Depois de mais ou menos 6 anos após a última vinda de Demi Lovato ao Brasil, ainda mais considerando os percalços na vida da cantora durante esse período, podemos dizer que a animação e ansiedade do brasileiro para a HOLY FVCK TOUR nos palcos nacionais estava altíssima. Prova disso foi a grande demanda para a única data da turnê em São Paulo ter sido tão alta, que foi preciso uma data extra, ambas esgotadas.
Pouco mais de algumas semanas depois do lançamento de HOLY FVCK, seu novo álbum e impulsionador da nova turnê, Demi pisa em solo brasileiro com fãs passando mal — literalmente — para poder vê-la. Com três shows solo no Brasil (dois em São Paulo e um em Belo Horizonte), estivemos em ambas as cidades, e essas foram as nossas principais impressões sobre sua passagem por aqui.
Dia 30 de Agosto, no Espaço Unimed em São Paulo, finalmente chegou o grande momento. Fãs acampados na fila há dias, pessoas se reunindo desde a manhã para encontrar Demi Lovato às 21h30. O clima de euforia estava presente e Demi precisava exorcizar com a sua música. E consegue. Com um álbum recém lançado e muito bem definido, saindo das vertentes do pop em que sua carreira foi feita e indo para o rock, era natural de se esperar que Demi se apropriasse dessa atmosfera em seu show. Sua banda formada apenas por garotas com visuais de rock e sua roupa vermelha de couro com correntes, maquiagem carregada e cabelo desconstruído, entregaram o tom da era ao vivo a cores.
O show começou com um estrondoso som de guitarra da renomada Nita Strauss, ex-guitarrista de Alice Cooper, seguida pelos gritos incessantes dos fãs que, ao mesmo tempo eufóricos e felizes, dificultavam um pouco a visão de quem ficou mais atrás na pista normal com o levantar de celulares. Levantar esse que, mesmo com um espaço fechado e quente, não foram suficientes para impedir Lovato de entregar um show que ao mesmo tempo uniu nostalgia e frescor com uma nova e e igualmente familiar sonoridade.
Embora a voz da artista seja o que deixa tudo mais marcante, volto a falar da falta de visibilidade para quem esteve na pista premium (como é um dos nossos casos) e que pode ter prejudicado a experiência de quem aguardou por tantos anos o retorno da ex-Disney ao Brasil. O palco baixo do Espaço Unimed não ajudou e a grande maioria precisou assistir o show diretamente dos telões mesmo a distância entre a pista premium e normal não sendo tão grandes. Já na pista normal, a sensação foi completamente diferente, tendo em vista a visibilidade e proximidade do público no palco. A energia contagiante dos fãs entoando todas as músicas foi de arreiar até mesmo quem não é familiarizado com a discografia da artista.
Sem dúvidas, um dos grandes pontos positivos na nova turnê (e nos shows em São Paulo) foi a setlist escolhida. Se engana quem acha que esse não seria um show de rock. Até as canções mais pop de seu repértório receberam uma nova roupagem para acompanhar a nova era — como foi o caso dos hits “Heart Attack”, “Cool For The Summer” e “Sorry Not Sorry” —, o que fez alguns fãs mais saudosos entortarem o nariz e reclamarem da adaptação. Ainda sim, das 19 músicas na setlist, 9 compõem o novo disco e as outras 10 se dividem entre os 7 álbuns anteriores. De todo modo, Demi fez jus ao batizar a turnê de “Holy Fvck Tour” entregando em sua maioria músicas de seu mais recente álbum.
Um outro destaque positivo é a inclusão da calma e ao mesmo tempo enérgica “The Art Of Starting Over” onde Demi acaba com rumores de que não estaria satisfeita com seu álbum anterior, já que a mesma ainda fala que está muito orgulhosa do “Dancing With the Devil…”. Além disso, foi uma grande sacada para acalmar o coração após uma grande sessão nostalgia composta por “Remember December”, “La La Land”, “Here We Go Again”. Um dos momentos mais aguardados do show.
Parece ser de comum senso que, aos olhos dos fãs e de quem a acompanha, a sensação que fica é que Demi ainda parece estar se encaixando na nova rotina pública, corrida de shows e início de turnê — o que seria compreensível em vista dos grandes recentes acontecimentos em sua vida pessoal.
Por outro lado, Demi Lovato entregou qualidade vocal e um enorme senso estético para acompanhar a nova fase da carreira, que por sinal, se mostra cada vez mais grandiosa e conectada com suas raízes sonoras.