5 Seconds of Summer focou no amadurecimento sonoro em “Calm”

Há 5 anos, “Calm” do 5 Seconds of Summer mostrava que o pop/rock da banda estava em um caminho mais pessoal, certeiro e energético
mage 19M

5 Seconds of Summer é uma banda que não causa problemas, e, por mais que isso pareça uma definição simplista, para quem vive no mundo da música, pode significar muito. A carreira sólida que o quarteto australiano construiu desde o primeiro grande sucesso com She Looks So Perfect é invejável. Mesmo após mais de dez anos desde que essa música colocou o nome do grupo nos holofotes, eles continuam trabalhando como se não tivessem se assustado com o sucesso repentino de 2014.

Hoje, cinco discos após sua introdução ao público geral, a banda se arrisca a se reinventar em determinados momentos. Porém, para quem se interessou pelo que eles faziam no passado, é comum seguir acompanhando o pop-rock que, embora não seja desafiador, mantém-se determinado em fazer do gênero algo consistente na discografia da banda. Há cinco anos, logo após o sucesso de “Youngblood”, surgiu o momento de criar algo mais pessoal e energético, e essa decisão resultou naquele que é o projeto mais certeiro da carreira: Calm.

Embora Calm talvez não seja a primeira escolha como o melhor álbum da banda, é inegável perceber como esse disco permitiu que os membros adicionassem elementos de outros gêneros ao que já estavam acostumados a fazer, mesmo dentro de certos limites. 5 Seconds of Summer utilizou o pop-rock como um quebra-cabeça, onde algumas peças fundamentais não estavam necessariamente próximas desse estilo. Há adições de uma vibe mais suja e industrial, mesmo que bastante polidas ou, talvez, discretas demais para o gosto de alguns.

Ainda assim, a intenção é clara, e isso prova que, mesmo com anos de carreira consolidada, os quatro integrantes continuam imaginando como sua música poderia soar ao se arriscar um pouco mais aqui e ali. “Teeth” é um bom exemplo disso: o que acontece durante o refrão, mesmo remetendo a outras músicas da banda, ainda consegue transmitir a ideia de que apenas um estilo genérico e cru não seria suficiente nessa produção.

O equilíbrio entre os elementos utilizados pela banda em cada música é bem definido, e justamente as melhores faixas seguem direções distintas, mas complementares entre si. A excelente introdução “Red Desert” e “Wildflower” aproveitam as harmonias da melhor forma possível, enquanto “Old Me” e “Not In The Same Way” remetem a algo que já era muito ouvido na época. Ainda assim, se há algo que a banda soube fazer bem nesse disco foi criar versos viciantes, e essas duas faixas grudam na cabeça com tanta força quanto os singles escolhidos.

O caminho definido pelos integrantes neste trabalho é marcado pela honestidade. Em nenhum momento a banda tenta se reinventar completamente; o objetivo era fortalecer o que já havia conquistado os ouvintes ao longo dos anos. A escolha por uma introdução gradual de novos elementos a cada álbum, sem dar passos maiores que as pernas, fez com que Calm se tornasse uma adição importante à discografia.

5 Seconds of Summer havia chegado a um fase em que sabiam exatamente como explorar sua música sem perder a essência, o momento era propício para o amadurecimento profissional, focando naquilo que poderia revolucionar seu trabalho sem que isso dependesse de uma evolução radical.

70/100

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