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Crítica | Humanidade é a chave para tornar Minari encantador

Indicado a 6 categorias no Oscar, Minari apresenta uma trama familiar que encanta os olhos e cativa o coração com delicadeza e simplicidade.

Antes tarde do que nunca, as produções não caucasianas têm ganhado espaço nas premiações americanas e mostrado o talento artístico gigante de outras etnias mundo a fora. O que teve notoriedade com Parasita (2020), se repete este ano com o sul-coreano Minari, filme indicado a 6 categorias do Oscar – incluindo Melhor Filme , Melhor Direção e Melhor Roteiro Original.

Após viver um tempo na Califórnia, a família de Jacob (Steven Yeun), composta por ele, a esposa Mônica (Han Ye-ri) e os filhos Anne (Noel Cho) e David (Alan S. Kim), se muda para o Arkansas, local em que o patriarca acalenta o desejo de crescer como empreendedor e assim concretizar o sonho americano do sucesso.

No geral, a trama gira em torno dos conflitos familiares, das brigas do casal e da relação entre o filho mais novo com a avó (interpretada brilhantemente pela atriz Youn Yuh-jung) que pouco tempo depois se junta ao grupo, indo morar com eles na fazenda. De forma muito sútil e leve, o diretor Lee Isaac Chung conseguiu contar uma história que nada tem de impressionante, mas que ainda sim cativa e entretém.

Há muita delicadeza na forma de construir as relações entre os personagens e um espaço muito bem delimitado para que cada um brilhe e contribua de forma rica para o filme. É claro que não dá para deixar de sitar a atuação incrível do pequeno Alan S. Kim e de sua dinâmica junto de Youn Yuh-jung. O duo protagoniza cenas extremamente peculiares e cômicas, construindo uma relação de implicância entre neto e avó que, dados os comportamentos, os coloca quase no mesmo patamar de idade. Yuh-jung brilha como uma avó nem um pouco ortodoxa e muito peculiar em suas atitudes, ela age com o pequeno de igual para igual e o irrita constantemente.

O longa se mostrou uma trama delicada, honesta e muito humana que mesmo com uma história simples, cativa nos detalhes. Embora traga uma família não americana como centro de sua história, o objetivo do filme não é falar sobre a xenofobia americana, ponto que fica ainda mais claro com a amizade entre Jacob e o exótico Paul (Will Parton), um estadunidense, ex-veterano da guerra da Coréia, que entre problemas psicológicos e um certo esoterismo/fé, proporciona ótimos momentos de comicidade para a produção.

Minari é um filme que, à primeira vista, pode parecer pouco interessante e simples demais. Contudo, é sobre esta simplicidade que ele constrói formas envolventes e cativantes que prendem a atenção e fazem com que o filme encha os olhos (com temperatura de cores e uma cinematografia linda) e o coração, usando muita humanidade para contar a história da família Yin. Assim como seu nome – homônimo de uma planta medicinal coreana – a produção cria raízes e floresce de forma bela durante as quase 2 horas do longa.

O personagem de Alan S. Kim é fofo e hipnotizante, mesmo calado em cena, o garoto consegue prender a atenção e puxar para si os olhos do espectador. Steven Yeun também faz um trabalho incrível como pai de família em busca do sonho americano, mesmo com inúmeros problemas na vida e constantes discussões com a esposa, – que é muito mais pé no chão que ele – a personagem desperta em que assiste, um sentimento de torcida e desejo de que ele tenha sucesso em sua empreitada.

Nota do autor: 90/100

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