A criatividade brasileira rolou solta em 2021 e essa lista é prova viva disso. Foram tantas produções absurdamente incríveis lançadas que não poderiamos deixar de fora uma lista que enaltecesse os melhores visuais lançados por artistas nacionais.
Entre clipes que bebem da fonte ficcional como aplicações em CGI, chroma key e pós produções enormes, até aos mais simples e igualmente criativos que brincam com cenas e jogam com elementos para criar uma atmosfera única, aqui estão os videoclipes brasileiros que foram destaques desse ano segundo os membros do escutai.
A lista não apresenta uma ordem de melhor ao pior, nem vice versa, e sim uma ordem igulitária entre as posições.
Ouça a playlist
Escolha sua plataforma favorita e ouça as músicas presentes nessa lista especial:
“Nem Um Pouquinho”, Duda Beat e Trevo
Direção: Alaska
Eduardo
Com uma produção estrondosa que bebe de fontes do cyberpunk, “Blade Runner” e até longas clássicos de terror (de novo), Duda Beat junto da equipe do Alaska nos entregaram o vídeo mais impecável da discografia da cantora-compositora. O enredo simples funciona quase que de maneira explosiva devido a soma de resultados espetaculares que a parte técnica da obra esbanja com primor. Como um todo, o vídeo envolve e evoca por todas as suas raízes: poder. Não é só um dos melhores do ano, mas talvez, do ramo nacional em 2021.
“A Queda”, Gloria Groove
Direção: Felipe Sassi
Diego Stedile
Nos 45 do segundo tempo do ano, Gloria Groove entrega um fenômeno sonoro com “A Queda”, música que viralizou por motivos óbvios e qualidade garantida, e também por sua mensagem forte e clipe muito bem produzido. Utilizando da criatividade que tem de sobra, Gloria aplica nos visuais de “A Queda” uma mensagem intuitiva sobre o que a sociedade lida hoje como ‘cancelamento em massa e instanâneo’. Gloria por si só passou por uma onda recente de ódio virtual e aplicou de forma maestral sua resposta ao público.
“Renascente”, MC Tha
Direção: Rodrigo de Carvalho
Diego Stedile
Com Rito de Passá, MC Tha garantiu o título de um dos melhores álbuns do ano passado. Encerrando sua era, Thaís enxergou o visual como forma de apoiar e expandir as músicas de seu disco, o lançamento da trilogia visual intitulada “Renascente“, que inclui as músicas “Onda“, “Oceano” e “Despedida”. A odisseia iniciou-se quando a artista disponibilizou o clipe de “Onda“, parceria com seu amigo de longa data, Jaloo, com o qual já colaborou algumas vezes. Logo depois vieram os registros de “Último Recado“, cantado em forma de poesia por Jaloo (e que no álbum de Tha está como nome ‘Despedida’), e “Onda“, onde a artista canta sobre a solidão e feridas, tendo como plano de fundo um mar imenso e vazio. Finalizando sua narração, temos a canção “Despedida”. O vídeo rico em referências como, por exemplo, obras de Frida Kahlo como, “As Duas Fridas” e “Autorretrato com Cabelo Cortado“, certamente enriqueceu ainda mais todo o contexto do universo apresentado.
“Subida”, Karol Conka e RDD
Direção: Bruno Trindade Ruiz e Karol Conká
Diego Stedile
Karol Conká teve um ano surreal após sua passagem pelo BBB 21. Cancelamentos, ondas de ódio e tudo que permeia isso. Mas, no âmbito artístico a artista não decepcionou e seguiu lançando canções incríveis. Uma delas é a parceria com o RDD, “Subida”, que originalmente seria um pagode mas na construção começou a tomar forma e aos poucos elementos do reggae e dub foram incorporados no beat. O clipe abusa de referências artísticas e visuais, fundos de chroma key e figurinos exuberantes que celebram a cultura rastafari – resultado da assinatura criativa de Gustavo Vieira. Karol ainda mencionou que uma de suas referências é o clipe de “Rude Boy”, da Rihanna. Lembra?
“Gueto”, Iza
Direção: Felipe Sassi
Eduardo
A artista deitada no chão com a bandeira do Brasil sendo pintada é, exclusivamente, um dos melhores frames do ano. E esse momento não se resguarda como o melhor do vídeo, isso porque as coreografias, os vários cenários, as nuances brasileiras, e a direção no ponto de Felipe, centralizam um clipe didático em muitos sentidos e ainda mais, na hora de representar pelas entrelinhas o que a letra da canção expõe.
“Vou Ter Que Me Virar”, Fresno
Direção: Camila Cornelsen
Diego Stedile
Sendo a faixa título do novo álbum da Fresno, “Vou Ter Que Me Virar” apresenta o agora trio dirigindo seu próprio videoclipe. Com movimentos de câmera, efeitos visuais simples e extremamente assertivos, o clipe consegue transmitir a essência do álbum – e também nova fase da banda – com maestria. Se dividindo entre atuação, direção e performance, Lucas Silveira, Vavo e Thiago Guerra sintetizam sua vontade de continuar mesmo depois de 20 anos de estrada. O visual da faixa abrange a emoção geral do disco que também figura nossa lista de melhores álbuns brasileiros de 2021.
“O Corre”, Jup do Bairro
Direção: Rodrigo de Carvalho
Diego Stedile
Lançado no comecinho do ano para promover seu álbum “CORPO SEM JUÍZO” de 2020, o clipe de “O Corre” traz uma mistura excêntrica do melhor que conhecemos de Jup do Bairro. Acompanhado de rimas certeiras e uma direção impecável, “O Corre” apresenta Jup em diversos looks e simula a escalada social que a artista emula para si em trechos desinibidos e extremamente acurados.
“Baby95”, Liniker
Direção: Ce.Ge Camila Tuon e Gabiru
Diego Stedile
Preparando o terreno para o que viria a ser seu novo álbum Indigo Borboleta Anil, Liniker liberou no início do ano o clipe da belíssima faixa “Baby95”. Mergulhado em uma narrativa nostálgica, Liniker brinca entre linguagens figurativas e literais ao cantar sobre uma carta de amor contracenando com David Newton. Comoveríamos posteriormente, “Baby95” traz a malemolência presente no álbum em quase todas as faixas, tornando não só uma das melhores músicas e clipes do ano, como o álbum figurando entre os escolhidos de destaque.
Review de ‘Indigo Borboleta Anil’
“Amor Pra Recordar”, Gaby Amarantos e Liniker
Direção: João Monteiro
Diego Stedile
Um encontro de duas lendas! Gaby Amarantos chamou Liniker para uma faixa poderosa presente em seu novo álbum de estúdio, “PURAKÊ”. Em “Amor Pra Recordar” conhecemos duas personagens fortes e guerreiras em busca de um único objetivo. A narrativa bem construida e totalmente relacionável com a realidade é apenas um dos pontos fortes do visual que figura certamente nessa lista. Gaby, que já trabalhou com João Monteiro em outros projetos da era, trouxe para o clipe um toque original presente em todo o seu trabalho, exposto orgulhosamente como raíz fundamental de sua arte.
“Ritual na Bahia”, Davi
Direção: Alexandre Mortagua e Fernanda Liberti
Diego Stedile
“Ritual na Bahia”, registro visual de Davi Sabbag, inclui as músicas ‘Dois Livros’, ‘Coisas da Bahia’, ‘Maçã’, ‘Saiba’ e ‘Abertura’ presentes em seu último álbum “RITUAL”, de 2020. O clipe/conglomerado apresenta uma viagem deliciosa à Bahia em meio a uma história de amor de verão. Visuais belos e marcantas envolvem a trama que se desenrola a cada música que passa.
“Algum Ritmo”, Gilsons e Jovem Dionísio
Direção: Felipe Fonseca
Diego Stedile
O registro de “Algum Ritmo”, clipe da Gilsons e Jovem Dionísio, reflete diretamente o período pandêmico e a carga emocional de se estar preso em um momento tão emergente de tantas pessoas. O dilema entre mente inquieta e lockdown humano é de qiuebrar a cabeça de muita gente, e é nisso que o clipe foca. O ritmo inquietante de alguém que precisa estar em movimento enquanto o mundo parou. “Algum Ritmo” traduz a milhões de vozes gritando em silêncio do quão duro foi (ou está sendo) continuar parado enquanto o pensamento já está virando a esquina.
“História”, Hiran, Linn da Quebrada, Wendel e Margareth Menezes
Direção: Lucas Bellaguarda, Hiran e Hisan Silva
Diego Stedile
“Voltei Pra Mim”, Marina Sena
Direção: Vito Soares
Diego Stedile
Em um vislumbre do que viria a seguir ser uma das melhores surpresas do ano, Marina Sena lançou o clipe de seu primeiro single solo “Voltei Pra Mim”. O visual de uma das melhores faixas de seu disco, “De Primeira”, mostrou o extenso potencial que a artista explorou no projeto e ainda mostrará no futuro. Com uma direção certeira, elementos tecnicamente simples, jogos de luzes e uma presença ótima de Marina, o clipe se destaca como uma grata supresa entre os lançamentos visuais desse ano.
“Aguei”, Anavitória e Jovem Dionísio
Direção: Felipe Fonseca e Ber Pasquali
Diego Stedile
Da mesma mente criativa de “Algum Ritmo” listado aqui em cima, Felipe (Estúdio172) volta a assinar a colaboração entre Anavitória e Jovem Dionísio, este segundo sempre apostando em visuais gostosos de consumir. “Aguei” apresenta, aparentemente, um jogo simples entre amigos, e que conforme evolui na música, evolui entre as cenas. É um clipe divertido, criativamente bem aplicado e certeiro no que se propôe. Pensar em criatividade nem sempre é ligar a produções exuberantes e caras, mas sim à ideias boas aplicadas de forma que conversem sem precisar explicar demais, coisa que aqui se fez muito bem.
“Portas”, Marisa Monte
Direção: Giovanni Bianco
Diego Stedile
Após mais de 10 anos sem algo inédito, Marisa Monte está de volta com seu novo álbum de estúdio. Seu single de lançamento recebeu a direção criativa do mestre dos visuais, Giovanni Bianco, que com certeza deixou sua assinatura em cada detalhe da produção. Relativamente simples, “Portas” traz uma Marisa Monte interagindo com ambientes sem cor e consigo mesma, emulando sentimentos presentes não só na canção mas em todo o disco de mesmo nome.
“Girl From Rio”, Anitta
Direção: Giovanni Bianco
Diego Stedile
O aguardado retorno brasileiro (ou internacional) de Anitta. “Girl From Rio”, que dá o mesmo nome para seu próximo futuro álbum, marcou definitivamente um dos pontos mais altos de sua carreira solo. Muitos não gostaram, muitos amaram, mas o fato é que, meses após seu lançamento, dificilmente há quem não conheça a música ou o clipe. Giovanni Bianco – que já trabalhou com a artista anteriormente em trabalhos como “Bang” – retorna aqui em uma versão ainda melhor. “Girl From Rio” apresenta a dualidade de Anitta e do próprio Rio de Janeiro de décadas atrás, transformando sua vida pública em um grande acontecimento midiático, assim como é na vida real. A produção excêntrica se sobressai por mostrar uma artista única, por vezes não apreciada em sua própria terra.
“Atenção”, Pedro Sampaio e Luísa Sonza
Direção: Fernando Moraes
Diego Stedile
Bebendo da fonte criativa de um dos filmes mais icônicos da cultura pop, Pedro Sampaio e Luísa Sonza estão dentro da Fantástica Fábrica de Chocolate de Willy Wonka no clipe de “Atenção”, faixa que estará presente em seu primeiro álbum de estúdio “Chama Meu Nome”. A produção gigante é evidente e traz para o ambiente da música diversos cenários do filme, incluindo a presença do Oompa Loompa original protagonizado pelo ator Deep Roy em uma participação incrível.