Num futuro em que a terra se torna um lugar inabitável e os seres humanos precisam migrar para outro planeta em busca de um recomeço, uma dúvida é evocada pelo rapper mineiro FBC: “Se no espaço não se propaga o som, como as gerações futuras irão escutar música?”. O artista, então, parte desta reflexão para criar o seu novo disco, intitulado O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta, que estreia hoje (28).
Quinto trabalho de estúdio de FBC, o projeto musical explora diferentes fases da dance music enquanto promove rimas sobre o amor e suas complexidades. Após o lançamento dos singles “Químico Amor” e “Madrugada Maldita”, o disco completo chega com quinze faixas e tem a produção assinada pela dupla Pedro Senna e Ugo Ludovico, além das participações dos rappers Don L, NiLL e Abbot.
“O pontapé inicial para a concepção deste novo disco veio muito antes de BAILE (2021). Esse lance de explorar o Miami Bass e entender como eram feitas as baterias eletrônicas da época foi o que guiou aquele disco e, agora, eu pego este mesmo formato de pesquisa para estudar a Dance Music em O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta”, explica FBC.
O artista já vinha trabalhando no álbum desde 2020, quando fez uma viagem à Europa e, por consequência da geolocalização, gerou uma imersão orgânica nas cenas musicais locais. “Fiquei atento nas playlists de dance music e automaticamente a inspiração veio. Com a ajuda de Pedro Senna e Ugo Ludovico, todos esses elementos que eu tive acesso foram sendo transmitidos para o meu som”, complementa.
A cada uma das quinze faixas temos contato com diferentes universos sonoros. Com o recém-lançado single “Madrugada Maldita”, FBC dá o primeiro passo em direção a era dance music por meio de letras inspiradas pela forma de composição de Jorge Ben Jor. “Estante de Livros”, por sua vez, apresenta a participação de Don L e uma mistura de literatura com rima, com referências a romances literários brasileiros e a modernidade dos relacionamentos dos tempos atuais. Já “Químico Amor” faz uma analogia ao amor e abuso de substâncias.
Já “O que te faz ir pra outro planeta?” induz a um questionamento ao mesmo tempo em que explica o título do álbum (sobre como o amor, o perdão e a tecnologia serão responsáveis por levar a humanidade a outros planetas). Tais possibilidades foram o enredo do filme Ad Astra (2019), dirigido por James Gray, no qual o protagonista se desloca a outros planetas ao passo em que as reflexões sobre as complexidades das relações humanas são evidenciadas. E é a partir deste longa que surgem a quinta e a décima quarta canções do disco – “Limite Comum” e “O nosso grande papel”.
A segunda participação do álbum reúne o rapper jundiaiense NiLL e FBC na faixa “Dilema das redes”, que enfatiza a crítica sobre a influência das redes sociais no dia a dia. “AHAM” e “Qual a chance?” são desdobramentos desta análise e apresentam analogias sobre como a tecnologia mudou os relacionamentos amorosos.
Já as trocas com Abbot resultaram em quatro feats: “Antissocial”, “Não me ligue nunca mais”, “Cherry” e “A Noite no meu quarto”. O encontro entre a dupla de mineiros do bairro Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte, reafirmou ainda a fama de “padrim” de FBC, que aposta em Abbot como uma das revelações da cena local. “Eu acredito que o Abbot vai levar a música brasileira para um outro nível mundial, mas tudo tem que ter um começo, uma oportunidade pra gente aparecer”, pontua FBC.
Por meio da faixa “Atmosfera”, o artista promove a reflexão de como é possível encontrar um novo planeta sem, de fato, se deslocar geograficamente, mas, sim, com a recuperação da humanidade por meio do perdão. O álbum é encerrado com a faixa “DESCULPA”, em que FBC reafirma a importância não só do perdão, mas também do ato de saber perdoar.
Com O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta, o rapper estabelece o contínuo hábito de se observar e ser observado pelas mudanças que atravessam a sociedade. “Estou compartilhando o meu mundo e as minhas visões em busca de encontrar pares para multiplicarmos o bem. Este é o melhor trabalho da minha vida”, finaliza.
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