A Queda | Longa de Scott Mann oferece vários artíficios de uma obra agoniante

O quão desesperador seria ficar preso no topo de uma torre de mais de 600 metros? Essa é a trama do angustiante A Queda

Talvez a categoria de filmes que mais nos deixem tensos a ponto de nos encolhermos no sofá sejam os de terror. As vezes torna-se até divertido assistir essas obras, em outros momentos, a gente só quer que acabe para o pânico ir embora.

Desencadear essas sensações com espíritos, sangue pra todo lado, maldições e monstros é até tarefa fácil (olhe lá, há vezes que os diretores não exercem muito bem mínimo). Agora, quando o assunto é nos despontar usando de “assombrações” mais usuais, é preciso ter uma certa destreza.

Em A Queda (Fall, no título original), por exemplo, longa com direção de Scott Mann, o mais assustador é pensar em como as protagonistas vão descer de uma torre de mais de 600 metros após as escadas quebrarem. É simplesmente aterrorizador pensar que logo que Becky (Grace Caroline) e Hunter (Virginia Gardner) colocam o pé no primeiro degrau, elas podem nunca mais estar em terra.

Crédito: Lionsgate

A torre de TV isolada do mundo que vira desafio para as duas é mostrada em seu primeiro vislumbre como um monstro pronto para receber um desafio, com a luz vermelha acesa e visível da janela do restaurante. A sensação de desespero toma conta de nós e também de uma delas.

É muito do porte desse tipo de narrativa fazer com que o espectador espere ansiosamente pelo desastre final, mas a construção de planos aqui é tão bruta e boa que você espera que o pior aconteça no mesmo instante que o filme começa. Tudo se torna o ápice desde o momento zero diante do fato que sabemos que vai se expandir.

Felizmente, o tom de desastre e agonia percorre por todos os momentos do filme. As ideias, os segredos, as desventuras (se é que alguma poderia aparecer ainda maior) e todas as circunstâncias que aparecem a partir dali são interessantes o suficiente para nos manter fisgados até o fim.

Quem precisaria colocar muito isso em prática, o ato de nos fazer ficar ligado como a pequena luz vermelha da torre, seria a mão do diretor. No fim, quem liga esses pontos de imersão não é somente a direção, mas também a dupla de personagens. Caroline e Gardner conseguem mostrar perfomances a altura e ao nível do roteiro do trillher.

Considerando o quanto A Queda é uma obra óbvia e que não subverte toda a questão de sobrevivência, o resultado final é um filme antenado em escolhas boas o suficiente para nos fazer questionar o quanto é preciso para montar um longa agoniante e desesperador, do tipo que mexe com os nervos — no bom sentido.

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