Após sete anos sem produzir algo novo, o Linkin Park voltou a ser sucesso mundial com o lançamento do novo álbum, From Zero. O trabalho apresenta uma variedade sonora impressionante, que se destaca muito pela versatilidade e talento de Joe Hahn, o DJ da banda e a qualidade de Mike Shinoda, pilares do Linkin Park. Em From Zero temos a volta de versos rápidos e rimas fortes de Mike Shinoda, como costumávamos ver nos primeiros e mais populares discos do Linkin Park, Hybrid Theory e Meteora, lançados em 2000 e 2003, respectivamente.
É impossível falar do retorno do Linkin Park sem citar a nova vocalista, Emily Armstrong. Em teve um papel de muita responsabilidade em honrar o legado de Chester Bennington, que foi, sem dúvidas, uma das maiores vozes da história do rock. E essa responsabilidade é, definitivamente, cumprida com sucesso em From Zero. Indo de gritos guturais insanos à ritmos melódicos ao decorrer das faixas, pode se dizer que Emily é o grande destaque do novo disco. Além de uma nova vocalista, a banda também está com um novo baterista, Colin Brittain. O produtor e compositor realiza um ótimo trabalho no disco.
O álbum apresenta um total de dez faixas que são distribuídas ao longo de 31 minutos. Entre elas, há a presença de sonoridades que remetem aos tempos mais antigos de Linkin Park, mas também temos canções que estampam bem essa nova era da banda.
“From Zero” — Faixa a faixa
Na abertura do disco temos uma introdução, de 22 segundos, em uma conversa entre Emily e Mike conversando sobre o nome do álbum.
Na primeira música do mesmo, temos a grande The Emptiness Machine, primeiro single da nova era do Linkin Park. Essa, por sua vez, é uma das melhores do álbum: Mike abre muito bem, introduzindo um gancho para que Emily mostre o porquê foi escolhida como a nova vocalista da banda. O single foi um sucesso e uma das preferidas dos fãs: ao vivo, quase não dava para ouvir a voz de Emily, de tanta empolgação da platéia. Escolher essa para abrir o álbum foi uma ótima sacada de Mike e companhia. A letra fala sobre uma reflexão poderosa, a luta pela identidade, a desilusão com promessas vazias e uma sociedade global onde as pessoas deixam de ser elas mesmas para agradar os outros: “Gave up who i am, for who you wanted me to be.”
Em seguida temos Cut the Bridge, uma música mais voltada para o pop, com o protagonismo de Mike aparecendo com versos rápidos. É uma ótima faixa, muito agradável de se ouvir, Collin realiza um trabalho ótimo com o tempo da bateria aqui. O refrão gruda na cabeça: “Cut it down, cut it down, down, cut it, cut it down”. Depois temos o segundo single da nova era do Linkin: Heavy is the Crown. A música, que inclusive foi tema da final do campeonato mundial de League Of Legends, aborda um tema sobre pressão social e consequências de escolhas. Mike Shinoda faz versos rápidos aqui, mas o grande destaque da faixa vai para o grito de 15 segundos sem parar, o que remete ao que o Chester fazia em “Given Up”.
Continuando, temos mais um single, Over Each Other, faixa que contém vocais exclusivos de Armstrong, essa faixa vai mais para o pop, o que só reforça que o From Zero apresenta uma diversidade sonora fantástica. Ao vivo, Emily performa com uma guitarra, mostrando que além de uma voz ótima, ela também tem habilidades com instrumentos. A faixa se encerra com uma conversa entre Mike e Emily, no qual o frontman do grupo pede para Em colocar suas “calças de grito”. O que tem haver com a faixa seguinte, Casualty, na qual Armstrong já começa com um grito incrível! Essa é, de longe, a faixa mais pesada do disco e uma das mais pesadas de toda a carreira do Linkin Park. É perceptível que Mike e Emily cantam com raiva aqui. Esta é a faixa mais nu-metal dos últimos anos, parece que saiu direto dos anos 2000. A bateria de Collin aqui é fantástica, acompanha perfeitamente os gritos de Emily. Facilmente uma das melhores de todo o álbum.
Em uma quebra de ritmo, saímos de um som muito pesado para um pop mais leve, presente em Overflow, talvez a faixa que mais se destoa das demais do disco. Não que seja ruim, apenas não combina com o que ouvimos desde o começo. Em seguida, temos Two Faced, a melhor faixa do disco. Esta também fora lançada como single e é a música que mais remete aos tempos de Hybrid Theory, ela inclusive lembra muito a canção One Step Closer. O trabalho de Mr Hahn, um dos pilares do Linkin Park, é fantástico. Também é interessante citar que foi ele quem produziu o videoclipe da faixa. A banda tocou ela pela primeira vez ao vivo durante o show em São Paulo, no dia 15 de novembro e a reação do público foi fantástica. Não é loucura dizer que Two Faced é uma das melhores canções do Linkin Park.
Em Stained, temos um som mais leve e é interessante notar que após uma música mais pesada, temos uma mais leve. Essa transição sonora faz com que o álbum seja mais agradável de se ouvir. Stained antecede IGYEIH, que é a sigla de “I Give You Everything I Have” uma das melhores faixas do álbum. O vocal de Emily aqui é impressionante, flui muito bem ao longo da faixa. Encerrando o álbum Good Things Go é a faixa mais triste do disco. Com uma letra que conta sobre crise de identidade e mensagem sobre a mente humana, esta também é uma faixa excelente: “Feels like it’s rained in my head for a hundred days’’/ “Only you can save me from my lack of self control, sometimes bad things take the place when good things go”. A forma com que a bateria de Collin se conecta com o rap de Mike nesta faixa é fantástico. Ótima faixa para encerrar um ótimo álbum.
***
A forma com que Linkin Park voltou aos holofotes com este novo disco é incrível. Um disco com a qualidade de “From Zero” é um presente não só para os fãs da banda, mas para o rock de forma geral. Emily Armstrong é uma vocalista fantástica e honra o legado de Chester Bennington. É válido lembrar que a banda se apresentou em São Paulo nos dias 15 e 16 de novembro, as duas datas com soldout. O Linkin Park voltou com tudo e o From Zero sem dúvidas já pode ser considerado um marco na história de uma das maiores bandas do Nu Metal.