes mais necessários da temporada, transformando a história da lendária Noite em Miami numa experiência poética e completamente imersiva.

Durante a eventual madrugada, surgem temas relacionados ao colorismo, ao tokenismo, mas que focam em como a presença de nomes tão conhecidos pode ser fundamental para complementar os esforços coletivos de um movimento que luta incansavelmente por seus direitos.

Coroada por suas brilhantes atuações, Regina King, agora como diretora, transporta a simbologia do encontro entre os astros para o momento atual, conciliando os diferentes posicionamentos com a urgente necessidade de mudança.

No longa, que foi condecorado com duas indicações ao Oscar 2021, é possível observar uma marcante dinâmica entre os membros do elenco, onde cada personagem, seja ele cantor ou jogador da NFL, conecta-se ao outro por meio de diálogos muito bem estruturados e que revelam as grandes diferenças entre cada um, mas sempre sem perder de vista a coesão do grupo como um todo.

Apesar da condução impecável, King foi deixada de lado na categoria “Melhor Direção”, assim como “Uma Noite em Miami” não garantiu seu lugar ao lado dos indicados à “Melhor Filme”. Entretanto, Leslie Odom Jr. garantiu duas nomeações na maior premiação do cinema hollywoodiano: a primeira como “Melhor Ator Coadjuvante”, onde deu vida ao cantor Sam Cooke, e a segunda por sua maestria musical , na categoria “Melhor Música Original”, pela canção “Speak Now”.

Assista “Uma Noite em Miami” no Prime Video.

Nota do autor: 85/100

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