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Crítica | Anitta, “Versions of Me”

Para ir além do obvio, Versions of Me é um álbum único

Diferente de seus antecessores que sempre seguiram um mesmo estilo sonoro, Versions of Me vem pra quebrar um padrão. O álbum, que trabalha músicas como pop, reggaeton, R&B, rock e o tradicional funk carioca — estilo que a consagrou em um fenômeno há 10 anos quando ainda fazia parte do Furacão 2000 — mostra mais uma vez que Larissa Macedo sabe o que Anitta quer e como ela deve conquistar.

Como a própria Rolling Stone cita em sua matéria, “Anitta está fazendo o mundo se apaixonar por ela, e esse trabalho não é de hoje”. Em 2019 a cantora começou a empreitada de se lançar no mercado internacional, como mostra na série documental “Vai Anitta”. O álbum Kisses, que conta com parcerias de Becky G, Swae Lee, Snoop Dogg, Alesso e outros, mostrou ao seu público brasileiro que ela começaria a investir nessa carreira e, hoje, em 2022, vemos os resultados de todos os seus esforços com o lançamento do seu trabalho mais coeso. E vamos aos fatos: Anitta já é considerada importante para a cultura nacional por aqui, quer você goste disso ou não.

Tchau “Girl From Rio”, hello “Versions of Me”

Pode-se dizer que quem tem acompanhado os passos da cantora carioca na produção desse disco, foi surpreendido com a troca de nome e de seguimento que ele tinha. Ele saiu de um projeto que iria mostrar a brasilidade de Anitta, recentemente apresentada no clipe de “Girl From Rio”, para outro caminho que estava disposto a explorar toda a musicalidade que ela tem a oferecer ao mundo, não só seu lado cariona, mas para além do que acompanhamos diariamente sobre sua vida.

“Venho trabalhando neste disco há mais ou menos 3 anos. O álbum já teve outro nome, outra cara. Mas sempre foi um reflexo de quem eu sou como artista. Fico feliz com o resultado que chegamos hoje e de, finalmente, poder lançá-lo por completo”, comemora Anitta, que trabalha arduamente nesse projeto desde 2019.

Mas o que torna Versions of Me tão especial? Poucos artistas conseguem se vender tão bem como a Anitta. Na verdade, com esse álbum, a carioca consegue provar por A+B que tem todos os itens da checklist que é necessário para estar ao lado de grandes nomes da música no mundo inteiro.

O disco abre com “Envolver”, música que conseguiu unir todos brasileiros para colocar a cantora em seu primeiro Top #1 do Spotify — o esforço foi tão efetivo que fez Anitta aparecer em diversos charts, incluindo o da própria Billboard. Foi a primeira vez que uma cantora brasileira chegou no topo mundial do chart. A música segue um ritmo que já é muito familiar para a cantora. Depois do funk, o reggaeton é uma zona completamente confortável para ela e o single encanta por ser justamente uma amostra contagiante dessa zona de conforto.

A cantora não poupa palavras ao abordar versos explícitos no decorrer do álbum e vemos isso logo na terceira faixa, “I’d Rather Have Sex” (ou “Prefiro transar” em português). A composição que aposta nos sentidos, com sons de cama rangendo compondo a melodia, mostra que sua arma de ataque é com certeza a malemolência no uso de palavras e percepções. A sensualidade não fica apenas nessa faixa. “Que Rabão” — que conta com a participação mais que especial do Mr. Catra junto com o rapper YG — usa e abusa de refêrencias sensuais. Isso não é algo negativo, apesar do que seja sugerido.

Ao todo, Anitta traz quinze canções, entre eles incluindos os hits ja conhecidos como a citada anteriormente “Envolver”, o recente single “Boys Don’t Cry”, a parceria com Saweetie “Faking Love” e abandonada titular “Girl From Rio”. O álbum se desenrola visando claramente 3 públicos muito claros: latinos, norte-americanos e claro, os brasileiros. As músicas mostram uma Anitta mais versátil, desenvolta nos erros e acertos e que quer ousar nas experimentações. Dona de um carisma impressionante, Anitta conquistou grandes colaborações das quais a marcaram ainda mais em solo estrangeiro, como a deliciosa “Me Gusta” com a Cardi B, “Gimme Your Number” com Ty Dollar $ign, “Maria Elegante” com Afro B e a inesperada balada R&B, “Ur Baby”, com Khalid.

Como própria artista falou ao G1, “O ‘Versions of Me’ é álbum trilíngue, de referências multiculturais e diversas. Nesse projeto eu não tento abraçar o mundo, mas abraço todas as minhas facetas”, e é a melhor descrição que o álbum poderia ter.

Anitta certamente aprendeu com os erros do seu antecessor, Kisses, e dessa vez trouxe com sucesso um bom nível de qualidade e versatilidade, em 3 idiomas diferentes no mesmo álbum. Para ir além do obvio, Versions of Me é um projeto único. Anitta entendeu como o consumo da música se tornou diferente em um ritmo assustador e usa isso a favor da construção de sua carreira dentro e fora do Brasil.

Se a proposta era mostrar todas as suas versões, das mais cruas até as mais cítricas e apimentadas, se orgulhando de cada uma de suas fases, ela conseguiu. Apesar de algumas canções parecerem como fillers entre uma faixa ou outra, sua grande maioria se mostra com potencial de darem à garota do Rio ainda mais espaço no mercado, seja qual for.

Nota: 89/100

 

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