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Crítica | ‘O Menino e a Garça’ instiga mas não emociona

Mais uma aguardada história do clássico Studio Ghibli, novo longa de Miyazaki chega aos cinemas esta semana no Brasil


Não é surpresa que os filmes sob o selo do Studio Ghibli atraem automaticamente a atenção: a casa que também produziu filmes históricos como “Túmulo dos Vagalumes”, “A Viagem de Chihiro” e “Meu Amigo Totoro” é um dos estúdios mais aclamados dos últimos anos, conhecido por suas animações 2D, personagens carismáticos e tramas emocionantes.

O Menino e a Garça(ou The Boy and the Heron, em inglês) chega agora aos cinemas brasileiros, com indicação ao Oscar na categoria de Melhor Animação e com uma premissa fantasiosa sobre luto, trauma, aceitação e amizade.

Com duas horas de duração e no contexto da segunda guerra, na trama acompanhamos Mahito, um menino que acaba de perder a mãe e vai morar com uma tia de quem ele não gosta muito. Enquanto tenta se adaptar a essa nova realidade, uma garça misteriosa começa a rondar o jovem, aparentando ter poderes mágicos e tentando levá-lo para uma torre — para a qual ele é sempre instruído a não ir.

Instigado pela garça e pelo fantasma da falecida mãe, Mahito decide seguir em uma jornada proibida para um mundo fantástico, onde encontrará perigos, seres inesperados e amizades fiéis — em uma jornada que parece ir e vir no tempo e espaço.

O ritmo gradual e a falta de “explicações” mais palatáveis podem desagradar os espectadores que não estão habituados ao ritmo e estilo de Miyazaki, mas as reflexões sobre relações familiares, amor e recomeço são marcas também presentes do diretor.

O estilo 2D, quase raro no cinema atual é satisfatório, evocando nostalgia e um frescor perante as animações que estamos acostumados. A identidade visual do estúdio está presente, apesar do roteiro parecer entroncado em diversos momentos. Soando como um filme mais intimista ou uma espécie de filme legado do diretor, a trilha sonora também é efetiva e tem personagens que cativam e uma fantasia instigante.

Mesmo assim, o longa pode parecer morno para os fãs mais ávidos de outros filmes consagrados do estúdio, uma vez que é mais lento e menos emocionante do que outros longas que popularizaram o estilo. O simbolismo é pouco explicado e pode deixar muitos espectadores confusos ou “distantes”, e a amarração entre os temas de dor, perda e laços familiares parece frágil perante outras tramas tão eficazes apresentadas outrora.

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