Um dos maiores desafios de sequências de filmes nostálgicos é conseguir ser tão marcante quanto o original. Ser capaz de manter a qualidade é uma provação tanto para a produção, quanto para os atores. Em 2003, Sexta-feira Muito Louca (ou Freakier Friday, no título original) foi o grande sucesso estrelado por Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis e agora em 2025, no dia 7 de agosto, Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda, trouxe um excelente exemplo de continuação que não perdeu a qualidade e cresceu com seu público.
Anos após os eventos do primeiro filme, Anna (Lindsay Lohan) tornou-se uma mulher preocupada, mas que nunca perdeu sua paixão pela música e agora tem uma filha que ama tanto quanto. Já Tess (Jamie Lee Curtis) é muito mais livre e antenada, e está para lançar seu mais novo livro, além de ser uma avó presente na criação de Harper (Julia Butters), uma adolescente rebelde e espírito livre.
A vida delas muda completamente quando, após uma briga de escola da filha, Anna conhece e se apaixona por Eric (Manny Jacinto), pai de Lily (Sophia Hammons), arqui-inimiga de Harper. Agora, todos precisam lidar com uma grande mudança e um conflito que só pode ser resolvido com empatia, mesmo que para isso seja necessário uma medida drástica como transformar-se na outra pessoa.
Diferente do primeiro filme, em que a transformação aconteceu entre as duas protagonistas, em Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda, Anna transforma-se em sua filha e Tess em Lily, e vice-versa, um grande acerto do roteiro, pois segue a ideia de um conflito geracional muito latente e divertido, criando momentos como mãe e filha curtindo reviver e aproveitar a vida adolescente, ou então Lily e Harper ajudando a cantora Ella (Maitreyi Ramakrishnan) a superar um término, além da tentativa falha de reconquistar Jake (Chad Michael-Murray).Todos estes momentos só tornaram-se marcantes por causa do quarteto que domina a história de forma magistral!
Com atuações equilibradas e boas, filme flui sem destoar o ritmo
Que Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis possuem uma química extraordinária em cena, isso o público já sabia, mas aqui isso potencializa com a participação de Julia Butters e Sophia Hammons, que são excelentes apoios para a dupla principal.
Vale destacar que Lohan está especialmente estonteante nesta sequência — engraçada e espontânea, ela transita bem entre os extremos de Anna e Harper, trazendo comédia na medida certa e também muita emoção.
Certamente, Lindsay Lohan não teria tanto êxito se não fosse por sua parceria com Jamie Lee Curtis, que está ainda mais notável que no primeiro filme. Seu talento para interpretar uma adolescente em um corpo mais maduro foi novamente testado e aprovado.
Já Manny Jacinto se encaixou perfeitamente na posição de “príncipe-encantado” moderno: com sua primeira aparição que satiriza os galãs adolescentes, seu jeito compreensivo, suas habilidades pra dança e, obviamente, seu amor por Anna e Lily, Eric é um personagem apaixonante.
Uma ode à Lindsay Lohan
Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda não é somente um filme, mas também uma celebração a carreira de Lindsay Lohan. A atriz que desde os anos 1990 teve sua vida cercada de holofotes, entregou em 30 anos de carreira diversos personagens marcantes da cultura pop como a própria Anna Coleman, mas também as gêmeas Annie e Hallie de Operação Cupido (1998) e Cady Haron de Meninas Malvadas (2005), longas que ganham homenagem nesta continuação.
Com a participação especial de Elaine Hendrix, o público pode ver o reencontro de Lohan com a madrasta fútil e jovem das gêmeas de Operação Cupido. Já a data de casamento de Anna e Eric é um pequeno easter-egg de Meninas Malvadas, 3 de outubro, uma data especial para a história do filme.
Mas para além de um continuação e uma homenagem, Uma Sexta-feira Mais Louca Ainda é um filme que mesmo com a roupagem de uma história adolescente, consegue crescer com o público de 2003. Acima das preocupações da vida de um jovem, ele relembra que a nostalgia trará pessoas que tinham a idade de Lohan quando o primeiro surgiu e que agora vivem as responsabilidades de um adulto, por isso, traz um tom mais maduro e isso, unido a um bom elenco, a química das protagonistas, looks marcantes e uma edição excelente e uma música chiclete com “Baby”, criam um filme tão bom quanto o primeiro.