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Crítica | Lady Gaga, “Harlequin”

Inspirada pelo universo cinemático de “Joker – Delírio a Dois”, Lady Gaga reimagina clássicos pela mente de Harleen ‘Lee’ Quinzel

“LG 6.5” foi o nome inicial para o primeiro projeto musical de Lady Gaga desde “Love For Sale”, o segundo álbum de jazz em parceria com Tonny Bennet. Depois de anos de pandemia, “Chromatica”, turnê e gravações do filme, até snippets do “LG7” foram revelados durante as Olimpíadas de Paris, mas nada poderia ter preparado o mundo para um trabalho “no meio do caminho”.

Nesse sentido, “LG 6.5” é uma sacada genial: não é o mesmo disco anterior, mas também ainda não é a nova era. Sendo assim, nasce “Harlequin”: um projeto especial que serve tanto como uma homenagem ao universo cinemático de “Coringa” e os delírios da mente inquieta de Lee Quinzel, sua Arlequina, quanto um presente para seus fãs que retrata seu amor pela música.

Com 13 faixas, sendo 11 covers e 2 canções originais, a sonoridade pode assustar quem espera um som mais grunge ou obscuro como a estética do álbum: em termos musicais, esse disco se assemelha muito mais à “Love For Sale”, de jazz, do que com “Chromatica”, seu último disco pop. Grande parte das canções são clássicos soul, blues e jazz que parecem mover o gosto e alegria da artista nos últimos anos, ao que ela se diz “orgulhosa e feliz” em comandar produções do estilo pela primeira vez sem o parceiro de jazz, Tony.

Se por um lado é interessante e até louvável ter canções tão clássicas como “Get Happy”, de Rith Etting e eternizada por Judy Garland e Barba Streisand, “Smile”, de Charles Chaplin (que já tinha ganho uma versão da cantora em uma live no princípio da pandemia de COVID-19) e até “Close to You”, do icônico duo “The Carpenters” na voz de Gaga, por outro, o projeto soa pouco maluco e inquietante como a proposta do filme.

Talvez as faixas “The Joker” (cover de Sérgio Mendes) e a inédita “Happy Mistake” sejam as que mais nos aproximam do verdadeiro mood do filme: sendo a primeira com sua produção rockeada e com um agito inebriante e a segunda, um retrato melancólico e cru de uma figura quebrada e dividida — enquanto as demais são ora doce, ora jazz clássicas demais, de forma a deixar o projeto até um pouco instável.

De toda forma, “Harlequin” serve para reafirmar a devoção de Lady Gaga à sua arte e seus ofícios, um presente com uma produção arrojada, vocais cristalinos, versões hipnotizantes e duas novas músicas para nos ajudar a lidar com a espera do que pode ser um potente novo membro para uma discografia invejável. Até lá, esperamos que as nuances de “Delírio a Dois” sejam mais ousadas e arriscadas que o jazz que já conhecemos, mas que pouco mergulha na loucura que sabemos que Gaga sabe trabalhar.

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