‘Rock de favela’ é a melhor definição para o som de Mateus Fazeno Rock. O artista cearense ganhou projeção em 2020, com seu aclamado disco de estreia Rolê nas Ruínas, e agora se consolida como um dos mais interessantes e potentes nomes da sua geração.
Em Jesus Ñ Voltará, Mateus discorre sobre sua história e como enfrentou a desigualdade social para fazer música. “O álbum inteiro é interligado em canções sobre os ciclos de começo e de fim da vida. Só que dentro de uma perspectiva da vida na favela e como são os desafios que a gente conta para estar vivo, continuar vivo, querer continuar vivo e gostar de estar vivo“, conta o artista.
Nascido em Sapiranga, bairro na periferia de Fortaleza, Mateus é acima de tudo um agitador cultural. Ator, performer, músico, compositor e letrista, ele é o fundador do Fazeno Rock, uma rede de produção cultural formada por artistas ligados pelo rock de favela que busca contrapor às formas hegemônicas de criar música unindo as influências do grunge, punk, funk brasileiro, rap, reggae, dub e R&B.
O artista teve o primeiro contato com o rock quando criança, por meio de um vizinho fã de Nirvana e Silverchair que organizava festivais de música no quintal de casa. Essa memória de infância motivou sua pesquisa artística quando, através das lan houses, o acesso à internet dominou as periferias do Brasil na metade dos anos 2000.
Ele não se identificava com os garotos loiros que via nos sites de música, mas não nega a influência da banda grunge estadunidense em sua musicalidade. Por isso, buscou fundir Kurt Cobain com Djavan, e abandonou virtuosismos em prol de linguagens do punk, que exigem mais energia e vontade.
Neste novo trabalho, Mateus colabora com talentos das periferias do Ceará, como o hip hop de Big Léo e Má Dam e a teatralidade performática de Mumutante, e também com as vozes potentes de Brisa Flow, atração do último Lollapalooza Brasil, e Jup do Bairro, com quem se apresentou no Popload Festival do ano passado.
Jesus Ñ Volta é um disco construído coletivamente, com produção musical de produção de Agê, Caiô (Outragalera), Glhrmee e do próprio artista. Ouça agora:
