O Rock In Rio, em sua edição especial de celebração dos 40 anos de festival, comprometeu-se em proporcionar experiências de acessibilidade e inclusão ao implementar diversas estratégias voltadas ao público PCD (Pessoas com Deficiência). Em parceria com a Doritos, uma das empresas patrocinadoras do evento, o festival ofereceu uma série de serviços e adaptações que garantiram conforto, mobilidade e segurança a esses visitantes e seus acompanhantes. Tais implementações corroboram com a Constituição Federal, que indica que o direito à cultura é garantido a todos os indivíduos, de modo a apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Acessibilidade antecipada
O público PCD pagou meia entrada na hora da compra dos ingressos do Rock In Rio, e essa possibilidade foi estendida a um acompanhante por pessoa com deficiência. Após a compra, o público PCD realizou o pré-cadastro online para que fossem reconhecidos como grupo prioritário e, assim, pudesse ter acesso aos serviços de acessibilidade da Cidade do Rock. Dois canais de acessibilidade foram colocados a disposição dos visitantes: um por e-mail e um chatbot pelo WhatsApp. Indo além, um guia de acessibilidade foi inserido no site do Festival. Sendo assim, qualquer visitante pôde conferir mais informações sobre os serviços ofertados às pessoas com deficiência.
A pré-produção do Rock In Rio contou com uma estrutura pensada para proporcionar acessibilidade e conforto, como por exemplo garantir a acessibilidade do terreno, que foi projetado sem relevos significativos. Ou seja: a maior parte do terreno do festival foi montado em um solo plano, de modo a facilitar a locomoção. Também foram espalhadas sinalizações, mapas e pisos táteis para, em caso de alerta, orientar o público dentro da Cidade do Rock.
Antes mesmo de passar pelos portões da Cidade do Rock, a organização disponibilizou, gratuitamente, transporte com vans adaptadas e exclusivas para PCDs, saindo de pontos estratégicos, fazendo a ligação de todo o entorno da Cidade do Rock. Foram realizados translados saindo do Terminal de BRT Centro Olímpico — que teve ligação com a estação de metrô Jardim Oceânico — e do Shopping Metropolitano Barra. O transporte foi feito por demanda, sem horário pré-estabelecido. O público PCD também teve acesso a um espaço de estacionamento exclusivo e gratuito, porém limitado. Para utilizar o serviço, foi necessário comunicar o evento por e-mail, informando nome, justificativa, dia desejado, CID e o documento oficial de estacionamento com vaga especial do governo federal.
Ponto de apoio
Logo na entrada, a Central de Acessibilidade esperava pelo público PCD para que fosse realizado o empulseiramento de cada pessoa, bem como de seus acompanhantes. O espaço, considerado o “cérebro da operação de acessibilidade” do festival, funcionou como um espaço de atendimento e suporte para pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual, síndromes variadas, mobilidade reduzida, comorbidades, gestantes, lactantes, idosos e pessoas com obesidade. Para ser identificado com a pulseira, os visitantes, além de realizar o pré-cadastro na hora da compra do ingresso, precisavam apresentar laudo médico, CID ou comprovante de deficiência, juntamente a um documento oficial com foto.
Por lá, também foi realizado o empréstimo de cadeiras de roda manuais ou motorizadas — contudo, sujeito a disponibilidade. Indo além, o “Lounge PNE” disponibilizou uma oficina de suporte e reparos para possíveis danos em cadeiras de roda, mapa e pisos táteis de alerta para orientação e maior segurança de pessoas cegas ou com baixa visão e suporte para cão guia, oferecendo um ponto de hidratação, alimentação e área para que os cães pudessem realizar suas necessidades fisiológicas. O espaço sensorial localizado nesse ponto contou com a presença de Terapeutas Ocupacionais, disponíveis para atender pessoas com as mais diferentes deficiências.
Pela Cidade do Rock
No geral, para tornar a experiência mais confortável, o Rock In Rio disponibilizou banheiros e balcões acessíveis, filas preferenciais e empréstimos de kits sensoriais. Tais kits contemplavam mochilas vibratórias, disponibilizadas para quem conferiu o espaço “Sinta o Som”). Já na hora de conferir as apresentações, os momentos mais esperados do Rock In Rio, o público se deparou com intérprete de libras para atendimento geral do público com deficiência auditiva, realizando a tradução das músicas. Similarmente, para garantir uma melhor experiência para pessoas cegas ou com baixa visão, profissionais especializados em audiodescrição fizeram, a partir de radiotransmissores, a narração do que se passava nos palcos. Foram colocadas plataformas elevadas em frente aos palcos Sunset e Mundo para que as pessoas com deficiência que passaram pela Cidade do Rock pudessem ter uma melhor visão.
Quanto aos brinquedos, atrações com grande procura, o público PCD pôde desfrutar da tirolesa, que dispões de cadeira escaladora automática. Já a roda gigante contou com cabine acessível para cadeira de rodas. Assim como para desfrutar de todos os brinquedos do Rock In Rio, essa parcela dos visitantes também necessitou fazer agendamento para descer na tirolesa ou circular pela roda gigante. As participações estiveram sujeitas às disponibilidades de cada dia.
Planos para 2026
Beneficiando quem precisa, todo um conjunto maior é beneficiado. A interação entre os público e os artistas é incrementada e a promoção cultural permite que a sociedade evolua. Com o convencimento de que a edição especial de 40 anos do Rock In Rio foi um sucesso quanto a questões de acessibilidade e inclusão, é imperativo que o festival — o maior do mundo — leve esses pontos como norteadores para os diferentes públicos que o frequenta. A finalidade? Desfrutar uma das maiores pulsões humanas: a música, em coexistência com o convívio social.