Bikini Kill mostra como o rock feminino continua a ser autêntico

Celebrando mais 30 anos de carreira, Bikini Kill traz a veia do riot grrrrl para a atualidade

O Riot Grrrl foi um dos marcos da música punk nos anos 1990. A ideia do movimento era de dar destaque às mulheres, LGBTQIAPN+ e negros na música, com composições que relatam e denunciam as experiências que essas comunidades vivem em sua trajetória. Por isso, não foi surpreendente quando a banda Bikini Kill deixou um informe destacando o quanto desejava que mulheres e queers estivessem o mais próximo do palco na casa de shows Audio, em sua segunda apresentação em São Paulo, no dia 14 de março, promovido pela Associação Social Cecília.

Formada em Olympia, Washington em 1990, Bikini Kill ganhou notoriedade na cena punk por suas letras de protesto, contestando a visão misógina nas relações sociais, românticas e dando destaque ao empoderamento feminino com o lema “Garotas no Front”. A banda esteve em atividade até 1997 e, após mais 20 anos fora dos palcos, voltou com sua formação com Katleen Hanna, Tobi VeilKathi Wilcox e Billy Karren.

Crédito: Mila Maluhy

Show preencheu o espaço da Audio

Por volta das 22h, o grupo chegou para a sua segunda apresentação em sua primeira visita ao Brasil. Com o jeito espontâneo de Katleen Hanna que afirmou ter se divertido tanto na primeira apresentação, que voltou para mais, o grupo iniciou sua apresentação com Double Dare Ya”.

Em seguida a  Double Dare Ya” e “Carnival, novamente o jeito divertido de Hanna ficou evidente quando ela pediu uma máquina do tempo após ela e a plateia errarem um trecho da canção “New Radio”, sua favorita.

Outros grandes sucessos como Demirep”, “Lil’ Red” e “Alien She” foram parte do setlist. O Bikini Kill ainda trouxe a balada For Tammy Rae”, uma canção doce, melancólica sobre uma juventude que anseia por uma vida melhor e mais feliz. Uma música ótima para se ouvir ao vivo.

Para além da música, o Bikini Kill consegue se mostrar atual, pois mesmo em 30 anos de carreira, as integrantes são muito autênticas – não buscam se retratar como girlboss ou uma persona no palco, é evidente o quanto elas são orgânicas, repleta de individualidades, o que torna toda a apresentação melhor.

Além disso, a banda se mostrou contrária às guerras e declarou apoio à Palestina, após agradecer um fã por entregar uma bandeira do Estado, que ficou à frente do palco até o fim da apresentação.

Crédito: Mila Maluhy

Finalizando a apresentação, a banda tocou sua música mais famosa, “Rebel Girl”, algo que a banda nunca deixou de ser: rebelde. A banda se permite a continuar atual, divertida, alternativa e original, algo essencial para o cenário da música atual.

Punho de Mahin e As Mercenárias mostram que a cena punk brasileira permanece ativa em abertura

Antes da apresentação principal, o público pode assistir ao show da banda Punho de Mahin, um coletivo que reafirma a influência da cultura negra no rock e punk, além de trazer canções sobre racismo, violência urbana, defesa do meio ambiente e dos direitos indígenas, além de exaltar a população preta do país. As canções, que se misturam com os ritmos brasileiros traz um frescor na cena punk, misturado com a tradição do país no gênero.

Crédito: Mila Maluhy

Após Punho de Mahin, foi a vez d’As Mercenárias assumirem os palcos, junto com a artista Paula Rebellato. A banda nasceu no auge do punk brasileiro e com um discurso polêmico e contestador, fez um grande sucesso com a música “Santa Igreja”. Unindo a energia de Paula Rebellato e do público, As Mercenárias trouxe para o setlist músicas como “Meus Pais”, “Danação” e “Me Perco”.

Os shows foram um excelente exemplo de como, mesmo não tendo destaque midiático, a cena punk segue viva e sem previsões para parar de crescer.

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